Em 09/01/2007, às 12:35, Ricardo L. A. Banffy escreveu:

No caso é mais ou menos como tomar banho de gasolina, fumar um cigarro e reclamar com o fabricante da gasolina por fazê-la inflamável demais.

A bem da verdade, nada impede q alguém entre com uma ação nos moldes q vc citou. Inclusive, sabemos q nos EUA, de cultura litigiosa, processos assim são abundantes: tem aquele da senhora q pôs o gato no microondas; o da família de um atropelado q processou a fábrica do celular q o motorista q o atropelou usava na hora do acidente; o da velhinha q se queimou com café quente no MacDonalds; entre tantos outros.

O ponto aqui é q vc pode discordar do mérito da questão, mas não cabe a vc julgar se ele é ou não relevante. Isso cabe ao juiz. Infelizmente, como vimos, ainda temos muito a evoluir neste caso.

Além disso, pré-julgar ("isso não é jornalismo") dessa forma é tão ruim quanto a própria censura.

Não, isso se chama "opinião". Ninguém vigia os "vigilantes" e se acharmos normal a invasão de privacidade de qqr um em nome de um suposto interesse jornalístico no traseiro de uma modelo, então é melhor colocar logo o Big Brother Brasil no lugar do Jornal Nacional. Quer dizer, se é q já não fizeram isso e ninguém notou . . . ;-)


O exemplo da gasolina e do cigarro é muito bom.

E, como eu disse antes, se o mérito da questão não era relevante, cabia ao juiz (ou a quem faz a triagem dessas coisas) descartar o processo.


O juiz deveria tentar entender sobre o que delibera. Não basta contratar um bom perito - tem que entender o que ele escreve.

O q vai ao encontro do q eu disse antes. Processos cujo mérito é questionável sempre vão aparecer por aí. Precisamos é q esse tipo de coisa seja filtrado nas instâncias corretas e não ocorra novamente. Senão, toda vez q um juiz desastrado fizer algo similar vamos ter de sair por aí protestando contra quem entrou na justiça? Acho mais produtivo pular o intermediário e ir direto ao cerne da questão, q está no Judiciário.


A privacidade vai ficar cada vez mais difícil de se conseguir. Não é uma questão de ter direitos (estavam em um lugar público, sob leis diferentes das nossas e foram filmados, sob leis diferentes das nossas e foram hospedados em servidores, fora das nossas fronteiras, sob leis que permitem a divulgação do material que foi legalmente captado). Se o casal se sente ofendido por quem posta e reposta o vídeo (em muitos e muitos sites além do YT) que vá atrás de quem filmou (na Espanha), de quem postou (por todo o mundo) ou do YouTube, nos EUA, onde eles ficam.

Até concordo em termos gerais com essa linha de argumentação, mas não acho q isso tire o direito do casal buscar reparação ao problema na forma q conseguirem. Novamente, acho q cabe ao juiz dizer q o dono do muro não tem obrigação de ficar pintando tudo de novo.

Quiseram é tomar um mal-intencionado atalho usando a justiça brasileira.

P q "mal-intencionado"? Os advogados dos envolvidos devem ter executado esta estratégia levando em conta a exposição dos sujeitos no Brasil.


No lugar do Google, eu os processaria em todas as jurisdições possíveis por conta dos lucros cessantes causados pelo bloqueio indevido.

E acho q eles tem todo o direito de fazer isso. Essa é a questão: direito de levar sua causa à justiça, todos devem ter. Só regimes de exceção privam pessoas e empresas deste direito.


O fato do juiz ter se considerado competente para julgar é o mais alarmante. O fato original não se deu no Brasil, nem sua a divulgação se deu exclusivamente pelo YouTube, que não tem controle suficiente porque é tecnicamente impossível tê-lo.

Pois é, mas o engraçado é q não vejo nenhum site de protesto contra o juiz q emitiu a sentença polêmica. Até entendo q boa parte dos adolescentes trocando mensagens em seus MSN Messengers não consigam articular um raciocínio q envolva mais do q ligar dois pontos com uma linha (algo como "Cicarreli entrou com processo; YouTube fechou por causa do processo; Cicarelli má!!!"). Mas, me surpreende q aqui gente com capacidade intelectual e visão bem mais sofisticada das coisas não consiga ir muito além do mesmo raciocínio. Mascarar o sintoma não vai curar a doença.


Além do que, por estar nos EUA, a questão da liberdade de expressão se faz valer com mais força do que aqui.

Dê uma olhada no Digg e no TechDirt sobre as últimas coisinhas q andam fazendo por lá em nome do DMCA . . .


Suponha que, todos os dias, algum moleque picha o muro da sua casa com a frase "O Ricardo Bánffy é um babaca" e eu resolvo processar você, o dono do muro, por não pintar imediatamente o muro cada vez que a frase é recolocada lá.

Como eu coloquei antes, eu acredito q cabe ao juiz dizer q não sou eu quem tem obrigação de fazer isso. A menos q eu pegue o mesmo juiz da Cicarelli neste caso . . . E é isso q me preocupa.

E eu tenho minhas histórias, mas, graças a meu anonimato e aos meus cuidados, elas são só minhas e de poucas outras pessoas. :-)

Pode ser, mas eu ainda não compro a idéia de q filmar alguém escondido é "natural". Pode até ser "comum", mas ainda não acho q isso seja algo saudável e q deva ser encarado como "fatos da vida", mesmo para pessoas famosas. Veja bem, uma coisa é um sujeito tirando fotos ou filmando cara-a-cara ou a uma distância visível do objeto da perseguição. Outra é alguém se esconder e filmar de longe esperando q uma figura pública enfie o dedo no nariz, ajeite a calcinha ou coce o traseiro. Liberdade de imprensa foi um conceito criado a fim de defender ideais mais nobres do q saber em primeira mão q a Britney Spears não usa calcinha.

        [ ]s,

                olival.junior_______________________________________________
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