[obm-l] Provar que y tem uma infinidade de zeros em R

2015-02-10 Por tôpico Amanda Merryl
Mostre que, se g de R em R é contínua e seu ínfimo em R é positivo, em toda 
solução da EDO

y'' + gy = 0

tem uma infinidade de zeros.

Obrigada.

Amanda
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Re: [obm-l] Provar que y tem uma infinidade de zeros em R

2015-02-10 Por tôpico Ralph Teixeira
Este problema já apareceu aqui na lista, mas acho que ninguém resolveu a
contento. Então vou dar meu palpite.

Seja M o ínfimo positivo de g(x), isto é, g(x)=M0 para todo x real.

---///---
Espírito da demonstração:
a) Se y for positiva e estiver descendo, a EDO faz y descer cada vez mais
rápido, e ela VAI cortar o eixo.
b) Se y for positiva e estiver subindo, fica sempre acima de um certa cota
N. Então y' vai descer à taxa de pelo menos (M.N), e vai acabar ficando
negativa; então recaímos no caso (a).
c) Se y for negativa, é análogo.
---///---

Agora, vamos fazer mais formalmente:

LEMA 1: Se y(a)0, então y admite uma raiz em (a,+Inf).
Dem.: Suponha, por contradição, que não há tal raiz. Vamos analisar o
comportamento de y(x), y'(x) e y''(x) RESTRITAS AO INTERVALO [a,+Inf) (por
abuso de notação, vou continuar chamando as restrições de y, y' e y''). Ou
seja, todas as afirmações se referem apenas ao intervalo [a,+Inf).

Para começar, por continuidade, teríamos y(x)0, e consequentemente
y''(x)=-g(x)y(x)0. Ou seja, y(x) seria uma função côncava.

Se fosse y´(c)0 para algum c=a, isto já daria uma contradição. Afinal, a
reta tangente a y(x) em (c,y(c)) cortaria o eixo à direita de c, e como y é
côncava seu gráfico está ABAIXO desta reta tangente, então o gráfico de
y(x) também deveria cortar o eixo, absurdo. Ou seja, devemos ter y´(x)=0
para todo x=a.

Mas, neste caso, temos y(x) não-decrescente a partir de a, isto é,
y(x)=N0 (onde N=y(a)). Portanto y´´(x)=-g(x).y(x) = -M.N, e então
y´(x) = y(a) - MN.(x-a), que vai ficar negativo para x suficientemente
grande. Isto contradiz o fato de que y´(x)=0 visto acima!

LEMA 2: Se y(a)0, então y admite uma raiz ba.
Análogo ao Lema 1, basta trocar crescente por decrescente e côncava por
convexa.

Conclusões:
A) y tem pelo menos uma raiz.
De fato, se y(0)=0, então 0 é raiz. Senão, pelos lemas anteriores há alguma
raiz em (0,+Inf).
B) y tem infinitas raízes.
De fato, suponha o oposto. Então y teria uma raiz máxima, digamos, Z. Mas
y(Z+2015) seria positivo ou negativo, e pelos LEMAS, haveria uma raiz ainda
maior, absurdo.

Abraço, Ralph.

2015-02-10 14:24 GMT-02:00 Amanda Merryl sc...@hotmail.com:

 Mostre que, se g de R em R é contínua e seu ínfimo em R é positivo, em
 toda solução da EDO

 y'' + gy = 0

 tem uma infinidade de zeros.

 Obrigada.

 Amanda
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Re: [obm-l] Provar que y tem uma infinidade de zeros em R

2015-02-10 Por tôpico Artur Costa Steiner
Vou dar um argumento semelhante ao do Ralph. 

Sendo w  0 o inf g(x) em R, temos que g(x) = w  0 para todo x.

Suponhamos que y tenha um número finito de zeros. Existe então a tal que y não 
se anula em [a, oo). Como y é contínua (é pelo menos duas vezes diferenciável), 
 y não muda de sinal em [a, oo), sendo portanto estritamente positiva ou 
estritamente negativa neste conjunto. 

Para evitar repetições, a partir deste ponto todas as funções citadas são 
entendidas como restritas a [a, oo). 

Suponhamos que y seja positiva. Então, gy é positiva, o que, pela  EDO, implica 
que y'' seja negativa. Logo, y' é estritamente decrescente. Se y' assumir algum 
valor = 0, então lim x -- oo y'(x)  0 e, portanto, lim x -- oo y(x) = -oo, 
contrariando a hipótese de y é positiva. Asim, y' é estritamente positiva, do 
que deduzimos que y é positiva e estritamente crescente. Logo, para x  a temos 
que y(x)  y(a)  0. 

Como g(x)  w  0 para todo x, então para x  a temos que g(x) y(x)  w y(a)  
0. Da EDO, segue-se então que y''(x)  - w y(a)  0 para x  a. Isto, por sua 
vez, implica que y'(x) e, portanto, y(x), tendam a -oo quando x -- oo. Logo, 
temos uma contradição que nos mostra que y ser positiva é uma hipótese 
insustentável. 

Pelo que vimos, temos então que y tem que ser estritamente negativa. Mas isto 
implica que - y seja estritamente positiva além de ser solução da EDO. Conforme 
mostramos, isto é uma contradição. 

Concluimos assim que y tem uma infinidade de zeros em R.

Um problema interessante

Artur Costa Steiner

 Em 10/02/2015, às 14:24, Amanda Merryl sc...@hotmail.com escreveu:
 
 Mostre que, se g de R em R é contínua e seu ínfimo em R é positivo, em 
 toda solução da EDO
 
 y'' + gy = 0
 
 tem uma infinidade de zeros.
 
 Obrigada.
 
 Amanda
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