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Celso

07/03/2006 - 19:07
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Ser humano
A adaptação

Linux, o software gratuito, ganha mais fãs e passa a ser acessado por usuários não-especializados

Pedro Fernandes


Você compra um computador novo e começa a se preocupar em procurar algum amigo que tenha os programas que você quer instalar. Principalmente o sistema operacional. Palavras como Windows e Office surgem quase espontaneamente em sua cabeça. A surpresa vem quando finalmente liga o computador e percebe que já existe um sistema operacional instalado. Você provavelmente já ouviu falar nesse tal de Linux, viu aquele pingüim engraçadinho em algum lugar, mas nunca pensou em usá-lo.

O que você sabe e que ele é gratuito, que seu código fonte é aberto e, por isso mesmo, o próprio usuário pode acessá-lo para corrigir falhas. A parte da gratuidade é bastante clara, mas você não entende nada de programação e não tem a menor idéia do que seja um código fonte. Logo as vantagens do novo sobre o antigo não se mostram suficientes e você, como a grande maioria dos usuários comuns, opta pelo software de sempre.

Quem opta por alguma das inúmeras versões do Linux, geralmente, entende de programação e pode corrigir as falhas que aparecerem no sistema. Mas é um erro achar que seu uso está restrito aos gênios dos computadores.

No início, poderia até ser. Lucas Rocha, 25, é formado em ciência da computação e explica que, nos primórdios [ver box], os programas eram limitados ao uso de pessoas especializadas. Com o tempo, essas pessoas passaram a desenvolver sistemas que dessem acesso aos usuários não iniciados nos mistérios do código fonte.

"Se há resistência aos softwares livres é porque as pessoas ainda não conhecem e não estão dispostas a passar por um processo de adaptação. Usuários que nunca tiveram contato com o Windows e começaram a usar o Linux não tiveram dificuldade alguma", diz Lucas que, além de contribuir para o desenvolvimento do desktop do Gnome [umas das versões do Linux], participa do Projeto Software Livre Bahia, que busca divulgar o assunto e promover eventos. "Hoje o desktop Linux está mais simples. Dá para usar na boa."

Carla Freitas, 23, é formada em ciência da computação e pode atestar. "Hoje os sistemas estão bem mais acessíveis ao usuário comum e o dinamismo que há em seu desenvolvimento permite a solução dos problemas de uma maneira bastante rápida."

Vantagens – O grande lance dos softwares livres ou abertos [a rigor a diferença é apenas ideológica] é que há pelo mundo inteiro voluntários que contribuem para aperfeiçoá-los. Assim um defeito pode ser corrigido em pouco mais de uma semana. Ao contrário dos softwares proprietários [como o Windows], que lançam uma nova versão a cada dois anos.

Fica fácil para o usuário que resolveu se aventurar no mundo do software livre, mas tem o Windows instalado na cabeça e sabe que a solução para grande parte dos seus problemas está no Ctrl + Alt + Del. Basta procurar na internet por uma nova versão do programa e provavelmente aquele problema não vai mais existir.

É possível também entrar em listas de discussão que tratem desse tema e chorar suas pitangas tecnológicas. Provavelmente algum voluntário na árdua tarefa do desenvolvimento de softwares vai se interessar em achar o bug e dar cabo dele.

Na tentativa de resolver o seu problema, você também contribui para o aperfeiçoamento do sistema. E, mesmo sem entender nada de programação, dá para abraçar a idéia e contribuir de outras maneiras para o desenvolvimento de softwares livres. Carla não tem muita paciência para programar; então, prefere traduzir os manuais de segurança do sistema Debian. "Existem formas alternativas de participar e qualquer pessoa pode", encoraja.

Como os grupos de desenvolvimento são bem organizados, cada participante ou grupo de participantes fica encarregado da tarefa que mais lhe interessar ou tiver a ver com suas habilidades. Dessa maneira, não é preciso conhecimentos de informática para traduzir um manual de usuário. Muitos deles ainda estão em inglês e para torná-los mais acessíveis várias pessoas se dedicam à tarefa de traduzi-los para a língua do seu país ou região de origem. Coisa que o Windows não faz, pois só há tradução para as línguas oficiais dos países onde é lançado. As minorias que falam outro dialeto não são contempladas.

Software livre é uma questão ideológica

A polarização livre x proprietário pode ganhar conotações de diversos níveis. Segundo o professor Gillaume Barreau, do Departamento de Ciência da Computação da Ufba, há duas correntes: "Uma fortemente ideológica, representada por Richard Stallman, que acentua a questão da liberdade e da abertura do código como um problema ético."

Esta corrente se opõe ao monopólio promovido pelas empresas [especialmente a Microsoft] e acha que o código fechado é um entrave à ciência e um desrespeito ao consumidor, que não tem qualquer direito, a não ser o de uso, sobre um produto pelo qual pagou, e caro. "Há outra corrente bastante pragmática, que julga o software livre mais seguro e menos sujeito à vontade das empresas fabricantes de softwares proprietários. Com eles você está no controle".

Para ele, a maioria das pessoas não está interessada nesse tipo de discussão. "O usuário comum quer que sua máquina funcione bem, sem precisar ter que reprogramá-la sempre. O fato de ser de graça e mais seguro é que é importante."

Uma outra polarização que opõe livre x proprietário e que apareceu no Brasil coloca a discussão no nível da esquerda x direita. O fato da migração dos sistemas proprietários para os livres, implantados pelo governo Lula nos órgãos administrativos e algumas escolas, ganhou tintas políticas.

A verdade é que a intenção é baratear o custo com licenças de uso dos softwares proprietários e promover a inclusão digital. Esse tipo de polarização não existe em países desenvolvidos, porque discussões sobre inclusão digital não fazem sentido em países como Finlândia, pelo fato das pessoas já estarem incluídas o suficiente.

O começo

No início dos anos 80, existia um software proprietário chamado Unix que operava na maioria das máquinas. Como outros softwares, ele tinha seu código fechado, o que não permitia aos usuários consertarem algum problema.

Em 1983, um barbudo chamado Richard Stallman, do MIT [Massachusetts Institut of Tecnology], criou um sistema que qualquer um poderia modificar. Era o GNU [que significa GNU, não é Unix]. Mas o sistema era restrito a programadores.

Isso só mudou em 1991, quando um jovem finlandês de 21 anos, Linus Torvalds, lançou num grupo de discussão de uma rede pré-internet a idéia de colaboração para o aperfeiçoamento de um sistema de código aberto. Mais uma vez referiu-se ao Unix para nomear a invenção e juntando com o nome do criador, nascia o Linux. Desde então, inúmeros grupos colaboram via rede nas versões desse software.

Você pode baixar uma das inúmeras versões do Linux em diversos sites na rede. Mais informações: www.projetosoftwarelivre.org
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