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2009-03-25 Por tôpico Albert Bouskela
Olá a todos!

Esta Lista é realmente muito legal! É com prazer e estímulo que participo
dela.

Para mim, o melhor da Lista é que um estudante propõe um problema mais ou
menos assim:

Paulo tem o dobro da idade de Pedro. Pedro tem 10 anos. Qual é a idade de
Paulo?

Aí, o primeiro cara responde 20 anos. O segundo pergunta se o aniversário de
Pedro coincide com o de Paulo. O terceiro considera que a idade evolui de
forma contínua, e não discreta, portanto não há uma resposta exata, já que
os aniversários não podem ser absolutamente coincidentes. O quarto indaga em
que sistema (métrica) de numeração estão expressas as idades. O quinto expõe
que sendo Paulo um adulto e Pedro uma criança, a massa corporal de Paulo é
maior do que a de Pedro, daí, pela Teoria da Relatividade, o tempo evolui
mais rapidamente para Pedro do que para Paulo - como as massas de ambos não
foram informadas, o problema está indeterminado. O sexto explica que, além
da falta da informação referente às massas, Paulo, por ser mais velho, já
andou (se deslocou) mais do que Pedro, daí (novamente pela Relatividade de
Einstein) o espaço-tempo dos dois é diferente: Paulo já viveu mais do que o
dobro do que viveu Pedro. E por aí vai...

O que quero dizer é que essa discussão sobre integrais e definições, digamos
não ortodoxas, de algumas funções foi bastante interessante. Eu mesmo me
lembro que há 10 - 15 anos atrás (como eu já estou ficando velho!) discuti
com o Nicolau Saldanha sobre a definição da função Gama. Da mesma forma,
tudo começou quando um estudante perguntou o valor numérico do fatorial de
pi (pi!). Depois de algumas mensagens, o Nicolau quis estender o domínio
da função Gama para o R^n (ou mesmo matrizes), mas preservando a
correspondência dessa função com o fatorial dos números naturais. Eu já
queria definir a função Gama de acordo com as suas propriedades em Relação à
Transformada de Laplace - bacana, não? Pois é...  

Finalizando, acho que não fui claro em um ponto de minhas mensagens
anteriores:

O que quis dizer foi: ainda não foi descoberto um algoritmo generalizado
para o cálculo das integrais indefinidas. Acredito, até, que se possa provar
a impossibilidade de um algoritmo assim. Daí, EM PRINCÍPIO, não é possível
calcular a integral indefinida de uma função genérica - só é possível
calcular a integral indefinida de determinadas famílias de funções. Daí, EM
PRINCÍPIO, a integral indefinida de uma certa função não pode ser calculada,
até que alguém, por algum método a descubra (aí valendo até a intuição) - é
isto.

Saudações a todos,
Albert Bouskela
bousk...@gmail.com
bousk...@ymail.com

 -Original Message-
 From: owner-ob...@mat.puc-rio.br [mailto:owner-ob...@mat.puc-rio.br]
 On Behalf Of Bernardo Freitas Paulo da Costa
 Sent: Wednesday, March 25, 2009 4:45 AM
 To: obm-l@mat.puc-rio.br
 Subject: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] RE: [obm-l] Re: [obm-l] Re:
[obm-l] Re:
 [obm-l] Integral de exp(x^-2), por que é impossível?
 
 Só pra dizer mais umas coisas legais :
 
 O Elon tem no livro dele (não sei mais se é o Análise Real ou o Curso
 de Análise, volume 1, claro) a mesma idéia pra definir senos e
 cossenos. Pra quem gosta de cálculo diferencial, esse é um prato cheio
 pra lembrar como fazer algumas contas, e, melhor ainda, ver que
 realmente seno e cosseno estão bem-definidas e tal:
 
 1) seja f'' + f = 0 uma função tal que f(0) = 0, f'(0) = 1 (qualquer
 semelhança com o seno é pura coincidência)
 2) Chame (sei lá por quê...) g = f', e note que g'' = f''' = (-f)' =
 -f' = -g, logo g'' + g = 0 também, que legal, e g' = f'' = -f
 3) Note que g^2 + f^2 = 1 : derivando, dá 2gg' + 2ff' = -2gf + 2fg =
 0, logo é constante, logo g^2 + f^2 = g(0)^2 + f(0)^2 = 1 + 0 = 1
 4) Como g(0) = 1  1/2, e f' = g, temos que f é monótona crescente num
 intervalo em torno de zero. Como g^2 = 1 - f^2, g é monótona
 decrescente.
 5) Existe um ponto x  0 em que g(x) = 0 : senão, g seria sempre maior
 do que zero (pois g(0) = 1  0, teorema do valor intermediário), logo
 f seria sempre crescente. Olhando de novo para f' = g, temos que num
 intervalinho em torno do zero, f'  1/2, logo f  1/2 * comprimento do
 intervalinho. Como g' = -f, além desse intervalinho (digamos [0,a], g
 está ABAIXO de uma reta de inclinação -f(a)  -a/2. Logo g *tem que*
 cruzar zero.
 6) Chame esse ponto mágico de primeira anulação de g de A (como anulação
 !)
 Note que g'(A) = 1 ou -1 (porque g' = -f, f(A)^2 = 1 - g(A)^2 !) e
 como g é positiva entre 0 e A, temos f crescente, logo f positiva,
 logo f(A) = 1, logo g'(A) = -1
 7) Use isso para ver que -g'(x+A) é uma solução também da equação, com
 mesmas condições e o mais. Repetindo duas vezes, você descobrirá que
 f(x+4A) = f(x) (atenção pros sinais)
 8) Prove agora as fórmulas mágicas de soma e subtração de senos e
 cossenos que você conhece usando derivada, por exemplo : f''(a+x) =
 -f(a+x) é solução da equação diferencial, e (f(a)g(x) + f(x)g(a))'' =
 f(a)g''(x) + f''(x)g(a) = f(a)(-g(x)) + (-f(x))g(a) = -(f(a)g(x) +
 f

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2009-03-24 Por tôpico Ralph Teixeira
Eh, mas esta eh a integral da nota de aula eh DEFINIDA, de -Inf a
+Inf. Esta dah para calcular passando por integrais duplas e
coordenadas polares (este calculo eh belissimo, neh?).

A integral INDEFINIDA (ou a integral definida F(x)=Int (0 a x)
exp(-t^2) dt ) eh impossivel... bom, no sentido que o Leandro falou
ali em cima: nao dah para escreve-la usando apenas as chamadas
funcoes elementares (sin, cos, ln, exponenciais... esqueci alguma?)
e somas, subtracoes, multiplicacoes, divisoes e raizes (FINITAS). Acho
que o Cesar queria ver a demonstracao deste fato; infelizmente, eu nao
a conheco... alias, nao tenho ideia de como seja esta demonstracao.

Agora, se usarmos funcoes nao elementares, dah para escrever sim (por
exemplo, usando a funcao erf, como disse o Bouskela, que por sua vez
eh uma outra integral destas impossiveis, com aspas). Outra
possibilidade para resolve-la (talvez o verbo correto aqui fosse
re-escreve-la...) eh por serie de potencias.

exp(-x^2)=1-x^2+x^4/2!-x^6/3!+x^8/4!-x^10/5!+...+(-1)^n . x^(2n)/n!+...
F(x)=x-x^3/3+x^5/10-x^7/42+x^9/212-x^11/1320+...+(-1)^n.x^(2n+1)/((2n+1).n!)+...

Reforcando de novo o que o Leandro disse, esta divisao entre funcoes
elementares e nao-elementares eh um tanto arbitraria; quase dah
para argumentar que a funcao F(x)=Int (0 a x) exp(-t^2) dt eh tao
elementar quanto o seno, e tao dificil de calcular quanto o seno.
Pense bem: como calcular F(1), e como calcular sin(1)? Eh mais uma
questao de costume -- a gente mexe com o seno frequentemente, mas
raramente com esta F que nem nome ganhou.

Abraco,
   Ralph
=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
=


[obm-l] Re: [obm-l] RE: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Integral de exp(x^-2), por que é impossível?

2009-03-24 Por tôpico Ralph Teixeira
Oi, Bouskela. Você tem uma certa razão... Mas, sinceramente, o que
diabos é e^x? Mais espcificamente, o que é e^pi, por exemplo? Dá para
definir por limites usando números racionais, mas dá um certo
trabalhinho...

Então tem um pessoal que prefere DEFINIR o logaritmo pela integral, e
DEFINIR a função e^x como sendo a inversa do ln (assim, este tal de
e por definição seria o número cujo ln é 1!). Neste novo universo,
as coisas se encaixam elegantemente (e, de bônus, responde-se a
pergunta do meu parágrafo anterior). Mais detalhadamente, a ordem
lógica desse pessoal é:

*Alerta! Texto DENSO a seguir! Nada difícil, mas está denso!*

0. Não sabemos o que é ln, nunca ouvimos falar de e, não temos a
mínima idéia do que seja a^x quando x não é racional.
1. Para x em (0,+Inf), definimos ln(x)=Int(1 a x) 1/t dt. Assim,
d(lnx)/dx=1/x e ln1=0.
2. Conclua que ln(x) é crescente (pois a derivada é +).
(2a. Em particular, note que ln2ln1=0.)
3. Mostre que ln(x^r)=r.ln(x) (pelo menos para r racional)
-- Um jeito é: tome h(x)=ln(x^r)-rln(x); derivando, usando a Regra da
Cadeia e (1), vem h'(x)=0. Então h(x)=h(1)=0.
4. Usando 2a e 3, temos que ln(2^r)=r.ln2 pode ser tão grande quanto
quisermos se r for grande, e tão negativo quanto quisermos se r for
bem negativo. Assim, a imagem desta misteriosa ln(x) é o intervalo
(-Inf, +Inf).
5. Por (2), lnx é monótona, então invertível; vamos chamar sua inversa
de exp(x):(-Inf, +Inf) - (0,+Inf) (estes intervalos vêm de (4) e
(1)).
6. Mostre que exp(rx)=exp(x)^r (pelo menos para r racional)
-- Um jeito: use que exp(rx)=exp(rln(exp(x)))=exp(ln(exp(x)^r))=exp(x)^r.
7. DEFINIÇÃO: e=exp(1). Assim, exp(x)=exp(x.1)=exp(1)^x=e^x (pelo
menos para x racional)
8. Agora é o contrário: a gente vai MOSTRAR que e=lim ln(1+1/x)^x
quando x vai para Inf. Como? Use L´Hôpital nesta indeterminação do
tipo 1^(+Inf).
9. DEFINIÇÃO: x^y=exp(y.lnx) sempre que x0, para qualquer y,
inclusive y irracional.

Parece que dá MUITO mais trabalho (poxa, são uns 10 teoreminhas
encadeados)... Mas, no processo, a gente prova elegantemente todas as
propriedades dos logaritmos e das exponenciais (bom, tem algumas que
eu não pus aqui, mas que saem de maneira similar).

Quando a gente dá Cálculo 1 *para a matemática* aqui na UFF, a gente
reserva uma aula de 2 horas para falar disso. Eu começo a aula fazendo
o passo 0. Aí eu pergunto: quanto é ln(a.b)? Quanto é ln(10^6)? Quanto
vale e? Respostas corretas (antes do passo 1): não tenho ideia, nunca
vi mais gordoo, é, que é? :) :) :)

Abraço a todos,
Ralph

=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
=


[obm-l] RE: [obm-l] Integral de exp(x^-2), por que é impossível?

2009-03-23 Por tôpico Albert Bouskela
Olá,

 

As integrais do tipo  e^(ax)  são obtidas a partir da derivação da função
erro, assim:

 

Integral [ e^(-a*x^2)dx ] = sqrt(pi)*erf(x*sqrt(a)/2*sqrt(a) , onde “erf” é
a função erro.

 

Para deduzir a integral acima, basta saber que:

 

d(erf(x))/dx = 2*e^(-x^2)/sqrt(pi)

 

Ou, numa forma mais geral:

 

d(erf(ax))/dx = 2a * e^(-a^2 * x^2)/sqrt(pi)

 

AB

 mailto:bousk...@gmail.com bousk...@gmail.com

 mailto:bousk...@ymail.com bousk...@ymail.com

 

From: owner-ob...@mat.puc-rio.br [mailto:owner-ob...@mat.puc-rio.br] On
Behalf Of César Santos
Sent: Monday, March 23, 2009 10:37 AM
To: obm-l@mat.puc-rio.br
Subject: [obm-l] Integral de exp(x^-2), por que é impossível?

 


Alguém poderia me dar uma demonstração da impossibilidade de se encontrar a
integral indfeinida de e^(-x²)?

 

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