Anderson Nakano <andersonnak...@gmail.com> escreveu:

Olá, Hermógenes. Muito obrigado pela resposta!

Por nada.

Uma pequena observação: nestes sistemas sem negação, não se trata
apenas de tratar a negação como conectivo derivado (def., p. ex., ¬A
≡ A → (1=0)), mas de banir toda e qualquer "suposição não
realizável" e, com isso, até mesmo o raciocínio hipotético (o "p →
q") da matemática. Isso porque, vai alegar, digamos, o Freudenthal,
uma suposição não realizada não é um "material construtivo" a partir
do qual se poderia partir.

Isso me parece exatamente a situação que temos no caso da lógica
mínima onde não temos o princípio ECQ (ex contradictione quodilibet)
que nos permitiria extrair conseqüências de "suposições não
realizáveis".

Em resumo, o enredo da minha sugestão seria o seguinte.

A negação clássica pode ser interpretada na lógica intuicionista por
meio da conhecida tradução de Gentzen-Gödel.  Porém, ainda resta o
princípio ECQ, característico da negação nos sistemais intuicionistas
usuais, mas que não é aceito por construtivistas como Freudenthal e
Griss.

Contudo, ECQ pode ser interpretado numa lógica mínima por meio da
disjunção.  Aqui, em termos gerais, traduzimos uma sentença A por A∨⊥.
Grosso modo, isto significa que, tendo em vista a regra de introdução
da disjunção, A pode ser obtido pelas vias mínimas normais *ou por
meio de ⊥*, simulando assim os raciocínios por ECQ.  Note que "⊥" não
precisa ser considerada uma constante lógica, mas pode ser uma
sentença refutável qualquer (de acordo com os axiomas aritméticos
subjacentes) como, por exemplo, 1=0.

É claro, resta saber ainda se os sistemas sem negação aos quais você
se refere permitem alguma noção de refutação, ou se há apenas a noção
de demonstração.  Isto é, resta saber se uma demostração de 1≠0
significa o mesmo que uma refutação de 1=0, ou se as noções de
igualdade e desigualdade (diferença) são *completamente independentes*
(i.e. não há nenhum axioma aritimético subjacente conectando, ou
contrastando, as duas noções, o que seria bastante estranho).

Enfim, ao que me parece, a aplicação dos resultados de Gödel a esses
sistemas sem negação dependeria mais da teoria aritmética subjacente
do que dos conectivos lógicos disponíveis.

Não estou certo se a minha sugestão estaria correta, mas, independente
disso, a questão que você levanta é bastante interessante.

--
Hermógenes Oliveira

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