Re: [PSL-Brasil] GNOME lança programa para incentivar mulheres desenvolvedoras

2006-06-22 Por tôpico Ricardo L. A. Banffy
Eu acho que, se passarmos muito de 50%, estaremos mais ou menos com o 
mesmo problema que tínhamos antes.


[EMAIL PROTECTED] wrote:

Espero que este espaço seja transformado de 21% para no mínimo 50%.
Abraços e parabéns por mais esta conquista.


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Re: [PSL-Brasil] GNOME lança programa para incentivar mulheres desenvolvedoras

2006-06-22 Por tôpico mvdiogo

Oi Fabianne,

No evento do Bro Nacional somente 21% que se pré inscreveram eram mulheres
(qualquer um poderia se inscrever).
No Ceará eu tenho uns 10 amigos homens e a gente conversa software livre,
contrabalanceando apenas uma mulher que é da dataprev.
E a nossa colega da dataprev tem um papel super importante no movimento.
No setor de TI da FIEC tem +-8 homens e 2 mulheres e nosso coordenador é
homem.
Acho que isso é um reflexo da sociedade onde os cursos de Computação
apareciam sempre mais homens do que mulheres (apareciam pelo menos na minha
época 90). Não vejo como fator psicológico ou discriminação. As vezes o
pessoal faz uma brincadeira ou outra mas é mero fruto do acaso e não algo
deliberado.
Como atualmente vejo mais mulheres entrando no mercado elas vão ocupando
mais espaço aos poucos (um chute que estou dando).
Mas como mostra no nosso evento elas não se preocupam tanto com esta
questão ou não estão nos espaços corretos.
Espero que este espaço seja transformado de 21% para no mínimo 50%.
Abraços e parabéns por mais esta conquista.

Marcus de Vasconcelos Diogo da Silva
SENAI CETAFR
fone(085) 32153026


Oi Ricardo,

É sempre muito bom ver pessoas dispostas a discutir a questão de gênero com
seriedade. Homens, então, são uma veradeira raridade.


On 6/20/06, Ricardo L. A. Banffy <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
  Eu não conheço muitas mulheres envolvidas com desenvolvimento de
  software livre, mas eu gostaria de ouvir mais sobre essas barreiras -
  talvez por eu ser homem, essas barreiras, embora existam, sejam
  imperceptíveis pra mim.


Bem, não me considero uma desenvolvedora. Tenho apenas um bom nível de
conhecimento técnico na manipulação de sistemas e algum conhecimento de
linguagens de programação e desenvolvimento de sites. Mas acho que minha
experiência de interação nesse meio pode ilustrar algumas das dificuldades
que encontramos para você...

Quando fiz meu primeiro curso de linux, parecia que eu estava numa corrida
de kart onde todos os homens presentes queriam pelo menos garantir que não
"perderiam" para mim. Um amigo (este sim desenvolvedor mesmo) me falou
rindo que era muito feio para um homem perder para uma mulher, então por aí
você já tem uma idéia. Comparei com corrida de kart porque foi a mesma
sensação que tive quando corria com amigos de meu irmão. Após algum tempo,
eles passaram a me respeitar, mas não era como mulher, e sim como uma
"anomalia", algo fora do "normal".

O problema neste tipo abordagem é que, além de levar a mulher a ter que, de
certa forma, se "masculinizar" (segundo Capra[1], a competição é um
elemento masculino), o tempo ideal para o processo acontecer é comprometido
por um desequilíbrio na própria forma que o homem e mulher encaminham suas
próprias vidas (segundo Jung[2], "(...) a vida, para o homem (ou para a
mulher que teve a mente treinada de forma masculina), é algo que se toma de
assalto, num ato de força de vontade heróica; mas para a mulher, a vida se
realiza melhor através de um processo de despertar progressivo."). Vejam
bem, não acho errado uma mulher competir (tod*s temos elementos femininos e
masculinos dentro de nós). Acho apenas errado ela sempre ser obrigada a
competir num nível muito acima daquele ela enfrentaria se fosse um homem,
pois isso gera um desequilíbrio enorme na sua forma natural de ser.


  Mas é fácil observar outras anomalias estatísticas em populações
  selecionadas.

  É mais fácil ver gente bonita numa Casa Cor do que num FISL. Ao mesmo
  tempo, é mais fácil encontrar pessoas que saibam desenhar de cabeça
  uma
  molécula de cafeína num FISL do que numa Casa Cor. É muito mais fácil

  encontrar piercings numa agência de publicidade do que em um banco.
  Há
  mais cabelo em um encontro de metaleiros do que em um de skinheads.

  Aparentemente, existem muitas outras "cercas invisíveis" à nossa
  volta.


Eu não diria que o problema da questão de gênero se resume a uma cerca
invisível, pois pra mim ela é bem visível. Na realidade, ela é óbvia. Tão
óbvia que acaba ficando escondida em sua obviedade (quem aqui nega que as
coisas óbvias por vezes são as mais difíceis de se ver?). E a raiz mais
profunda desse problema, na minha opinião, encontra-se numa certa árvore do
conhecimento, de cujo fruto proibido certa mulher ousou desfrutar e, tendo
também seduzido um homem a faze-lo, amaldiçoou para sempre a humaninade,
expulsando-n*s da possibilidade uma vida maravilhosa dentro do Paraíso...

ah, como nós somos más! >)


[1] CAPRA, Frijof, O Tao da Física. São Paulo: Cultrix, 1984.
[2] Jung, Carl Gustav. O Homem e Seus Símbolos, Editora Nova Fronteira, Rio
de Janeiro, 1991.


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Fabianne Balvedi
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Re: [PSL-Brasil] GNOME lança programa para incentivar mulheres desenvolvedoras

2006-06-21 Por tôpico fernanda

Quoting Pedro de Medeiros <[EMAIL PROTECTED]>:

 É sempre muito bom ver pessoas dispostas a discutir a questão de gênero com
seriedade. Homens, então, são uma veradeira raridade.


É verdade. Até hoje, conheci uns 2 ou três que eu não tivesse, em algum ponto,
discutido depois de comecar a debater gênero.


On 6/20/06, Ricardo L. A. Banffy <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
> Eu não conheço muitas mulheres envolvidas com desenvolvimento de
> software livre, mas eu gostaria de ouvir mais sobre essas barreiras -
> talvez por eu ser homem, essas barreiras, embora existam, sejam
> imperceptíveis pra mim.


Certamente. Eu trabalho com tecnologia desde 2000, e desde 2002 estou
envolvida
com a comunidade Software Livre, e posso te dizer que existem barreiras e
muitas. Algumas são mais perceptíveis, outras são aquele tipo de discriminacão
que nem a pessoa que o faz se dá conta de ter feito, porque
infelizmente tratar
com preconceito é o "natural".

Na comunidade Software Livre, apesar de eu ter conhecimentos técnicos para
palestrar sobre diferentes assuntos técnicos, 95% dos convites de
palestras que
eu recebo são para falar sobre Mulheres e Software Livre. E cada vez que eu
comeco a falar sobre isso eu tenho novos exemplos, e a palestra que
eram umas 6
páginas escritas a mão, daqui a pouco vira um livro.

Isso me deixa super chateada. Não o fato de eu falar sobre a problemática de
gênero, porque já que existe, acho que temos que trabalhar para que se
minimize
o mais rapido possível, mas pelo fato de ter mais e mais exemplos.


 Quando fiz meu primeiro curso de linux, parecia que eu estava numa corrida
de kart onde todos os homens presentes queriam pelo menos garantir que não
"perderiam" para mim. Um amigo (este sim desenvolvedor mesmo) me falou rindo
que era muito feio para um homem perder para uma mulher, então por aí você
já tem uma idéia. Comparei com corrida de kart porque foi a mesma sensação
que tive quando corria com amigos de meu irmão. Após algum tempo, eles
passaram a me respeitar, mas não era como mulher, e sim como uma "anomalia",
algo fora do "normal".


Eu lembro quando eu fui fazer um cursinho preparatorio para certificacao RHCE,
séculos atrás, na Utah, e quando eu tava pegando o material, a recepcionista
falou: esses são os seus colegas de curso. Quando eu juntei o material e falei
oi, a frase que eu ouvi antes de todos ficarem mudos era "slackware é
gnu/linux
pra macho". Qual não foi a surpresa quando eles me viram dizer "eu
também estou
nesta turma" e estava justamente vestindo uma camiseta do slackware?

Os caras passaram a semana falando de como eles eram maravilhosos
fazendo tudo o
que eles faziam, e eu lá quieta e sorrindo, achando tudo "tri legal". No final
da prova, 40% das 9 ou 10 pessoas tinham passado, e uma delas era eu.

Acho que iniciativas como essa da Fundacao Gnome são louváveis e merecem ser
copiadas, adaptadas, distribuídas. No melhor do espírito do Software
Livre para
que o SL reflita cada vez mais a multiplicidade de seus usuários, que
certamente, inclui mulheres.

cheers,
nanda


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Re: [PSL-Brasil] GNOME lança programa para incentivar mulheres desenvolvedoras

2006-06-20 Por tôpico Ricardo L. A. Banffy
Desculpe. Eu estava sendo maldoso. Eu tendo a não confiar nas intenções 
declaradas das pessoas e acabo buscando os mecanismos de incentivo que, 
mesmo inconscientemente, estão por trás delas.


Eu não conheço muitas mulheres envolvidas com desenvolvimento de 
software livre, mas eu gostaria de ouvir mais sobre essas barreiras - 
talvez por eu ser homem, essas barreiras, embora existam, sejam 
imperceptíveis pra mim.


Mas é fácil observar outras anomalias estatísticas em populações 
selecionadas.


É mais fácil ver gente bonita numa Casa Cor do que num FISL. Ao mesmo 
tempo, é mais fácil encontrar pessoas que saibam desenhar de cabeça uma 
molécula de cafeína num FISL do que numa Casa Cor. É muito mais fácil 
encontrar piercings numa agência de publicidade do que em um banco. Há 
mais cabelo em um encontro de metaleiros do que em um de skinheads.


Aparentemente, existem muitas outras "cercas invisíveis" à nossa volta.

Fabianne Balvedi wrote:

É um esforço para aumentar o número de mulheres em eventos sobre
desenvolvimento de software, eu presumo.

Não presuma, leia tudo para entender direito. É um programa para 
incentivar mulheres a desenvolverem software mesmo, não apenas 
participarem dos eventos.

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Re: [PSL-Brasil] GNOME lança programa para incentivar mulheres desenvolvedoras

2006-06-20 Por tôpico Ricardo L. A. Banffy
É um esforço para aumentar o número de mulheres em eventos sobre 
desenvolvimento de software, eu presumo.


Faz alguma diferença? Existe alguma barreira que espanta mulheres que 
justifique um incentivo específico?


Fabianne Balvedi wrote:

Do br-linux:

http://br-linux.org/linux/gnome_lanca_programa_para_incentivar_mulheres_desenvolvedoras


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