Por fim, quero dizer que me parece muito mais intuitivo outro caminho,
pensando a consistência como um operador primitivo, no caso uma das
interpretações possíveis do operador de necessidade.



Leia-se quadrado como “consistente” e diamante como “testável”. Então, na
forma desta interpretação, fazem sentido todos os esquemas normais abaixo:



K. Se é consistente que p implica q, então a consistência de p implica a de
q.



D. Se p é consistente, então p é testável.



T. Se p é consistente, então p é o caso.



B. Se p é o caso, então é consistente que p seja testável.



5. Se p é testável, então é consistente que p seja testável.



4. Se p é consistente, então é consistente que p seja consistente.

Não vejo que haja grandes óbices para fazer uma interpretação assim. No
mais, vou aprofundar agora a leitura do artigo do Walter e depois escrevo
para lista se me ocorrer mais alguma coisa que possa tomar o tempo dos meus
queridos colegas, amigos e mestres.

Em 28 de abril de 2012 12:01, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu:

> Olá, Tony:
>
> Agradeço a leitura cuidadosa do artigo, e os comentários.
>
> Antes de mais nada, pediram-me off-list uma referência para o artigo
> que está sendo discutido.  Aqui segue:
> http://www.filozof.uni.lodz.pl/bulletin/pdf/34_1_6.pdf
>
> > Conclui a leitura, exceto pela discussão filosófica ao final. Mas,
> preciso
> > registrar uma certa inquietação: acho que não precisava dizer que essas
> > modalidades seriam não normais. Pois veja, primeiro você definiu acidente
> > por meio de uma relação de acessibilidade. Segundo, na proposição 3.1,
> você
> > diz que a definição de quadrado por meio do operador de acidente só serve
> > para as extensões de KT. Pois bem, mas isso já é de certo modo dizer que
> > essas modalidades são normais. Por fim, todo o texto me parece um BOM
> artigo
> > sobre lógica modal normal.
>
> Pois é, como você mesmo viu alguns dos resultados principais são: a
> noção de acidente só é equivalente à noção de contingência para
> extensões de KT ; a noção de necessidade só é definível a partir da
> noção de essência para estas mesmas extensões de KT.  Acompanhando a
> literatura modal moderna canônica, contudo, por "lógica modal normal"
> eu não pressuponho "extensões de KT".  (Sei bem que historicamente
> isto nem sempre foi assim, e o paper de Kripke de 59, por exemplo,
> tratava apenas de extensões de KT --- sistema de Feys e von Wright,
> construído a partir da axiomatização de S4 proposta por Gödel.  Mas
> isso é história...)
>
> Obrigado pelo julgamento "BOM artigo".  Mas as modalidades estudadas
> lá continuam NÃO sendo "normais".
>
> > O único detalhe que para mim fica em aberto é saber se de fato os
> conectivos
> > não-modais são interdefiníveis ou não. Você definiu a linguagem de modo
> que
> > não parece haver um conjunto adequado de conectivos. Mas, depois, você
> > apresenta um resultado que me parece resultado de dizer que a implicação
> > equivale a uma disjunção, quando, por exemplo, diz que K1.3 (acidental
> phi
> > implica phi) pode ser trocado por K2.3 (phi ou essencial phi). Estou
> supondo
> > que sim, que os conectivos são interdefiníveis pelo conjunto todo da
> obra,
> > dado que os sistemas KT são extensões do cálculo clássico.
>
> Assumo logo no início a interpretação clássica do fragmento não-modal
> ("classical operators are evaluated as expected").  Logo, vale a
> interdefinibilidade dos conectivos clássicos.
>
> > De resto, com todo o respeito e admiração pela sua capacidade ímpar e
> > conhecimentos, peço toda a vênia para discordar do seu argumento de que a
> > noção de consistência seria aparentada com a de contingência, se levar em
> > consideração o artigo de sua própria autoria. Na verdade, o parentesco é
> da
> > noção de inconsistência com a de acidente, segundo o raciocínio que você
> > mesmo brilhantemente engendrou no artigo.
>
> Por "aparentado" pretende-se dizer isso mesmo que já foi esclarecido
> acima: a noção de acidente e a noção de contingência são modalidades
> não-normais menos expressivas do que a modalidade de possibilidade (ou
> a de necessidade), no contexto do mesmo fragmento não-modal clássico.
> Além disso, suas interpretações são "parecidas", como você viu.
>
> Note contudo que, diferentemente da noção de contingência, a noção de
> acidente (uma sentença sendo "acidentalmente verdadeira" caso seja
> "verdadeira-mas-possivelmente-falsa") pode ser usada, sem requerer o
> axioma T, para formalizar noções contrafatuais (algo que
> "é-o-caso-mas-poderia-não-ser"), para estudar designadores não-rígidos
> e o conceito kripkeano de necessário a posteriori (confira a
> "discussão filosófica" que você não leu), para investigar noções
> epistêmicas interessantes como "verdades desconhecidas" (proposições
> verdadeiras-mas-não-conhecidas por um determinado agente, ver trabalho
> do Steinsvold) ou noções ligadas à ideia lógico-matemática de
> demonstração, como as "sentenças de Gödel"
> (verdadeiras-mas-não-demonstráveis, ver trabalho do Kushida).
>
> Abraços,
> Joao Marcos
>
> --
> http://sequiturquodlibet.googlepages.com/
>
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