Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq será o primeiro????

2024-01-08 Por tôpico Marcelo Finger
Caros.

Acabo de receber esta notícia, que mostra que o  CNPq começou a reagir.
Antes tarde que mais tarde ainda.

https://www.instagram.com/p/C1118efOXf1/?igsh=YjA1aDN0dnFqcXZw

[]s


Em seg., 8 de jan. de 2024 às 12:25, Hermógenes Oliveira <
olive...@daad-alumni.de> escreveu:

> Olá, Elaine.
>
> Em domingo, 7 de janeiro de 2024 às 11:27:00 UTC-3, Elaine Pimentel
> escreveu:
>
> Oi, Hermógenes!
>
>  no Brasil as coisas infelizmente ainda funcionam sob o pressuposto de que
> o cuidado das crianças é responsabilidade da mãe.
>
>
> E, na maioria dos casos, é mesmo!
>
>
> Sem dúvida!
>
> Contudo, convém atentar para quando políticas públicas deixam de apenas
> adequar ao cenário social presente e passam a reforçá-lo ou
> retroalimentá-lo.
>
> Não é mais tão incomum ver papais cuidando de crianças pequenas. Também
> não me parece justo que políticas públicas (além de pressão social e etc.)
> continuem contribuindo para encurralar mulheres nesta função quando, em
> muitos casos, seria mais propício um arranjo diferente.
>
> No Brasil, a licença paternidade é irrisória e a licença maternidade dura,
> via de regra, apenas 120 dias, o que mal cobre o período recomendado de
> aleitamento materno. Mas suponhamos, por um momento, que exista uma licença
> para cuidado de crianças um pouco mais generosa. Mantê-la como licença
> maternidade apenas reforçaria a mãe no papel de cuidadora, mesmo para
> famílias nas quais outro arranjo seria preferível, simplesmente porque a
> mãe é a única que pode usufruir de licença.
>
> Isto foi apenas um exercício hipotético que pouco afeta o que acredito ser
> a medida correta tomada pelo CNPq neste momento. O objetivo é chamar a
> atenção para alguns pontos relacionados.
>
> No caso da Alemanha, que conheço mais de perto, as semanas de licença para
> cuidado da criança retiradas pelo pai possuem o mesmo peso daquelas
> retiradas pela mãe frente a agências de fomento, como a DFG.
>
>
> Nos casos que conheço de colegas alemães, os pais tomam, de fato, a
> licença a sério e se recusam a fazer qualquer atividade formal (além de dar
> aulas é claro, mas também escrever artigos, participar de congressos,
> submeter projetos, fazer revisões de artigos e projetos...). No Brasil
> conheço muitos poucos casos assim. Na verdade, conheço só um.
>
> Tenho um colega italiano, esposa também italiana, que disse que o melhor
> momento produtivo dele foi quando a mulher teve filhos, porque ele pode
> trabalhar mais. Ela nunca conseguiu uma posição na academia. Ele sim.
>
> Que tal a reflexão: quantas mulheres a gente conhece que tiveram filhos
> antes de conseguir um emprego na academia? Quantas mulheres conseguiram
> seguir com sua pesquisa após terem filhos?
>
> Acho que o simples fato de essa pergunta fazer sentido (como posta), e
> pouco ou nenhum se trocarmos para "homens" diz muito sobre o problema. Que
> é complexo, então não há análise simples.
>
>
> É patente que mulheres são muitíssimo mais afetadas. Quase que
> exclusivamente afetadas, na verdade. Contudo, ao menos no que concerne este
> fator específico (existem outros fatores que desfavorecem pessoas do gênero
> feminino, claro), o impacto desproporcional ao gênero feminino passa,
> dentre outras coisas, pela expectativa (muitas vezes reforçada por
> políticas públicas) de que o cuidado (de crianças, idosos, incapacitados e
> etc.) é reduto da mulher. Creio que todos, incluindo homens e mulheres,
> possam ser beneficiados por um arrefecimento do poder destes estereótipos.
> Infelizmente, trata-se de algo muito arraigado. Mundo afora.
>
> Antes da minha pequerrucha nascer, li, não me lembro onde, algo escrito
> pela Holly Krieger . Ela
> dizia ficar agradecida sempre que seus colegas homens mencionavam sua vida
> familiar num contexto profissional, tal como "Não posso participar da
> reunião de departamento nesse horário, pois tenho que cuidar do meu filho".
> Achei interessante e depois que minha filha nasceu, faço um esforço
> consciente para não omitir sua existência do meu espaço profissional, o que
> é sempre a minha inclinação inicial (isto com respeito a todos aspectos da
> minha vida particular). Tem sido bastante revelador observar as reações. As
> mais comuns são: perguntar casualmente (tangencialmente?) pela minha esposa
> ; entender que estou reclamando da minha condição de pai (curiosamente,
> seu eu digo que não posso fazer algo por estar doente ou preciso comparecer
> ao tribunal, ninguém assume, sem mais, que estou reclamando da vida).
>
> Minhas colegas mulheres estão certamente em condições muito piores e têm
> toda a minha admiração. Ambientes de trabalho em geral não são muito
> tolerantes à presença de crianças, o que é compreensível. Mas na academia
> parece haver ainda um certo estigma associado a elas. Algumas colegas
> chegam mesmo a esconder do espaço profissional o fato de serem mães. E o
> estereótipo de gênero está sempre presente. Volta e meia, preciso
> 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq será o primeiro????

2024-01-08 Por tôpico Hermógenes Oliveira
Olá, Elaine.

Em domingo, 7 de janeiro de 2024 às 11:27:00 UTC-3, Elaine Pimentel 
escreveu:

Oi, Hermógenes!

 no Brasil as coisas infelizmente ainda funcionam sob o pressuposto de que 
o cuidado das crianças é responsabilidade da mãe.


E, na maioria dos casos, é mesmo!


Sem dúvida! 

Contudo, convém atentar para quando políticas públicas deixam de apenas 
adequar ao cenário social presente e passam a reforçá-lo ou 
retroalimentá-lo.
 
Não é mais tão incomum ver papais cuidando de crianças pequenas. Também não 
me parece justo que políticas públicas (além de pressão social e etc.) 
continuem contribuindo para encurralar mulheres nesta função quando, em 
muitos casos, seria mais propício um arranjo diferente.

No Brasil, a licença paternidade é irrisória e a licença maternidade dura, 
via de regra, apenas 120 dias, o que mal cobre o período recomendado de 
aleitamento materno. Mas suponhamos, por um momento, que exista uma licença 
para cuidado de crianças um pouco mais generosa. Mantê-la como licença 
maternidade apenas reforçaria a mãe no papel de cuidadora, mesmo para 
famílias nas quais outro arranjo seria preferível, simplesmente porque a 
mãe é a única que pode usufruir de licença.

Isto foi apenas um exercício hipotético que pouco afeta o que acredito ser 
a medida correta tomada pelo CNPq neste momento. O objetivo é chamar a 
atenção para alguns pontos relacionados.

No caso da Alemanha, que conheço mais de perto, as semanas de licença para 
cuidado da criança retiradas pelo pai possuem o mesmo peso daquelas 
retiradas pela mãe frente a agências de fomento, como a DFG.


Nos casos que conheço de colegas alemães, os pais tomam, de fato, a licença 
a sério e se recusam a fazer qualquer atividade formal (além de dar aulas é 
claro, mas também escrever artigos, participar de congressos, submeter 
projetos, fazer revisões de artigos e projetos...). No Brasil conheço 
muitos poucos casos assim. Na verdade, conheço só um. 

Tenho um colega italiano, esposa também italiana, que disse que o melhor 
momento produtivo dele foi quando a mulher teve filhos, porque ele pode 
trabalhar mais. Ela nunca conseguiu uma posição na academia. Ele sim. 

Que tal a reflexão: quantas mulheres a gente conhece que tiveram filhos 
antes de conseguir um emprego na academia? Quantas mulheres conseguiram 
seguir com sua pesquisa após terem filhos? 

Acho que o simples fato de essa pergunta fazer sentido (como posta), e 
pouco ou nenhum se trocarmos para "homens" diz muito sobre o problema. Que 
é complexo, então não há análise simples.


É patente que mulheres são muitíssimo mais afetadas. Quase que 
exclusivamente afetadas, na verdade. Contudo, ao menos no que concerne este 
fator específico (existem outros fatores que desfavorecem pessoas do gênero 
feminino, claro), o impacto desproporcional ao gênero feminino passa, 
dentre outras coisas, pela expectativa (muitas vezes reforçada por 
políticas públicas) de que o cuidado (de crianças, idosos, incapacitados e 
etc.) é reduto da mulher. Creio que todos, incluindo homens e mulheres, 
possam ser beneficiados por um arrefecimento do poder destes estereótipos. 
Infelizmente, trata-se de algo muito arraigado. Mundo afora.

Antes da minha pequerrucha nascer, li, não me lembro onde, algo escrito 
pela Holly Krieger . Ela dizia 
ficar agradecida sempre que seus colegas homens mencionavam sua vida 
familiar num contexto profissional, tal como "Não posso participar da 
reunião de departamento nesse horário, pois tenho que cuidar do meu filho". 
Achei interessante e depois que minha filha nasceu, faço um esforço 
consciente para não omitir sua existência do meu espaço profissional, o que 
é sempre a minha inclinação inicial (isto com respeito a todos aspectos da 
minha vida particular). Tem sido bastante revelador observar as reações. As 
mais comuns são: perguntar casualmente (tangencialmente?) pela minha esposa 
; entender que estou reclamando da minha condição de pai (curiosamente, 
seu eu digo que não posso fazer algo por estar doente ou preciso comparecer 
ao tribunal, ninguém assume, sem mais, que estou reclamando da vida).

Minhas colegas mulheres estão certamente em condições muito piores e têm 
toda a minha admiração. Ambientes de trabalho em geral não são muito 
tolerantes à presença de crianças, o que é compreensível. Mas na academia 
parece haver ainda um certo estigma associado a elas. Algumas colegas 
chegam mesmo a esconder do espaço profissional o fato de serem mães. E o 
estereótipo de gênero está sempre presente. Volta e meia, preciso 
participar de reunião com a pequena no colo: eu recebo perguntas sobre a 
minha esposa, enquanto minhas colegas mulheres que eventualmente trazem 
crianças para as reuniões recebem comentários casuais sobre o horário de 
funcionamento de creches (nada de "Como vai o seu esposo? Está 
trabalhando?"). Durante a pandemia, fui hostilizado por aluno que ficou 
incomodado com os ruídos envolvidos 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-07 Por tôpico Joao Marcos
> Sou amplamente a favor de cotas (em especial as raciais) de 
> representatividade e de diversidade, o que implica que por exemplo, em um 
> comitê assessor com 10 pessoas, tem que haver ao menos uma pessoa que se 
> identifique como mulher, não importa a % de representação da área -- vide o 
> que acontece no momento com o CA da Matemática...
[...]
>> a menos que eu esteja olhando no lugar errado, entre titulares e
>> suplentes do comitê de "Matemática e Estatística"
>> (https://www.gov.br/cnpq/pt-br/composicao/comites-de-assessoramento/membros/membros-dos-comites-assessores-da-dcti#matem-tica-e-estat-stica---ma)
>> há, aparentemente, 6 homens e 4 mulheres.

Agradeço à Elaine por gentilmente me apontar que a falta de
representatividade feminina neste comitê foi corrigida a partir da
metade de 2022, quando a comunidade relevante se movimentou para
exigir uma mudança.  Parece que mudanças têm ocorrido, de fato: a
julgar somente pelos nomes das pessoas que constam do link acima,
neste momento 45% dos membros de comitês são do sexo feminino, e 25
dos 49 comitês de assessoramento possuem pelo menos metade de seus
membros do sexo feminino.  Vale notar, não obstante, que 9 dos 49
comitês possuem atualmente apenas 1 membro do sexo feminino e outros 5
possuem apenas 1 membro do sexo masculino; curiosamente, o comitê com
maior desequilíbrio de gênero, neste momento, é o de *Psicologia e
Serviço Social* (dos 9 membros, 8 são do sexo feminino).

Esclareço que não tenho informações, infelizmente, sobre identidade de
gênero, raça/cor, ou ---importante para a presente discussão--- sobre
maternidade (ou paternidade?).

Esperemos que o futuro traga ainda mais progressos na gestão pública
brasileira --- e estejamos atentos para isto!
JM

-- 
LOGICA-L
Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de Lógica 

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Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-07 Por tôpico Joao Marcos
>> Está de parabéns o CNPq pela justa e expedita reação! (mesmo que ainda
>> não tenha ficado inteiramente claro, do que está escrito na nota do
>> CNPq, quem seriam os beneficiados pelo "parto ou adoção", e como isto
>> seria computado na prática)
>
> Diferente de alguns países onde o próprio arcabouço legal, especialmente o 
> trabalhista, permitem uma participação mais equitativa no cuidado da prole 
> (na Alemanha, a duração da licença pode mesmo aumentar caso haja participação 
> do pai), no Brasil as coisas infelizmente ainda funcionam sob o pressuposto 
> de que o cuidado das crianças é responsabilidade da mãe.
>
> No caso da Alemanha, que conheço mais de perto, as semanas de licença para 
> cuidado da criança retiradas pelo pai possuem o mesmo peso daquelas retiradas 
> pela mãe frente a agências de fomento, como a DFG.
>
> Dado o contexto brasileiro, as medidas anunciadas pelo CNPq provavelmente 
> afetarão apenas as mães (ou talvez também pais com guarda exclusiva).

Sua previsão é provavelmente acurada, Hermógenes.  A nota recente do
CNPq não é inteiramente clara a este respeito, mas nos critérios de
julgamento com vigência de 2021 a 2023 publicizados pelo CNPq
(https://www.gov.br/cnpq/pt-br/composicao/comites-de-assessoramento/copy2_of_AnexoICriterios_Retificacao.pdf),
particularmente na parte do texto que diz respeito ao COSAE | CS
(comitê das áreas de *Antropologia, Arqueologia, Ciência Política,
Direito, Relações Internacionais e Sociologia*), consta explicitamente
que:
"Como medida de promoção da equidade, no âmbito do CS o período de
avaliação da produção intelectual das pesquisadoras será ampliado em
dois anos para cada gestação ou adoção ocorrida no período da
avaliação, buscando compensar o impacto da maternidade em sua
produtividade. As pesquisadoras devem obrigatoriamente informar as
datas de nascimento ou adoção dos filhos em sua proposta para que a
medida seja adotada."
Vale notar que, entre titulares e suplentes, o CGCHS \ COSAE é
atualmente constituído por 10 mulheres e 5 homens.
https://www.gov.br/cnpq/pt-br/composicao/comites-de-assessoramento/membros/membros-dos-comites-assessores-da-dcti#antropologia--arqueologia--ci-ncia-pol-tica--direito--rela--es-internacionais-e-sociologia---cs

No documento acima, podemos ver que há outros comitês assessores (por
exemplo, os das áreas de *Filosofia e Teologia*, de *Física e
Astronomia*, de *Agronomia* e de *Engenharia Civil*) que possuem
"critérios especiais" semelhantes para a pesquisadora que tenha
passado por licença-maternidade.  Tenho a impressão, contudo, de que
ainda não havia, no período citado, tais critérios vigentes na área de
*Ciência da Computação* ou na área de *Matemática e Estatística*?  Os
colegas destas áreas saberão certamente confirmar.

> Acho que parte da tarefa de tornar o ambiente trabalhista brasileiro (não só 
> o acadêmico) um pouco mais adequado para pessoas com filhos passa por uma 
> reorientação das políticas públicas ao contexto familiar atual, onde pais 
> participam ou desejam participar de maneira equitativa no cuidado dos filhos 
> e famílias nas quais o cuidado das crianças é exercido por casais 
> homossexuais, para citar apenas alguns exemplos.
>
> No caso da DFG, a agência pode contar com o contexto alemão para averiguar, 
> digamos, que o pai está efetivamente com o cuidado da criança, uma vez que 
> este está de licença enquanto a mãe trabalha, digamos.

Faz sentido, né?

> O contexto brasileiro é bem distinto. Afinal, a situação de um novo pai com 
> uma rede de suporte local, uma esposa, uma babá e um escritório com 
> isolamento acústico dentro de casa é muitíssimo diferente daquela de uma mãe 
> solteira sem família num raio de mil quilômetros e que more num cafofo de 50 
> m². Sabemos que temos colegas na universidade em ambos estes extremos, bem 
> como em diversos outros pontos no espectro.

Durante os anos em que cuidei sozinho da minha filha pequena nunca
tive babá ou qualquer família vivendo num raio de mil quilômetros de
mim.  Confirmo que é duríssimo.  Ainda sofro os efeitos da parte mais
pesada deste período.  Felizmente eu não estava em início de carreira,
nem morando num cafofo.  Sem poder contar sequer com a colaboração de
colegas, a solução óbvia para dar conta do recado ---dormir menos---
acaba cobrando um preço altíssimo na saúde da pessoa.

> Sou amplamente a favor de cotas (em especial as raciais) de 
> representatividade e de diversidade, o que implica que por exemplo, em um 
> comitê assessor com 10 pessoas, tem que haver ao menos uma pessoa que se 
> identifique como mulher, não importa a % de representação da área -- vide o 
> que acontece no momento com o CA da Matemática...

Infelizmente, Elaine, do que eu encontro mais facilmente online, não
consigo extrair informação suficiente para dizer quem se identifica
como mulher (nem muito menos quem se identifica com membro das
categorias "menos visíveis" de não-brancos, PCD, ou outras), mas a
menos que eu esteja olhando no 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-07 Por tôpico Elaine Pimentel
Oi, Hermógenes!

 no Brasil as coisas infelizmente ainda funcionam sob o pressuposto de que
> o cuidado das crianças é responsabilidade da mãe.
>

E, na maioria dos casos, é mesmo!


> No caso da Alemanha, que conheço mais de perto, as semanas de licença para
> cuidado da criança retiradas pelo pai possuem o mesmo peso daquelas
> retiradas pela mãe frente a agências de fomento, como a DFG.
>

Nos casos que conheço de colegas alemães, os pais tomam, de fato, a licença
a sério e se recusam a fazer qualquer atividade formal (além de dar aulas é
claro, mas também escrever artigos, participar de congressos, submeter
projetos, fazer revisões de artigos e projetos...). No Brasil conheço
muitos poucos casos assim. Na verdade, conheço só um.

Tenho um colega italiano, esposa também italiana, que disse que o melhor
momento produtivo dele foi quando a mulher teve filhos, porque ele pode
trabalhar mais. Ela nunca conseguiu uma posição na academia. Ele sim.

Que tal a reflexão: quantas mulheres a gente conhece que tiveram filhos
antes de conseguir um emprego na academia? Quantas mulheres conseguiram
seguir com sua pesquisa após terem filhos?

Acho que o simples fato de essa pergunta fazer sentido (como posta), e
pouco ou nenhum se trocarmos para "homens" diz muito sobre o problema. Que
é complexo, então não há análise simples.


> Dado o contexto brasileiro, as medidas anunciadas pelo CNPq provavelmente
> afetarão apenas as mães (ou talvez também pais com guarda exclusiva).
>

É um começo! Importante, porque atinge a maioria dos casos.


> Acho que parte da tarefa de tornar o ambiente trabalhista brasileiro (não
> só o acadêmico) um pouco mais adequado para pessoas com filhos passa por
> uma reorientação das políticas públicas ao contexto familiar atual, onde
> pais participam ou desejam participar de maneira equitativa no cuidado dos
> filhos e famílias nas quais o cuidado das crianças é exercido por casais
> homossexuais, para citar apenas alguns exemplos.
>

Concordo. Isso vai levar uma vida. Como a gente tem que começar de algum
lugar, que tal do mais óbvio? :)


> O contexto brasileiro é bem distinto. Afinal, a situação de um novo pai
> com uma rede de suporte local, uma esposa, uma babá e um escritório com
> isolamento acústico dentro de casa é muitíssimo diferente daquela de uma
> mãe solteira sem família num raio de mil quilômetros e que more num cafofo
> de 50 m². Sabemos que temos colegas na universidade em ambos estes
> extremos, bem como em diversos outros pontos no espectro.
>

Pra qual lado você acha que a balança pende mais? Eu diria que raramente
pra babá e escritório com isolamento acústico, ao menos no nosso ambiente
brasileiro.

Enfim, acho que há muita gente muito mais gabaritada para discutir o
assunto. Aconselho muito seguir todas as iniciativas e discussões do
Parents in Science. É muito bacana mesmo esse projeto :)

Abraços,


> --
> Hermógenes Oliveira
>
> --
> LOGICA-L
> Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
> Lógica 
> ---
> Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos
> Grupos do Google.
> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie
> um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br.
> Para acessar essa discussão na Web, acesse
> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/d0ecd389-907f-4705-aa47-38bf78f7b630n%40dimap.ufrn.br
> 
> .
>


-- 
Elaine.
---
Elaine Pimentel
Associate Professor in Programming Principles, Logic, and Verification
Department of Computer Science
University College London
https://sites.google.com/site/elainepimentel/
---

-- 
LOGICA-L
Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de Lógica 

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Para acessar esta discussão na web, acesse 
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAHQVs%2BUsFzh6RMD%2B-B86WinkurHAbFU82C%3DiC3Y95sQZq%3Dj_Pg%40mail.gmail.com.


Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-07 Por tôpico Hermógenes Oliveira
Olá, pessoal.

Em sábado, 6 de janeiro de 2024 às 21:12:12 UTC-3, Joao Marcos escreveu:

Está de parabéns o CNPq pela justa e expedita reação! (mesmo que ainda 
não tenha ficado inteiramente claro, do que está escrito na nota do 
CNPq, quem seriam os beneficiados pelo "parto ou adoção", e como isto 
seria computado na prática) 


Diferente de alguns países onde o próprio arcabouço legal, especialmente o 
trabalhista, permitem uma participação mais equitativa no cuidado da prole 
(na Alemanha, a duração da licença pode mesmo aumentar caso haja 
participação do pai), no Brasil as coisas infelizmente ainda funcionam sob 
o pressuposto de que o cuidado das crianças é responsabilidade da mãe.

No caso da Alemanha, que conheço mais de perto, as semanas de licença para 
cuidado da criança retiradas pelo pai possuem o mesmo peso daquelas 
retiradas pela mãe frente a agências de fomento, como a DFG.

Dado o contexto brasileiro, as medidas anunciadas pelo CNPq provavelmente 
afetarão apenas as mães (ou talvez também pais com guarda exclusiva).

Acho que parte da tarefa de tornar o ambiente trabalhista brasileiro (não 
só o acadêmico) um pouco mais adequado para pessoas com filhos passa por 
uma reorientação das políticas públicas ao contexto familiar atual, onde 
pais participam ou desejam participar de maneira equitativa no cuidado dos 
filhos e famílias nas quais o cuidado das crianças é exercido por casais 
homossexuais, para citar apenas alguns exemplos.

No caso da DFG, a agência pode contar com o contexto alemão para averiguar, 
digamos, que o pai está efetivamente com o cuidado da criança, uma vez que 
este está de licença enquanto a mãe trabalha, digamos.

O contexto brasileiro é bem distinto. Afinal, a situação de um novo pai com 
uma rede de suporte local, uma esposa, uma babá e um escritório com 
isolamento acústico dentro de casa é muitíssimo diferente daquela de uma 
mãe solteira sem família num raio de mil quilômetros e que more num cafofo 
de 50 m². Sabemos que temos colegas na universidade em ambos estes 
extremos, bem como em diversos outros pontos no espectro.

--
Hermógenes Oliveira

-- 
LOGICA-L
Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de Lógica 

--- 
Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos 
Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um 
e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br.
Para acessar esta discussão na web, acesse 
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/d0ecd389-907f-4705-aa47-38bf78f7b630n%40dimap.ufrn.br.


Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-07 Por tôpico Elaine Pimentel
Oi, Julio,

Tenho certeza que uso equidade do jeito correto, em especial em inglês :)

E tenho certeza que a gente concorda que discorda! Sou amplamente a favor
de cotas (em especial as raciais) de representatividade e de diversidade, o
que implica que por exemplo, em um comitê assessor com 10 pessoas, tem que
haver ao menos uma pessoa que se identifique como mulher, não importa a %
de representação da área -- vide o que acontece no momento com o CA da
Matemática...

Também implica que revisores ad hoc não deveriam ser escolhidos baseado em
pura e simples "meritocracia". A gente sabe que isso não existe, em
especial no Brasil, e muito menos na academia. Por fim, ainda bem que o
CNPq decidiu lançar uma cartilha, ajuda muito a entender os diferentes
aspectos que devem ser levados em consideração quando da formulação de
pareceres.

E antes que alguém diga que não, decisões nas agências de fomento tendem a
ser puramente baseadas em "meritocracia". Foi o que vi quando fiz parte de
comitês ad hoc do CNPq, é o que escuto da maioria das pessoas que fazem
parte desses comitês.

Esse é um assunto de interesse, mas off topic. Então vou parar por aqui.

Abraços,

On Sun, Jan 7, 2024 at 12:06 PM Julio Stern  wrote:

>
> > Acho que há uma pequena confusão... O que pedimos (sempre) é *equidade*,
> que não significa nem igualdade nem "equidade de participação". Equidade
> significa fornecer condições para que pessoas diferentes possam concorrer
> (a editais, concursos, promoções) partindo de um mesmo nível ou patamar --
> a partir daí, depende de cada uma delas!
>
> Cara Elaine:
>
> Realmente, ha uma confusao ai.
>
> >   Equidade significa fornecer condições para que pessoas diferentes
> possam concorrer (a editais, concursos, promoções) partindo de um mesmo
> nível ou patamar -- a partir daí, depende de cada uma delas!
>
> O que voce chama de "equidade" eu chamo de Promover Igualdade de
> Oportunidades.
>
> Eu chamo de Equidade a ideia de forcar resultados numericos de
> participacao segundo categorias populacionais nao academicas definidas ad
> hoc.
> Por exemplo, Politicas de Cota que impliquem em consequencias do tipo
> Numerus Clausus, ou seja, a Exclusao de Individuos por sua classificacao
> nas referidas categorias.
>
> Acho que minha nomenclatura eh compativel com o uso corrente dos termos
> Equity and Equality em lingua Inglesa, no contexto desta discussao.
>
> A proposito:
>
> Creio que dois Individuos sao sempre Diferentes. Caso contrario nao seriam
> Individuos mas, dentro do mesmo grupo definido pelo sistema de categorias,
> objetos indistinguiveis (tipo fermions em fisica estatistica).
>
> Acho ser impossivel capturar Diferencas essenciais concernente a
> participacao de Individuos na academia atraves de Categorizacoes
> Populacionais definidas ad hoc, por mais exaustivas que sejam.
> Pelo contrario, quanto mais exaustivas estas categorizacoes ad hoc se
> tornam, mais se dilue a essencia da individualidade.
> Esta diluicao eh um efeito colateral inevitavel do aumento exponencial do
> numero de celulas na tabela de contingencia correspondente em funcao do
> numero de dimensoes do sistema de categorias.
>
> Quanto a utilizar Informacao referente as referidas categorias para
> Excluir individuos, isto eh Discriminacao, um tipo de violencia
> absolutamente abominavel!
> Mas este eh justamente o ponto fulcral de minha argumentacao!!
>
> Tudo de bom, ---Julio Stern
>
>
> --
> *From:* Elaine Pimentel 
> *Sent:* Sunday, January 7, 2024 11:20 AM
> *To:* Julio Stern 
> *Cc:* Itala Maria Loffredo D'Ottaviano ; Walter
> Carnielli ; Joao Marcos ; Lista
> acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA <
> logica-l@dimap.ufrn.br>
> *Subject:* Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será
> o primeiro
>
> Hola, Julio,
>
> Acho que há uma pequena confusão... O que pedimos (sempre) é *equidade*,
> que não significa nem igualdade nem "equidade de participação". Equidade
> significa fornecer condições para que pessoas diferentes possam concorrer
> (a editais, concursos, promoções) partindo de um mesmo nível ou patamar --
> a partir daí, depende de cada uma delas! A famosa figura dos banquinhos,
> tenho certeza que você já viu.
>
> Todo mundo sabe como e quanto a maternidade afeta a produção científica,
> ponto. A ideia de adicionar esse período no Lattes era exatamente para
> fornecer um banquinho para pessoas que gestaram. A minha indignação é que
> isso foi usado *contra elas*. Isso tem nome: chama-se violência de gênero.
>
> Abraços,
>
> On Sun, Jan 7, 2024 at 11:04 AM Julio Stern  wrote:
>
> Car(a/o)s redistas:
>
> Bom dia.  Meus dois centavos

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-07 Por tôpico Julio Stern

> Acho que há uma pequena confusão... O que pedimos (sempre) é *equidade*, que 
> não significa nem igualdade nem "equidade de participação". Equidade 
> significa fornecer condições para que pessoas diferentes possam concorrer (a 
> editais, concursos, promoções) partindo de um mesmo nível ou patamar -- a 
> partir daí, depende de cada uma delas!

Cara Elaine:

Realmente, ha uma confusao ai.

>   Equidade significa fornecer condições para que pessoas diferentes possam 
> concorrer (a editais, concursos, promoções) partindo de um mesmo nível ou 
> patamar -- a partir daí, depende de cada uma delas!

O que voce chama de "equidade" eu chamo de Promover Igualdade de Oportunidades.

Eu chamo de Equidade a ideia de forcar resultados numericos de participacao 
segundo categorias populacionais nao academicas definidas ad hoc.
Por exemplo, Politicas de Cota que impliquem em consequencias do tipo Numerus 
Clausus, ou seja, a Exclusao de Individuos por sua classificacao nas referidas 
categorias.

Acho que minha nomenclatura eh compativel com o uso corrente dos termos Equity 
and Equality em lingua Inglesa, no contexto desta discussao.

A proposito:

Creio que dois Individuos sao sempre Diferentes. Caso contrario nao seriam 
Individuos mas, dentro do mesmo grupo definido pelo sistema de categorias, 
objetos indistinguiveis (tipo fermions em fisica estatistica).

Acho ser impossivel capturar Diferencas essenciais concernente a participacao 
de Individuos na academia atraves de Categorizacoes Populacionais definidas ad 
hoc, por mais exaustivas que sejam.
Pelo contrario, quanto mais exaustivas estas categorizacoes ad hoc se tornam, 
mais se dilue a essencia da individualidade.
Esta diluicao eh um efeito colateral inevitavel do aumento exponencial do 
numero de celulas na tabela de contingencia correspondente em funcao do numero 
de dimensoes do sistema de categorias.

Quanto a utilizar Informacao referente as referidas categorias para Excluir 
individuos, isto eh Discriminacao, um tipo de violencia absolutamente 
abominavel!
Mas este eh justamente o ponto fulcral de minha argumentacao!!

Tudo de bom, ---Julio Stern



From: Elaine Pimentel 
Sent: Sunday, January 7, 2024 11:20 AM
To: Julio Stern 
Cc: Itala Maria Loffredo D'Ottaviano ; Walter Carnielli 
; Joao Marcos ; Lista acadêmica 
brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA 

Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o 
primeiro

Hola, Julio,

Acho que há uma pequena confusão... O que pedimos (sempre) é *equidade*, que 
não significa nem igualdade nem "equidade de participação". Equidade significa 
fornecer condições para que pessoas diferentes possam concorrer (a editais, 
concursos, promoções) partindo de um mesmo nível ou patamar -- a partir daí, 
depende de cada uma delas! A famosa figura dos banquinhos, tenho certeza que 
você já viu.

Todo mundo sabe como e quanto a maternidade afeta a produção científica, ponto. 
A ideia de adicionar esse período no Lattes era exatamente para fornecer um 
banquinho para pessoas que gestaram. A minha indignação é que isso foi usado 
*contra elas*. Isso tem nome: chama-se violência de gênero.

Abraços,

On Sun, Jan 7, 2024 at 11:04 AM Julio Stern 
mailto:jmst...@hotmail.com>> wrote:
Car(a/o)s redistas:

Bom dia.  Meus dois centavos:

> Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e "mulheres-com-filhos-para-cuidar" são 
> duas categorias quase que completamente distintas na Academia...

Crio ser importante discutir aqui eh a Relacao Logica entre os conceitos de
---  Igualdade (Equality)  e  Equidade (Equity)

Assim como as categorias Kantianas de
--- Sintetico vs. Analitico   E   a priori vs. a posteriori
o emaranhamento (entanglement) entre estas categorias eh complexo.

Concretamente, concernente ao problema eh tela, creio ser

--- Benefico e necessario implementar medidas que garantam Igualdade de 
Oportunidades, incluindo regras que mitiguem eventos como gestacao e 
maternidade. Por exemplo, correcoes aas formulas de produtividade por termos de 
desconto ou fatores de ponderacao devidos aa gestacao e maternidade.

--- Malefico e desnecessario implementar medidas que tem como objetivo final 
garantir  genericamente a Equidade de Participacao, segundo categorias nao 
academicas ad hoc (ex: raca, genero, ideologia, etc.).

Creio que a relacao logica entre as categorias de Igualdade e Equidade nao eh 
nem a relacao  de Identidade nem a relacao de Contradicao Classica.

Creio que esta relacao eh complexa, sua dicussao eh delicada, suas 
consequencias politicas profundas, e tambem uma otima oportunidade para 
aplicacaco de metodos sofisticados de inferencia racional.

Fico por aqui neste domingo de manha...
Tudo de bom,  ---Julio Stern


From: logica-l@dimap.ufrn.br<mailto:logica-l@dimap.ufrn.br> 
mailto:logica-l@dimap.ufrn.br>>

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-07 Por tôpico Elaine Pimentel
Hola, Julio,

Acho que há uma pequena confusão... O que pedimos (sempre) é *equidade*,
que não significa nem igualdade nem "equidade de participação". Equidade
significa fornecer condições para que pessoas diferentes possam concorrer
(a editais, concursos, promoções) partindo de um mesmo nível ou patamar --
a partir daí, depende de cada uma delas! A famosa figura dos banquinhos,
tenho certeza que você já viu.

Todo mundo sabe como e quanto a maternidade afeta a produção científica,
ponto. A ideia de adicionar esse período no Lattes era exatamente para
fornecer um banquinho para pessoas que gestaram. A minha indignação é que
isso foi usado *contra elas*. Isso tem nome: chama-se violência de gênero.

Abraços,

On Sun, Jan 7, 2024 at 11:04 AM Julio Stern  wrote:

> Car(a/o)s redistas:
>
> Bom dia.  Meus dois centavos:
>
> > Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e "mulheres-com-filhos-para-cuidar"
> são duas categorias quase que completamente distintas na Academia...
>
> Crio ser importante discutir aqui eh a Relacao Logica entre os conceitos
> de
> ---  Igualdade (Equality)  e  Equidade (Equity)
>
> Assim como as categorias Kantianas de
> --- Sintetico vs. Analitico   E   a priori vs. a posteriori
> o emaranhamento (entanglement) entre estas categorias eh complexo.
>
> Concretamente, concernente ao problema eh tela, creio ser
>
> --- Benefico e necessario implementar medidas que garantam Igualdade de
> Oportunidades, incluindo regras que mitiguem eventos como gestacao e
> maternidade. Por exemplo, correcoes aas formulas de produtividade por
> termos de desconto ou fatores de ponderacao devidos aa gestacao e
> maternidade.
>
> --- Malefico e desnecessario implementar medidas que tem como objetivo
> final garantir  genericamente a Equidade de Participacao, segundo
> categorias nao academicas ad hoc (ex: raca, genero, ideologia, etc.).
>
> Creio que a relacao logica entre as categorias de Igualdade e Equidade nao
> eh nem a relacao  de Identidade nem a relacao de Contradicao Classica.
>
> Creio que esta relacao eh complexa, sua dicussao eh delicada, suas
> consequencias politicas profundas, e tambem uma otima oportunidade para
> aplicacaco de metodos sofisticados de inferencia racional.
>
> Fico por aqui neste domingo de manha...
> Tudo de bom,  ---Julio Stern
>
> --
> *From:* logica-l@dimap.ufrn.br  on behalf of
> Itala Maria Loffredo D'Ottaviano 
> *Sent:* Sunday, January 7, 2024 4:27 AM
> *To:* Walter Carnielli 
> *Cc:* Joao Marcos ; Lista acadêmica brasileira dos
> profissionais e estudantes da área de LOGICA 
> *Subject:* Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será
> o primeiro
>
> Caras e Caros:
> Em setembro passado, na reunião que tivemos com o Presidente do CNPq, em
> Brasília, ele já anunciou os estudos para a revisão das normas relativas às
> distribuições de bolsas para as distintas áreas.
> Creio que as coordenações serão chamadas, em breve, para reunião em
> Brasília.
> Com a Gisele, acordamos de chamar os colegas que se manifestaram sobre o
> problema , aqui na lista, para uma reunião .
> Itala
>
>
> Prof. Dr. Itala M. Loffredo D'Ottaviano
> Full Professor in Logic and the Foundations of Science
> Member and Researcher of the *Centre for Logic, Epistemology and the* *
> History of Science* at the University of Campinas
> Research Fellow of the *Brazilian National Council for Scientific and
> Technological Development*
> Titular Member, *Brazilian Academy of Philosophy* (Rio de Janeiro)
> Emeritus Member, *Académie Internationale de Philosophie de Sciences *
> (Bruxelles)
> Titular Member, *Institut International de Philosophie *(Paris-Nancy)
> Editor of *Coleção CLE, *by the *Centre for Logic, Epistemology and the* 
> *History
> of Science.*
>
>
> Em sáb., 6 de jan. de 2024 às 22:55, Walter Carnielli 
> escreveu:
>
> Finalmente o CNPq parece estar despertando de seu sono dogmático!
>
>  Bela iniciativa, deveria ser extensiva a outros casos de desatenção.
>
>
> W.
>
>
> Em sáb., 6 de jan. de 2024 21:12, Joao Marcos 
> escreveu:
>
> > Sem querer estender muito mais este assunto OFF, parece-me essencial
> > enfatizar o conteúdo deste tweet da professora Carlotto:
> >
> https://twitter.com/maria___maria/status/1740070734318502251?t=jWvYDt6r6Zggo2PX-YZyeg=08
> > Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e
> > "mulheres-com-filhos-para-cuidar" são duas categorias *quase que
> > completamente distintas*, na Academia (mesmo aqui neste fórum, temos
> > aparentemente bem menos representantes desta última categoria do que
> > da primeira), e entendo que há que se fazer uma forcinha para elaborar
> >

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-07 Por tôpico Julio Stern
Car(a/o)s redistas:

Bom dia.  Meus dois centavos:

> Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e "mulheres-com-filhos-para-cuidar" são 
> duas categorias quase que completamente distintas na Academia...

Crio ser importante discutir aqui eh a Relacao Logica entre os conceitos de
---  Igualdade (Equality)  e  Equidade (Equity)

Assim como as categorias Kantianas de
--- Sintetico vs. Analitico   E   a priori vs. a posteriori
o emaranhamento (entanglement) entre estas categorias eh complexo.

Concretamente, concernente ao problema eh tela, creio ser

--- Benefico e necessario implementar medidas que garantam Igualdade de 
Oportunidades, incluindo regras que mitiguem eventos como gestacao e 
maternidade. Por exemplo, correcoes aas formulas de produtividade por termos de 
desconto ou fatores de ponderacao devidos aa gestacao e maternidade.

--- Malefico e desnecessario implementar medidas que tem como objetivo final 
garantir  genericamente a Equidade de Participacao, segundo categorias nao 
academicas ad hoc (ex: raca, genero, ideologia, etc.).

Creio que a relacao logica entre as categorias de Igualdade e Equidade nao eh 
nem a relacao  de Identidade nem a relacao de Contradicao Classica.

Creio que esta relacao eh complexa, sua dicussao eh delicada, suas 
consequencias politicas profundas, e tambem uma otima oportunidade para 
aplicacaco de metodos sofisticados de inferencia racional.

Fico por aqui neste domingo de manha...
Tudo de bom,  ---Julio Stern


From: logica-l@dimap.ufrn.br  on behalf of Itala Maria 
Loffredo D'Ottaviano 
Sent: Sunday, January 7, 2024 4:27 AM
To: Walter Carnielli 
Cc: Joao Marcos ; Lista acadêmica brasileira dos 
profissionais e estudantes da área de LOGICA 
Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o 
primeiro

Caras e Caros:
Em setembro passado, na reunião que tivemos com o Presidente do CNPq, em 
Brasília, ele já anunciou os estudos para a revisão das normas relativas às 
distribuições de bolsas para as distintas áreas.
Creio que as coordenações serão chamadas, em breve, para reunião em Brasília.
Com a Gisele, acordamos de chamar os colegas que se manifestaram sobre o 
problema , aqui na lista, para uma reunião .
Itala


Prof. Dr. Itala M. Loffredo D'Ottaviano
Full Professor in Logic and the Foundations of Science
Member and Researcher of the Centre for Logic, Epistemology and the History of 
Science at the University of Campinas
Research Fellow of the Brazilian National Council for Scientific and 
Technological Development
Titular Member, Brazilian Academy of Philosophy (Rio de Janeiro)
Emeritus Member, Académie Internationale de Philosophie de Sciences (Bruxelles)
Titular Member, Institut International de Philosophie (Paris-Nancy)
Editor of Coleção CLE, by the Centre for Logic, Epistemology and the History of 
Science.


Em sáb., 6 de jan. de 2024 às 22:55, Walter Carnielli 
mailto:walte...@unicamp.br>> escreveu:
Finalmente o CNPq parece estar despertando de seu sono dogmático!

 Bela iniciativa, deveria ser extensiva a outros casos de desatenção.


W.


Em sáb., 6 de jan. de 2024 21:12, Joao Marcos 
mailto:botoc...@gmail.com>> escreveu:
> Sem querer estender muito mais este assunto OFF, parece-me essencial
> enfatizar o conteúdo deste tweet da professora Carlotto:
> https://twitter.com/maria___maria/status/1740070734318502251?t=jWvYDt6r6Zggo2PX-YZyeg=08
> Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e
> "mulheres-com-filhos-para-cuidar" são duas categorias *quase que
> completamente distintas*, na Academia (mesmo aqui neste fórum, temos
> aparentemente bem menos representantes desta última categoria do que
> da primeira), e entendo que há que se fazer uma forcinha para elaborar
> políticas públicas efetivas que levem isto seriamente em consideração.

Pronto:
https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/noticias/cnpq-em-acao/nota-informativa
"Considerando que os critérios de julgamento adotados pelos CAs devem
ser revistos a cada três anos e a próxima revisão será feita a partir
de março deste ano, a Diretoria Executiva determinou tornar
obrigatório incluir o critério de que o período de avaliação da
produtividade científica da(o)s proponentes seja estendido por dois
anos, para cada parto ou adoção que ocorrer dentro do prazo estipulado
na chamada."

Uma das múltiplas repercussões disto na imprensa, hoje:

CNPq torna obrigatória extensão de 2 anos por gestação em editais de
bolsas de produtividade no país
- Avaliação anterior penalizava pesquisadoras que são mães; parecer
preconceituoso de professora suscitou debate sobre igualdade de gênero
na ciência
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2024/01/cnpq-torna-obrigatoria-extensao-de-2-anos-por-gestacao-em-editais-de-bolsas-de-produtividade-no-pais.shtml

Está de parabéns o CNPq pela justa e expedita reação! (mesmo que ainda
não tenha ficado inteiramente claro, do que está escrito na n

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-06 Por tôpico Itala Maria Loffredo D'Ottaviano
Caras e Caros:
Em setembro passado, na reunião que tivemos com o Presidente do CNPq, em
Brasília, ele já anunciou os estudos para a revisão das normas relativas às
distribuições de bolsas para as distintas áreas.
Creio que as coordenações serão chamadas, em breve, para reunião em
Brasília.
Com a Gisele, acordamos de chamar os colegas que se manifestaram sobre o
problema , aqui na lista, para uma reunião .
Itala


Prof. Dr. Itala M. Loffredo D'Ottaviano
Full Professor in Logic and the Foundations of Science
Member and Researcher of the *Centre for Logic, Epistemology and the* *History
of Science* at the University of Campinas
Research Fellow of the *Brazilian National Council for Scientific and
Technological Development*
Titular Member, *Brazilian Academy of Philosophy* (Rio de Janeiro)
Emeritus Member, *Académie Internationale de Philosophie de Sciences *
(Bruxelles)
Titular Member, *Institut International de Philosophie *(Paris-Nancy)
Editor of *Coleção CLE, *by the *Centre for Logic, Epistemology and
the* *History
of Science.*


Em sáb., 6 de jan. de 2024 às 22:55, Walter Carnielli 
escreveu:

> Finalmente o CNPq parece estar despertando de seu sono dogmático!
>
>  Bela iniciativa, deveria ser extensiva a outros casos de desatenção.
>
>
> W.
>
>
> Em sáb., 6 de jan. de 2024 21:12, Joao Marcos 
> escreveu:
>
>> > Sem querer estender muito mais este assunto OFF, parece-me essencial
>> > enfatizar o conteúdo deste tweet da professora Carlotto:
>> >
>> https://twitter.com/maria___maria/status/1740070734318502251?t=jWvYDt6r6Zggo2PX-YZyeg=08
>> > Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e
>> > "mulheres-com-filhos-para-cuidar" são duas categorias *quase que
>> > completamente distintas*, na Academia (mesmo aqui neste fórum, temos
>> > aparentemente bem menos representantes desta última categoria do que
>> > da primeira), e entendo que há que se fazer uma forcinha para elaborar
>> > políticas públicas efetivas que levem isto seriamente em consideração.
>>
>> Pronto:
>>
>> https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/noticias/cnpq-em-acao/nota-informativa
>> "Considerando que os critérios de julgamento adotados pelos CAs devem
>> ser revistos a cada três anos e a próxima revisão será feita a partir
>> de março deste ano, a Diretoria Executiva determinou tornar
>> obrigatório incluir o critério de que o período de avaliação da
>> produtividade científica da(o)s proponentes seja estendido por dois
>> anos, para cada parto ou adoção que ocorrer dentro do prazo estipulado
>> na chamada."
>>
>> Uma das múltiplas repercussões disto na imprensa, hoje:
>>
>> CNPq torna obrigatória extensão de 2 anos por gestação em editais de
>> bolsas de produtividade no país
>> - Avaliação anterior penalizava pesquisadoras que são mães; parecer
>> preconceituoso de professora suscitou debate sobre igualdade de gênero
>> na ciência
>>
>> https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2024/01/cnpq-torna-obrigatoria-extensao-de-2-anos-por-gestacao-em-editais-de-bolsas-de-produtividade-no-pais.shtml
>>
>> Está de parabéns o CNPq pela justa e expedita reação! (mesmo que ainda
>> não tenha ficado inteiramente claro, do que está escrito na nota do
>> CNPq, quem seriam os beneficiados pelo "parto ou adoção", e como isto
>> seria computado na prática)
>>
>> > Como já disse antes Elaine, neste mesmo fio, nossos órgãos de fomento,
>> > via de regra, "recrutam pareceristas sem o mínimo treinamento e
>> > orientação".  (Aliás, treinamento não é o forte das nossas
>> > universidades, onde professores são frequentemente recrutados sem
>> > receber qualquer treinamento ou orientação --- nem sequer para se
>> > apresentarem em público, que dirá para dar aulas minimamente bem
>> > organizadas, motivadoras e inclusivas.)  Isso precisa mudar!
>>
>> Da nota acima, parece que esta mudança também será iniciada, mas tudo
>> indica que levará mais tempo para acontecer --- afinal, "Códigos de
>> Ética" raramente têm o mesmo efeito de "treinamento ou orientação", e
>> o efeito é ainda menor se o desrespeito aos ditos códigos não tiver
>> implicações práticas.
>>
>> []s, JM
>>
>> --
>> http://sequiturquodlibet.googlepages.com/
>>
>> --
>> LOGICA-L
>> Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
>> Lógica 
>> ---
>> Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L"
>> dos Grupos do Google.
>> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele,
>> envie um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br.
>> Para acessar esta discussão na web, acesse
>> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAO6j_LjnOD4CsNKvDjGX_GcbmMw-aQkLqDRGj7nm09Ry5n6JBA%40mail.gmail.com
>> .
>>
> --
> LOGICA-L
> Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
> Lógica 
> ---
> Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos
> Grupos do Google.
> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie
> um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br.
> Para 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-06 Por tôpico Walter Carnielli
Finalmente o CNPq parece estar despertando de seu sono dogmático!

 Bela iniciativa, deveria ser extensiva a outros casos de desatenção.


W.

Em sáb., 6 de jan. de 2024 21:12, Joao Marcos  escreveu:

> > Sem querer estender muito mais este assunto OFF, parece-me essencial
> > enfatizar o conteúdo deste tweet da professora Carlotto:
> >
> https://twitter.com/maria___maria/status/1740070734318502251?t=jWvYDt6r6Zggo2PX-YZyeg=08
> > Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e
> > "mulheres-com-filhos-para-cuidar" são duas categorias *quase que
> > completamente distintas*, na Academia (mesmo aqui neste fórum, temos
> > aparentemente bem menos representantes desta última categoria do que
> > da primeira), e entendo que há que se fazer uma forcinha para elaborar
> > políticas públicas efetivas que levem isto seriamente em consideração.
>
> Pronto:
>
> https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/noticias/cnpq-em-acao/nota-informativa
> "Considerando que os critérios de julgamento adotados pelos CAs devem
> ser revistos a cada três anos e a próxima revisão será feita a partir
> de março deste ano, a Diretoria Executiva determinou tornar
> obrigatório incluir o critério de que o período de avaliação da
> produtividade científica da(o)s proponentes seja estendido por dois
> anos, para cada parto ou adoção que ocorrer dentro do prazo estipulado
> na chamada."
>
> Uma das múltiplas repercussões disto na imprensa, hoje:
>
> CNPq torna obrigatória extensão de 2 anos por gestação em editais de
> bolsas de produtividade no país
> - Avaliação anterior penalizava pesquisadoras que são mães; parecer
> preconceituoso de professora suscitou debate sobre igualdade de gênero
> na ciência
>
> https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2024/01/cnpq-torna-obrigatoria-extensao-de-2-anos-por-gestacao-em-editais-de-bolsas-de-produtividade-no-pais.shtml
>
> Está de parabéns o CNPq pela justa e expedita reação! (mesmo que ainda
> não tenha ficado inteiramente claro, do que está escrito na nota do
> CNPq, quem seriam os beneficiados pelo "parto ou adoção", e como isto
> seria computado na prática)
>
> > Como já disse antes Elaine, neste mesmo fio, nossos órgãos de fomento,
> > via de regra, "recrutam pareceristas sem o mínimo treinamento e
> > orientação".  (Aliás, treinamento não é o forte das nossas
> > universidades, onde professores são frequentemente recrutados sem
> > receber qualquer treinamento ou orientação --- nem sequer para se
> > apresentarem em público, que dirá para dar aulas minimamente bem
> > organizadas, motivadoras e inclusivas.)  Isso precisa mudar!
>
> Da nota acima, parece que esta mudança também será iniciada, mas tudo
> indica que levará mais tempo para acontecer --- afinal, "Códigos de
> Ética" raramente têm o mesmo efeito de "treinamento ou orientação", e
> o efeito é ainda menor se o desrespeito aos ditos códigos não tiver
> implicações práticas.
>
> []s, JM
>
> --
> http://sequiturquodlibet.googlepages.com/
>
> --
> LOGICA-L
> Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
> Lógica 
> ---
> Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L"
> dos Grupos do Google.
> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie
> um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br.
> Para acessar esta discussão na web, acesse
> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAO6j_LjnOD4CsNKvDjGX_GcbmMw-aQkLqDRGj7nm09Ry5n6JBA%40mail.gmail.com
> .
>

-- 
LOGICA-L
Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de Lógica 

--- 
Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos 
Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um 
e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br.
Para acessar esta discussão na web, acesse 
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAOrCsLdPFoR0B1fHsXpze0OEJi-Ts4G%3DscT4Jvmt3LdQDTgNBA%40mail.gmail.com.


Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2024-01-06 Por tôpico Joao Marcos
> Sem querer estender muito mais este assunto OFF, parece-me essencial
> enfatizar o conteúdo deste tweet da professora Carlotto:
> https://twitter.com/maria___maria/status/1740070734318502251?t=jWvYDt6r6Zggo2PX-YZyeg=08
> Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e
> "mulheres-com-filhos-para-cuidar" são duas categorias *quase que
> completamente distintas*, na Academia (mesmo aqui neste fórum, temos
> aparentemente bem menos representantes desta última categoria do que
> da primeira), e entendo que há que se fazer uma forcinha para elaborar
> políticas públicas efetivas que levem isto seriamente em consideração.

Pronto:
https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/noticias/cnpq-em-acao/nota-informativa
"Considerando que os critérios de julgamento adotados pelos CAs devem
ser revistos a cada três anos e a próxima revisão será feita a partir
de março deste ano, a Diretoria Executiva determinou tornar
obrigatório incluir o critério de que o período de avaliação da
produtividade científica da(o)s proponentes seja estendido por dois
anos, para cada parto ou adoção que ocorrer dentro do prazo estipulado
na chamada."

Uma das múltiplas repercussões disto na imprensa, hoje:

CNPq torna obrigatória extensão de 2 anos por gestação em editais de
bolsas de produtividade no país
- Avaliação anterior penalizava pesquisadoras que são mães; parecer
preconceituoso de professora suscitou debate sobre igualdade de gênero
na ciência
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2024/01/cnpq-torna-obrigatoria-extensao-de-2-anos-por-gestacao-em-editais-de-bolsas-de-produtividade-no-pais.shtml

Está de parabéns o CNPq pela justa e expedita reação! (mesmo que ainda
não tenha ficado inteiramente claro, do que está escrito na nota do
CNPq, quem seriam os beneficiados pelo "parto ou adoção", e como isto
seria computado na prática)

> Como já disse antes Elaine, neste mesmo fio, nossos órgãos de fomento,
> via de regra, "recrutam pareceristas sem o mínimo treinamento e
> orientação".  (Aliás, treinamento não é o forte das nossas
> universidades, onde professores são frequentemente recrutados sem
> receber qualquer treinamento ou orientação --- nem sequer para se
> apresentarem em público, que dirá para dar aulas minimamente bem
> organizadas, motivadoras e inclusivas.)  Isso precisa mudar!

Da nota acima, parece que esta mudança também será iniciada, mas tudo
indica que levará mais tempo para acontecer --- afinal, "Códigos de
Ética" raramente têm o mesmo efeito de "treinamento ou orientação", e
o efeito é ainda menor se o desrespeito aos ditos códigos não tiver
implicações práticas.

[]s, JM

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Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Joao Marcos
Salve!

Sem querer estender muito mais este assunto OFF, parece-me essencial
enfatizar o conteúdo deste tweet da professora Carlotto:
https://twitter.com/maria___maria/status/1740070734318502251?t=jWvYDt6r6Zggo2PX-YZyeg=08
Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e
"mulheres-com-filhos-para-cuidar" são duas categorias *quase que
completamente distintas*, na Academia (mesmo aqui neste fórum, temos
aparentemente bem menos representantes desta última categoria do que
da primeira), e entendo que há que se fazer uma forcinha para elaborar
políticas públicas efetivas que levem isto seriamente em consideração.

Como já disse antes Elaine, neste mesmo fio, nossos órgãos de fomento,
via de regra, "recrutam pareceristas sem o mínimo treinamento e
orientação".  (Aliás, treinamento não é o forte das nossas
universidades, onde professores são frequentemente recrutados sem
receber qualquer treinamento ou orientação --- nem sequer para se
apresentarem em público, que dirá para dar aulas minimamente bem
organizadas, motivadoras e inclusivas.)  Isso precisa mudar!

Boas Festas a todos,
Joao Marcos

PS: No que diz respeito ao lugar de fala, como os colegas devem saber,
tive a má sorte de conhecer perfeitamente, de experiência própria, as
agruras de ser pai solo e sem qualquer rede de apoio.  Pertenço,
contudo, a uma sub-categoria pequena e praticamente invisível de
cuidadores, composta de indivíduos do sexo masculino.  As coisas deste
lado não são fáceis, posso atestar.


On Fri, Dec 29, 2023 at 9:24 AM Cassiano Terra Rodrigues
 wrote:
>
> Camaradas, bons dias.
>
> Nenhuma injustiça social vai acabar só com reflexão e ponderação e sem ações 
> coletivas.  Nesse sentido, divulgo aqui a iniciativa da professora Débora 
> Diniz (antropologia, UnB).
> Quem recebeu algum parecer misógino na vida, pode enviar a ela pelo email:
>
> pareceresmisogi...@gmail.com
>
> Segundo entendi, a ideia inicial é criar uma conversa com mulheres q passaram 
> por isso para trocar experiências e decidir o q fazer.
> Mais infos podem ser obtidas com ela mesma. Deixo aqui o link para a 
> publicação no Instagram da professora:
> https://www.instagram.com/p/C1Z-fBsIFi_/?igsh=eGFmaDF5dWwxOTV4
>
> Saudações e votos de q em 2024 saibamos aproveitar bem as oportunidades de 
> luta coletiva.
>
> cass.

On Fri, Dec 29, 2023 at 5:03 AM Elaine Pimentel
 wrote:
>
> Caro Walter,
>
> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e essa 
> notícia me abalou muito mesmo.
>
> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens 
> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a 
> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>
> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser 
> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver um 
> balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis como 
> esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou isso??)
>
> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens 
> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e 
> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>
> Abraços bem sem muita esperança,
>
> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli  wrote:
>>
>>
>> Colegas:
>>
>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros 
>> lugares.
>>
>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou 
>> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>
>> ///
>>
>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social, 
>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria 
>> Carlotto, que expôs na internet o teor do parecer que recebeu do Conselho 
>> Nacional Científico e Tecnológico (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de 
>> Ciência e Tecnologia, negando uma bolsa produtividade com argumentos que 
>> chocaram a comunidade acadêmica no País.
>>
>> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no exterior e 
>> considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve dois filhos 
>> ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade como um 
>> empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em instituições 
>> internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e acabou projetada 
>> em jornais como a Folha de S. Paulo.
>>
>> “Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha 
>> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro? 
>> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que 
>> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”, escreveu Maria 
>> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de 
>> visualização na plataforma.
>>
>>
>> Para a advogado e antropóloga Debora Diniz, “há vários erros neste parecer. 
>> Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a arrogância”.
>>
>> “Não sei o que o parecer 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Julio Stern

Caro Eduardo:
> o Tom de voz é muito mais importante do que os argumentos..

Nao exatamente, pois sem boas teses e bons argumentos,
as ideias e os conteudos se esvaem.

Todavia, o Tom de Voz eh importante tambem.
Um tom agresivo, pode repelir aqueles a quem seria possivel convencer.
Como dizia o Ulysses Guimaraes:
Politica eh ciscar p'ra dentro -- Quem cisca p'ra fora eh galinha.   :-)

Mais importante ainda eh permitir Tons de Cinza, e ate de Cor!
No mundo Booleano ha opcoes, mas nao ha acordos.
Pontos de equilibrio sao caracteristicos de systemas continuos,
ou aproximacoes destes por sistemas multi-estado.

Tudo de bom,  ---Julio Stern



From: Eduardo Ochs 
Sent: Friday, December 29, 2023 2:00 PM
To: Julio Stern 
Cc: Wagner de Campos Sanz ; elaine.pimen...@gmail.com 
; Lista acadêmica brasileira dos profissionais e 
estudantes da área de LOGICA 
Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o 
primeiro

Oi Julio,

On Fri, 29 Dec 2023 at 07:39, Julio Stern  wrote:
>
> Finalmente, reconheco que estas sao questoes dificeis.
>
> Na pratica, o manejo destes problemas "resiste" a nossas teorizacoes
> e categorizacoes, e a "inercia dos velhos habitos" sempre permeia e
> contamina nossas (coletiva e endividualmente) decisoes e acoes.
>
> Como avancar para resolver estes problemas, sem gerar reacoes,
> recuos e retrocessos maiores e piores que possiveis avancos?
>
> Com paciencia, muito mais paciencia, disponibilidade (de ouvir mais
> do que falar), boa vontade (de refletir e mudar de opiniao),
> determinacao (de seguir adiante), discursos sobrios e
> esclarecedores, evitando a cada passo polarizacoes paralizantes e
> buscando a construcao de consensos.

acho que aqui você levantou um ponto interessantíssimo - provavelmente
sem notar. Deixa eu começar copiando algumas das últimas falas do
"Manufacturing Consent", que é um documentário sobre o Noam Chomsky
que foi lançado em 1992...

  He's up there thinking for himself. And he's deciphering this
  tremendously overweighted body of information, which he puts into an
  order and gives you the feeling that you can do the same thing, that
  the whole thing is decipherable. And he also gives you the sense
  that there is a source, there is a centre to the... to a dissenting
  population, although we feel that there's no centre... reactivated
  in me a desire to get back... get reacquainted with the political
  scene ater 30 years of alienation from it.

  You do hundreds of interviews and lectures. And you're dealing with
  massacres in East Timor and invasions of Panama, etc. Pretty
  horrific stuff- death squads. What keeps you going? Don't you get
  burned out on this material?

  It's mainly a matter of whether you can look yourself in the mirror,
  I think.

Pelo que eu entendi você acha que o mais importante é a gente
encontrar o tom de voz certo pra conseguir conversar com as pessoas em
torno da gente - incluindo as pessoas perpetradoras de atrocidades e
as cúmplices delas - sem que elas se fechem, né? Ou seja, o tom de voz
é muito mais importante do que os argumentos...

Acho que não vou conseguir escrever o resto do que eu tinha planejado
- mas pelo menos vou contar o motivo. O meu departamento aqui em Rio
das Ostras virou uma espécie de Apocalipse Zumbi... as pessoas não
conseguem mais ler textos com mais de um parágrafo, elas argumentam
com argumentos louquérrimos, cometem altas barbaridades sem notar, e
depois todo mundo fica tendo que lidar com as consequências das
barbaridades delas. Lógicas Zumbis são muito diferente de Lógicas
Humanas, e eu, que leio muito mas sou bem ruim em conversar por voz,
não tou conseguindo conversar com elas bem o suficiente e tou
desesperado & puto.

  [[]],
Eduardo

-- 
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Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Eduardo Ochs
Oi Julio,

On Fri, 29 Dec 2023 at 07:39, Julio Stern  wrote:
>
> Finalmente, reconheco que estas sao questoes dificeis.
>
> Na pratica, o manejo destes problemas "resiste" a nossas teorizacoes
> e categorizacoes, e a "inercia dos velhos habitos" sempre permeia e
> contamina nossas (coletiva e endividualmente) decisoes e acoes.
>
> Como avancar para resolver estes problemas, sem gerar reacoes,
> recuos e retrocessos maiores e piores que possiveis avancos?
>
> Com paciencia, muito mais paciencia, disponibilidade (de ouvir mais
> do que falar), boa vontade (de refletir e mudar de opiniao),
> determinacao (de seguir adiante), discursos sobrios e
> esclarecedores, evitando a cada passo polarizacoes paralizantes e
> buscando a construcao de consensos.

acho que aqui você levantou um ponto interessantíssimo - provavelmente
sem notar. Deixa eu começar copiando algumas das últimas falas do
"Manufacturing Consent", que é um documentário sobre o Noam Chomsky
que foi lançado em 1992...

  He's up there thinking for himself. And he's deciphering this
  tremendously overweighted body of information, which he puts into an
  order and gives you the feeling that you can do the same thing, that
  the whole thing is decipherable. And he also gives you the sense
  that there is a source, there is a centre to the... to a dissenting
  population, although we feel that there's no centre... reactivated
  in me a desire to get back... get reacquainted with the political
  scene ater 30 years of alienation from it.

  You do hundreds of interviews and lectures. And you're dealing with
  massacres in East Timor and invasions of Panama, etc. Pretty
  horrific stuff- death squads. What keeps you going? Don't you get
  burned out on this material?

  It's mainly a matter of whether you can look yourself in the mirror,
  I think.

Pelo que eu entendi você acha que o mais importante é a gente
encontrar o tom de voz certo pra conseguir conversar com as pessoas em
torno da gente - incluindo as pessoas perpetradoras de atrocidades e
as cúmplices delas - sem que elas se fechem, né? Ou seja, o tom de voz
é muito mais importante do que os argumentos...

Acho que não vou conseguir escrever o resto do que eu tinha planejado
- mas pelo menos vou contar o motivo. O meu departamento aqui em Rio
das Ostras virou uma espécie de Apocalipse Zumbi... as pessoas não
conseguem mais ler textos com mais de um parágrafo, elas argumentam
com argumentos louquérrimos, cometem altas barbaridades sem notar, e
depois todo mundo fica tendo que lidar com as consequências das
barbaridades delas. Lógicas Zumbis são muito diferente de Lógicas
Humanas, e eu, que leio muito mas sou bem ruim em conversar por voz,
não tou conseguindo conversar com elas bem o suficiente e tou
desesperado & puto.

  [[]],
Eduardo

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Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Elaine Pimentel
> "enquanto não se tiver um balanço de diversidade nesses comitês"...
>

*É fato* que comitês diversos diminuem a chance de que violências de gênero
dentro da academia como essa descrita na mensagem inicial venham a ocorrer.
Isso não implica que deixem de existir. E de jeito nenhum implica que o
parecerista é homem... ou que eu disse isso...


> "Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
> brancos de meia idade."...
>

Sim, se você é um homem branco de meia idade a probabilidade de você ser
discriminado por gênero é quase nula. Ou estou errada? Quem já viu um
parecer do tipo: fulano não produziu o suficiente porque teve 2 filhos?

De novo, isso não diz nada sobre a pessoa que fez o parecer, mas sobre a
pessoa que sofreu a violência. Essa foi uma mulher.


> Digamos que eu tive fortes bases indutivas ...
>

Acho que suas bases devem ser revistas :)

Abraços,


>
>
> Em sex., 29 de dez. de 2023 06:20, Elaine Pimentel <
> elaine.pimen...@gmail.com> escreveu:
>
>> Caro Wagner,
>>
>> Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de
>> que são despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você
>> chegou a essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)
>>
>> Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o
>> tempo todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter
>> comitês mais diversos -- acredito nisso piamente!
>>
>> Abraços,
>>
>> On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz <
>> wagners...@gmail.com> wrote:
>>
>>> Querida Elaine e colegas,
>>>
>>> Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas
>>> nem podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
>>> parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
>>> Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de
>>> cretinos e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das
>>> Ifes votou no Valdemort.
>>> A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido
>>> outro. Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...
>>>
>>> Saudações,
>>>
>>> Wagner Sanz
>>>
>>> -- Forwarded message -
>>> De: Elaine Pimentel 
>>> Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
>>> Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
>>> primeiro
>>> To: Walter Carnielli 
>>> Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
>>> LOGICA 
>>>
>>>
>>> Caro Walter,
>>>
>>> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
>>> essa notícia me abalou muito mesmo.
>>>
>>> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
>>> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
>>> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>>>
>>> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
>>> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
>>> um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
>>> como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
>>> isso??)
>>>
>>> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
>>> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
>>> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>>>
>>> Abraços bem sem muita esperança,
>>>
>>> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
>>> wrote:
>>>
>>>>
>>>> Colegas:
>>>>
>>>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
>>>> lugares.
>>>>
>>>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm,
>>>> ou aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>>>
>>>> ///
>>>>
>>>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
>>>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
>>>> Carlotto <https://linktr.ee/mariaccarlotto>, que expôs na internet o
>>>> teor do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
>>>> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
>>>> bo

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Julio Stern

Walter, Elaine, Wagner e demais redistas:
Meus 3 centavos sobre o caso:

(1) O parecer em tela eh horrivel, deveria ter side descartado (e nunca ter 
sido enviado), e o parecerista nao deveria ser mais convidado para tarefas 
deste tipo.

(2) Eh preciso dar treinamento adequado as pessoas no que tange a normas de 
comportamento social, pois estas sao mutaveis ao longo de tempo, de culturas 
etc.

Exemplo: Em 2001-2002 fui professor visitante na NYU-Binghamton.
Ao chegar la, tive um curso de 3 dias sobre normas (expectativas 
comportamentais, no sentido Luhmanniano) para um professor.

Entre os itens discutidos:
(a) Uma mulher andando sozinha no campus nao anuncia estar "disponivel"; Para 
mim, obvio; para alguns homens vindo do oriente medio, nem tanto!
(b) Eh categoricamente prihibido o relacionamento afetivo entre professores e 
alunos (em qualquer circunstancia). Para os Americanos, obvio; Para alguns 
Sul-Americanos e Europeus, nem tanto...

No meu entender, a Instituicao dever esclarecer e explicitar suas normas de 
comportamento em Codigos de Conduta.
Estes podem e devem mudar ao longo do tempo mas, deve existir uma referencia 
clara e facilmente disponivel para as normas vigentes.
Ademais, deve haver um treinamento basico para professores e funcionarios, 
preferencialmente via discussao do Codigo de Conduta (existente) em exemplos 
concretos de aplicacao.
Este treinamento deve ter a dupla funcao de exclarecer aqueles que se prestam 
aa suas funcoes, e triar os que nao se prestam a determinadas tarefas.

(3) Na minha opiniao, Codigos de Conduta devem exprimir valores (relativamente) 
consensuais, em oposicao a serem instrumentos de ativismo e doutrinacao de 
vanguardas ideologicas (pois vanguardas ha muitas, cada uma seguindo seu 
proprio caminho).

Em particular, no que tange ao comentario da Elaine:
Acho que (quase) todos concordam que eh necessario lutar por uma maior e melhor 
participacao de grupos sub-representados na sociedade, dar voz nas instancias 
de decisao a representantes destes grupos, dar voz nas instancias de decisao a 
representantes de grupos com necessidades especificas, etc.

Todavia (ja Fora do escopo do comentario da Elaine):
Nao creio ser consensual ter como norma substituir Equidade ao inves de 
Igualdade (Equity instead of Equality) como criterio de justica social.
Eu, pelo menos nao acho que este seja um criterio desejavel, ou mesmo viavel, 
para construir uma sociedade melhor.

Finalmente, reconheco que estas sao questoes dificeis.
Na pratica, o manejo destes problemas "resiste" a nossas teorizacoes e 
categorizacoes, e a "inercia dos velhos habitos" sempre permeia e contamina 
nossas (coletiva e endividualmente) decisoes e acoes.

Como avancar para resolver estes problemas, sem gerar reacoes, recuos e 
retrocessos maiores e piores que possiveis avancos?
Com paciencia, muito mais paciencia, disponibilidade (de ouvir mais do que 
falar), boa vontade (de refletir e mudar de opiniao), determinacao (de seguir 
adiante), discursos sobrios e esclarecedores, evitando a cada passo 
polarizacoes paralizantes e buscando a construcao de consensos.

Fico por aqui com meus 3 centavos.
Vamos em frente que atras vem gente.
Tudo de bom para 2004 e o futuro,
---Julio Stern














From: logica-l@dimap.ufrn.br  on behalf of Elaine 
Pimentel 
Sent: Friday, December 29, 2023 9:21 AM
To: Wagner de Campos Sanz 
Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA 

Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o 
primeiro

Caro Wagner,

Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de que são 
despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você chegou a 
essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)

Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o tempo 
todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter comitês mais 
diversos -- acredito nisso piamente!

Abraços,

On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz 
mailto:wagners...@gmail.com>> wrote:
Querida Elaine e colegas,

Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas nem podem 
haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No parecer consta 
que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de cretinos e 
cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das Ifes votou no 
Valdemort.
A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido outro. 
Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...

Saudações,

Wagner Sanz

-- Forwarded message -
De: Elaine Pimentel 
mailto:elaine.pimen...@gmail.com>>
Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o 
primeiro
To: Walter Carnielli mailto:walt

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Wagner de Campos Sanz
"enquanto não se tiver um balanço de diversidade nesses comitês"...

"Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
brancos de meia idade."...

Digamos que eu tive fortes bases indutivas ...


Em sex., 29 de dez. de 2023 06:20, Elaine Pimentel <
elaine.pimen...@gmail.com> escreveu:

> Caro Wagner,
>
> Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de que
> são despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você
> chegou a essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)
>
> Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o
> tempo todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter
> comitês mais diversos -- acredito nisso piamente!
>
> Abraços,
>
> On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz <
> wagners...@gmail.com> wrote:
>
>> Querida Elaine e colegas,
>>
>> Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas nem
>> podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
>> parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
>> Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de
>> cretinos e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das
>> Ifes votou no Valdemort.
>> A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido outro.
>> Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...
>>
>> Saudações,
>>
>> Wagner Sanz
>>
>> ------ Forwarded message -
>> De: Elaine Pimentel 
>> Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
>> Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
>> primeiro
>> To: Walter Carnielli 
>> Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
>> LOGICA 
>>
>>
>> Caro Walter,
>>
>> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
>> essa notícia me abalou muito mesmo.
>>
>> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
>> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
>> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>>
>> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
>> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
>> um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
>> como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
>> isso??)
>>
>> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
>> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
>> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>>
>> Abraços bem sem muita esperança,
>>
>> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
>> wrote:
>>
>>>
>>> Colegas:
>>>
>>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
>>> lugares.
>>>
>>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm,
>>> ou aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>>
>>> ///
>>>
>>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
>>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
>>> Carlotto <https://linktr.ee/mariaccarlotto>, que expôs na internet o
>>> teor do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
>>> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
>>> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
>>> País.
>>>
>>> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no
>>> exterior e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve
>>> dois filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade
>>> como um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em
>>> instituições internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e
>>> acabou projetada em jornais como a Folha de S. Paulo.
>>>
>>> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
>>> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
>>> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
>>> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
>>> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
>>> visualização 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Elaine Pimentel
Caro Wagner,

Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de que
são despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você
chegou a essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)

Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o tempo
todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter comitês
mais diversos -- acredito nisso piamente!

Abraços,

On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz 
wrote:

> Querida Elaine e colegas,
>
> Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas nem
> podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
> parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
> Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de cretinos
> e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das Ifes votou
> no Valdemort.
> A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido outro.
> Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...
>
> Saudações,
>
> Wagner Sanz
>
> -- Forwarded message -
> De: Elaine Pimentel 
> Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
> Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
> primeiro
> To: Walter Carnielli 
> Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
> LOGICA 
>
>
> Caro Walter,
>
> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
> essa notícia me abalou muito mesmo.
>
> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>
> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
> um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
> como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
> isso??)
>
> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>
> Abraços bem sem muita esperança,
>
> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
> wrote:
>
>>
>> Colegas:
>>
>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
>> lugares.
>>
>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou
>> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>
>> ///
>>
>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
>> Carlotto <https://linktr.ee/mariaccarlotto>, que expôs na internet o
>> teor do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
>> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
>> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
>> País.
>>
>> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no
>> exterior e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve
>> dois filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade
>> como um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em
>> instituições internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e
>> acabou projetada em jornais como a Folha de S. Paulo.
>>
>> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
>> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
>> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
>> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
>> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
>> visualização na plataforma.
>>
>> Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
>> <https://www.instagram.com/p/C1ZKhxPoeE5/?igsh=YnphbHNycXhwaHd4>*, *“há
>> vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
>> arrogância”.*
>>
>> *“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho de
>> dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
>> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
>> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
>> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
>> selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa
>

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Wagner de Campos Sanz
Querida Elaine e colegas,

Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas nem
podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de cretinos
e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das Ifes votou
no Valdemort.
A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido outro.
Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...

Saudações,

Wagner Sanz

-- Forwarded message -
De: Elaine Pimentel 
Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
primeiro
To: Walter Carnielli 
Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
LOGICA 


Caro Walter,

Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
essa notícia me abalou muito mesmo.

Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.

Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
"recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
isso??)

Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.

Abraços bem sem muita esperança,

On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
wrote:

>
> Colegas:
>
> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
> lugares.
>
> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou
> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>
> ///
>
> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
> Carlotto <https://linktr.ee/mariaccarlotto>, que expôs na internet o teor
> do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
> País.
>
> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no exterior
> e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve dois
> filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade como
> um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em instituições
> internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e acabou projetada
> em jornais como a Folha de S. Paulo.
>
> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
> visualização na plataforma.
>
> Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
> <https://www.instagram.com/p/C1ZKhxPoeE5/?igsh=YnphbHNycXhwaHd4>*, *“há
> vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
> arrogância”.*
>
> *“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho de
> dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
> selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa
> publicação no Instagram.
>
> *“Está fora da imaginação intelectual do parecerista a possibilidade de
> uma formação sólida e continuada no país. Está fora da imaginação que uma
> mulher com filhos possa ser doutora, pesquisadora e professora. A tal ponto
> que se candidata ao início da carreira de pesquisadora do CNPq”,* completou
> a jurista.
>
> O outro lado
>
> Em nota, o CNPq pediu desculpas pela situação, alegando que *“tal juízo é
> inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a
> concorrência em tal edital quanto por expressar juízo preconceituoso com as
> circunstâncias associadas à gestação. Não é, portanto, compatível com os
> princípios que regem as políticas desta agência de fomento. A agência tem
> em suas normas, inclusive extensões de períodos de bolsa e de avaliação em
> decorrência de maternidade”.*
>
> O órgã

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Elaine Pimentel
Caro Walter,

Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
essa notícia me abalou muito mesmo.

Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.

Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
"recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
isso??)

Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.

Abraços bem sem muita esperança,

On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
wrote:

>
> Colegas:
>
> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
> lugares.
>
> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou
> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>
> ///
>
> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
> Carlotto , que expôs na internet o teor
> do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
> País.
>
> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no exterior
> e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve dois
> filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade como
> um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em instituições
> internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e acabou projetada
> em jornais como a Folha de S. Paulo.
>
> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
> visualização na plataforma.
>
> Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
> *, *“há
> vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
> arrogância”.*
>
> *“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho de
> dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
> selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa
> publicação no Instagram.
>
> *“Está fora da imaginação intelectual do parecerista a possibilidade de
> uma formação sólida e continuada no país. Está fora da imaginação que uma
> mulher com filhos possa ser doutora, pesquisadora e professora. A tal ponto
> que se candidata ao início da carreira de pesquisadora do CNPq”,* completou
> a jurista.
>
> O outro lado
>
> Em nota, o CNPq pediu desculpas pela situação, alegando que *“tal juízo é
> inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a
> concorrência em tal edital quanto por expressar juízo preconceituoso com as
> circunstâncias associadas à gestação. Não é, portanto, compatível com os
> princípios que regem as políticas desta agência de fomento. A agência tem
> em suas normas, inclusive extensões de períodos de bolsa e de avaliação em
> decorrência de maternidade”.*
>
> O órgão explicou também que *“tal juízo foi formulado em parecer ad hoc,
> não tendo sido corroborado pelo comitê assessor responsável pelo
> julgamento, o qual fez análise de mérito comparativo com as propostas da
> mesma área apresentadas no edital e sopesou a disponibilidade de recursos
> orçamentários, sem considerar tal parecer. Os pareceres ad hoc são emitidos
> por especialistas, respeitando o sigilo de sua autoria, e são subsídios que
> os comitês podem ou não incorporar em seus julgamentos. Ademais, os
> julgamentos podem ser objeto de recursos pelos proponentes, recursos estes
> que são julgados por comissão institucional sem a participação dos comitês
> que fizeram o julgamento preliminar”.*
>
> Para Debora Diniz, não basta o CNPq fazer uma retratação pública.* “Não é
> matéria de desculpa apenas: é urgente a atuação institucional para a
> compreensão da seriedade da pareceres, da sensibilidade para gênero, raça e
> região da candidata. É preciso anular este ciclo decisório das bolsas,
> comprometer-se ao treinamento dos parecerista, substitui-los, 

[Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-28 Por tôpico Walter Carnielli
Colegas:

Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
lugares.

Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou
aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.

///

Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
Carlotto , que expôs na internet o teor
do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
(CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
País.

O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no exterior
e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve dois
filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade como
um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em instituições
internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e acabou projetada
em jornais como a Folha de S. Paulo.

*“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
visualização na plataforma.

Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
*, *“há
vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
arrogância”.*

*“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho de
dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa publicação
no Instagram.

*“Está fora da imaginação intelectual do parecerista a possibilidade de uma
formação sólida e continuada no país. Está fora da imaginação que uma
mulher com filhos possa ser doutora, pesquisadora e professora. A tal ponto
que se candidata ao início da carreira de pesquisadora do CNPq”,* completou
a jurista.

O outro lado

Em nota, o CNPq pediu desculpas pela situação, alegando que *“tal juízo é
inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a
concorrência em tal edital quanto por expressar juízo preconceituoso com as
circunstâncias associadas à gestação. Não é, portanto, compatível com os
princípios que regem as políticas desta agência de fomento. A agência tem
em suas normas, inclusive extensões de períodos de bolsa e de avaliação em
decorrência de maternidade”.*

O órgão explicou também que *“tal juízo foi formulado em parecer ad hoc,
não tendo sido corroborado pelo comitê assessor responsável pelo
julgamento, o qual fez análise de mérito comparativo com as propostas da
mesma área apresentadas no edital e sopesou a disponibilidade de recursos
orçamentários, sem considerar tal parecer. Os pareceres ad hoc são emitidos
por especialistas, respeitando o sigilo de sua autoria, e são subsídios que
os comitês podem ou não incorporar em seus julgamentos. Ademais, os
julgamentos podem ser objeto de recursos pelos proponentes, recursos estes
que são julgados por comissão institucional sem a participação dos comitês
que fizeram o julgamento preliminar”.*

Para Debora Diniz, não basta o CNPq fazer uma retratação pública.* “Não é
matéria de desculpa apenas: é urgente a atuação institucional para a
compreensão da seriedade da pareceres, da sensibilidade para gênero, raça e
região da candidata. É preciso anular este ciclo decisório das bolsas,
comprometer-se ao treinamento dos parecerista, substitui-los, e novamente o
processo ser aberto.”*

O CNPq afirmou que *“não tolera atitudes que expressem preconceitos de
qualquer natureza, sejam eles de gênero, raça, orientação sexual, religião
ou credo político. Por essa razão, a agência instruirá seu corpo de
pareceristas para maior atenção na emissão de seus pareceres, e a Diretoria
Científica levará este caso concreto à Diretoria Executiva do CNPq para o
exame das providências cabíveis”.*
Violência de gênero

Após a divulgação da nota de esclarecimento, a professora Maria Carlotto voltou
às redes sociais
. Ela
manifestou que o erro foi do parecerista, mas o CNPq *“deveria ter
interditado o parecer como um todo. Na prática, o CNPq me incentivou a
submeter um projeto pós-licença maternidade e me submeteu, depois, a uma
violência de gênero.”*

*“(…) mesmo que eu use o meu direito ao recurso, isso não apaga a violência
cometida. E, de novo, não é sobre mim e sobre este caso, que não deve ser
isolado, mas sobre como vamos construir