Sangue sobre Patópolis - Parte II

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O SENSACIONAL ROUBO DA CAIXA-FORTE

QUEM SERIA ESSA TAL DE ESTHER?  Sabia tanto na época quanto vocês hoje. 
As instruções da missão eram esparsas e obscuras.  O vice-presidente da
Organização me deu um walkman e uma fita de cinco minutos com uma voz
distorcida eletronicamente com a orientação básica, o que pouco
representava.

Quando deixei a sede, um sujeito que eu nunca tinha visto me entregou
"tudo que eu precisava".  Um alquebrado Buick preto, que troquei pelo
carro "made in Duckburg" na Alfândega.  Três valises no bagageiro: uma
fortuna em dinheiro patopolense; o tal gás venenoso que matou o guarda;
e um tal "material de sobrevivência" que incluía contratos patopolenses
e vários disfarces.  E a Esther amarrada e adormecida, acomodada no
banco traseiro. Uma última ordem:

- Entregue-a com vida ao Patacôncio.

Bem, eu não escolhi aquela situação.  Entrei na Organização sem saber no
que realmente estava me metendo; bem que disseram que aquele anúncio de
oferta de emprego para "jovens ambiciosos" era uma furada... Quando
acharam que eu sabia demais, arranjaram esta missão maluca - eu nem
acreditava que Patópolis existia.  Tudo fazia crer que Esther conhecia
muita coisa de Patópolis e não estava nem um pouco a fim de encontrar
certos "amigos" emplumados.

O que de certa forma me consolou no desastre da Caixa-forte foi ver o
povo tão perplexo quanto eu.  Foi algo como uma implosão do Monte
Patinhas: o sopé da colina se desmoronou e a Caixa, inteira como um
cofrinho, cedeu uns dez metros para dentro do solo.  Poucos prédios nos
arredores foram atingidos, mas as ondas de choque estilhaçaram todas as
vidraças num raio de 200 metros.

E do sinistro prédio em frente ao qual meu carro estava amassado e o
hidrante esguichava, de cada uma das 50 janelas quebradas saltou a
cabeça de um Metralha curioso.  Estava tudo armado.

Enquanto a cidade mergulhava no caos, o helicóptero gigantesco pairava
sobre a Caixa-forte.  Quatro Metralhas-ninjas desceram por cabos ao
telhado da Caixa, abrindo fogo contra os seguranças de Patinhas.  Numa
operação rápida, engancharam as janelinhas dos escritórios ao
helicóptero.  A um sinal de um dos ninjas, o impossível aconteceu: o
helicóptero desligou as hélices e continuou flutuando no ar, vencendo a
gravidade, cada vez mais alto e mais alto.

Os quatro ninjas subiram de volta ao helicóptero pelos cabos, já
esticados ao máximo.  Quando a Caixa-forte começou a se erguer do solo,
surgiu pela clarabóia o último recurso para a defesa dos bens
quaquilionários: o próprio Patinhas e sua velha espingarda.

- Voltem aqui!  Soltem já minha Caixa-forte!  Soltem meu rico
dinheirinho! - grasnava o pão-duro aos ouvidos moucos dos Metralhas.

Os tiros não tiveram o menor efeito contra o helicóptero blindado, que
continuava subindo cada vez mais rapidamente, e levando a Caixa-forte
junto.

De repente, quando a Caixa-forte já estava içada a dez metros acima do
solo, o helicóptero religou os motores e tomou rumo ao norte. Suspensa
com relativa facilidade, a incomensurável carga abalrova os edifícios do
centro financeiro enquanto era conduzida a local incerto. Uma rachadura
lateral espalhava um rastro de dinheiro, o que ajudava a distrair a
população.

Patinhas, desesperado, via sua munição chegar ao fim junto com suas
esperanças.  Mas continuou na luta.  Determinado a escalar um dos cabos
e alcançar os ladrões no helicóptero, o velho pato correu a um dos
vértices do telhado - sem contar com um vento lateral que lhe tirou o
equilíbrio.

Os Metralhas comemoravam o desespero de Patinhas.  O quaquilionário foi
derrubado pelo vento e deslizou para a beira do telhado de sua querida
Caixa-forte.  Pendurado por uma só mão, Patinhas gritava por socorro. 
Mas erguer-se de volta ao telhado numa posição daquelas era demais para
um nonagenário.  Bastou que a Caixa colidisse com um edifício mais alto
para que Patinhas se soltasse e despencasse num grito lancinante que
durou os duzentos metros da queda.

(continua...)

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