Prezado Fernando e colegas, Pegando na solicitação de participação abaixo, me motivei a abordar temas que penso devem ser arejados pois se convencionou que o papel dos Eng. Agrônomos foi, é, e será o mesmo de hoje e de ontem num quadro de notória insuficiência de alimentos em quantidade e em qualidade. Esta endemia não atinge felizmente a todos pois, devo dizer que os melhores exemplos de agronomia do mundo se podem ver aqui no Brasil. Mas para equilibrar, basta ver o Jornal e as notícias são impressionantes. Ás vezes nos habituamos e achamos que é assim mesmo . Mas não é. As insuficiências alimentares e a má distribuição de renda se pagam com guerra e mortes na família e outras cruezas da vida que também ás vezes achamos que são normais e nos habituamos a isso, especialmente quando a desgraça bate á porta dos outros. Não depende apenas do Agrônomo, o resultado da Agricultura, mas da Sociedade como um todo. No entanto, é bom que se esclareça onde estão problemas e gargalos que impedem um melhor desempenho da profissão do Agrônomo para uma melhor distribuição da receita. O Brasil tem um sistema de ensino que tende a remunerar bem especialistas. Quando o especialista eleito consegue emprego, regra geral ganha bem, mesmo que tenha de vender a alma ao diabo para fazer o que lhe é encomendado muitas vezes sem o consentimento da sua consciência. Os restantes serão depósito de mão de obra disponível para troca e rebaixamento de salário. Mas se o mercado funciona assim e se as vontades quereriam que fosse de outra maneira, basta isto para entendermos que umas pessoas agem no mundo como ele é e outras agem nesse mesmo mundo como gostariam que ele fosse. Certamente não gostamos de tudo o que este mundo é. Então teremos de buscar do jeito que gostaríamos que fosse. Assim, apresento algumas questões que são obstáculo para o desenvolvimento pleno da profissão e que ao longo da minha carreira, venho confirmando que são sempre as mesmas razões a impedirem que alcancemos melhoria. A primeira dificuldade é que o profissional, dirigido para ser um dia um especialista , sai da faculdade inacabado e despreparado para ajudar ninguém nem a ele mesmo. O remédio seria um estágio sólido e integração num esquema de trabalho seguro e rentável. Mas faltam justamente estas cadeiras que ensinem o Agrônomo a ganhar dinheiro, com a profissão de tirar riqueza da terra dele ou dos outros. E para complementar, como o Agrônomo sai sem experiência, não encontra emprego bem remunerado, pois os patrões, desconfiados não abrem a bolsa para quem pode até cometer uns erros fatais á sua economia. Parece que tudo isto é normal e que calouro é assim mesmo. Mas o hábito de se desconsiderar este profissional jovem vem condicionar procedimentos de quem está por cima e quem está por baixo, de forma que o profissional vai para o emprego para receber vexame e mais tarde para impor vexame aos próximos novatos. Como não existe uma coordenação dos objetivos da Agricultura do País face ao panorama internacional, o Agrônomo fica perdido e muito satisfeito se conseguir um medíocre emprego de motorista da única camionete de uma fazenda quebrada, o que chega a ser o melhor privilégio da Empresa. Um grupo grande de sortudos pegam emprego em órgãos oficiais e podem progredir em seus estudos e em estabilidade de carreira, sem se preocuparem muito com os destinos dos famintos, já que o deles, aparentemente está garantido. Poderia tentar caracterizar outros grupos de colegas exaustivamente, mas chegaríamos ao ponto que estamos: Com gente desempregada,com gente faminta, com baixos salários na profissão, com perímetros de irrigação abandonados, com um quadro grave de insuficiência financeiras e sem rumo no comercio internacional. E os Agricultores? A massa falida por culpa de quem? Dos Agrônomos? Se a Agricultura vai mal, cadê o técnico que cuidou? Ah! Cadê a compensação justa para que um técnico se ocupe de manter e aumentar a produção das fazendas e da Nação! A cultura brasileira neste aspeto, é decisiva. Paga mal aos técnicos e impede-os de ganhar com a sua profissão. Ainda que possa ser polemica a seguinte afirmação, vendo pelo ponto de vista da continuidade histórica, o Agrônomo foi inventado para conferir mínima capacidade de subsistência aos descendentes de escravos , a que se juntaram os pobres agricultores de hoje, que tinham a função de produzir alimentos para os senhores ricos. E no entanto a nobreza desta profissão continua sendo desconsiderada nos dias de hoje. É necessária uma reforma de objetivos, uma complementação de cadeiras, incluindo cadeiras comerciais, e uma reciclagem de métodos atualizados de condução de culturas, estabelecendo metas de produtividade e criando incentivos de produtividade e resultado econômico final, com ganhos reais para o Agricultor e com ganhos de produtividade para os Profissionais. A Planificação Nacional da Agricultura deve ser determinada em função do que vai se consumir e/ou vender, sem criar os tontos excedentes que jogados fora, levam o empresário á falência. Admitimos facilmente que a maioria dos nossos Agricultores é analfabeta ou suficientemente rude ou despreparada para que possa cuidar de assuntos como planificação e macro economia, mas onde estão as contas feitas pelos técnicos e onde estão os agricultores que pagam aos técnicos por essas contas? É isso aí. Ainda não se entenderam. Falta o Governo criar uma federação de Agrônomos para que todas as terras do Brasil tenham a sua vigilância técnica e que todas elas tenham seus níveis de produção conhecidos e mais, incrementados progressivamente, com o objetivo de produzir muito aquilo que se consome e vende ou guarda em condições de reserva valiosa para anos de escassez. Ainda não falei da irrigação? Falo agora: Nenhuma terra agricultada merece que o seja sem o recurso seguro da irrigação competente. Assistimos ao final de um ciclo de destruição da face da terra com as grandes e devastadoras culturas de sequeiro. A Agricultura milenar que chegou até nós foi a irrigada . A outra precisa de camelos para a atravessar.
Espero que aprecie a participação. Atenciosamente, Jorge de Sousa [EMAIL PROTECTED] ----- Original Message ----- From: Fernando Braz Tangerino Hernandez <[EMAIL PROTECTED]> To: <[EMAIL PROTECTED]> Sent: Friday, January 18, 2002 4:52 PM Subject: Re: [irriga-l] CORRENTE ???? > Everardo, vc tem toda razao. > Estou de ferias e os e_mails se acumulam aqui. Mas já havia feito a solicitacao de > colaboracao do emissario do e_mail em tela. > Foi a primeira vez que tivemos esta situacao. > Ainda prefiro acreditar no bom senso das pessoas ao inves de fazer um grupo de discussao > com moderacao obrigatoria (ou seja fazer o filtro). > > De qq maneiro, desejo e peco a todos os inscritos que participem mais da IRRIGA-L em 2002 e > fomente a discussão dos temas ligados a irrigacao e a agricultura. > > Aproveitando este e_mail, lembro que a participacao tem sido pequena em termos de > discussao, mesmo atualmente tendo 94 inscritos. > Assim, se vcs perceberam, na tentativa de motivar e tb movimentar um pouco setor, no ano > passado procurei enviar clippings sobre temas de economia agricola, pois sem que haja uma > movimentação financeira no setor, este tb nao será usuario da tecnologia da irrigacao que > representa investimentos por parte do produtor rural. > > Acrescento ainda, que o maior patrimonio que um profissional pode ter é a informação. > Assim, creio que estou fazendo a minha parte como coordenador da IRRIGA-L. > > Reafirmo o meu desejo em ter a IRRIGA-L dinâmica e quem sabe esta se tornar uma referencia > em assuntos ligados a agricultura e irrigação. Mas sozinho nunca chegaremos a isso. Conto > com vcs. > > Abracos a todos! > > Fernando Braz Tangerino Hernandez ====================================================================================== Saiba o que já foi discutido na IRRIGA-L em: http://www.agr.feis.unesp.br/irriga-l.htm Para sair da lista IRRIGA-L, envie um e-mail para: [EMAIL PROTECTED] e no corpo da mensagem digite: unsubscribe irriga-l (seu endereco eletronico) Nao envie mensagens com este conteudo diretamente para a lista. ======================================================================================