Olá Fernando tenho plena ciência que em outras regiões as práticas de classificação são bem diferentes das nossas, e por isso mesmo pouco confiáveis. Falo por experiência.
Tive uma experiência desagradável ano passado no Chile, dirigindo no deserto do Atacama, peguei uma via classificada como secondary e quase me dei mal. Não era asfaltada, até aí tudo bem pois estava com uma 4x4 alugada, mas foi piorando e virando trilha. O caminho foi ficando cada vez pior e já tinha de usar a marcha reduzida, Não havia viva alma, nenhum trânsito, não tinha residências e o sinal de celular já não pegava. Ficamos assustados e decidimos retornar. Custamos a achar um lugar largo o suficiente para dar meia volta com a caminhonete. Foi muito difícil. Não passou de susto, mas poderia ter terminado muito mal. Não sei que critérios que os chilenos usam para considerar alguma coisa como secondary, mas claramente não devia de ser. Suspeito que foi mapeamento remoto e como ligava uma vila, saindo de uma primary, a uma importante atração turistica penso que o mapeador considerou que devia se tratar de uma via importante e marcou como secondary. Enfim, é uma suspeita, não tive tempo de averiguar. Como era secondary, o osmand nos roteou alegremente por esta via. Se fosse por nossos critérios, era unclassified na melhor das hipóteses (eu colocaria track pois não era transitável). Então eu acho que a nossa responsabilidade é muito grande em entregar informações precisas e confiáveis. Por isto eu me nego a promover artificialmente uma via, por onde nunca passei, para uma classificação superior baseado em regras tão abstratas e sem suporte na realidade. Penso com horror na quantidade de vias que poderiam vir a serem promovidas a trunk tendo condição de tráfego sofrível. Já foi por isto que fui e continuo sendo contra o top+5. Em relação ao Google Maps/Waze, não penso que as pessoas o preferem, é que elas simplesmente não conhecem outra coisa. Por outro lado quando você apresenta o OSM elas veem pouca vantagem e há lacunas óbvias que afastam as pessoas, principalmente no tocante a centros urbanos. O uso off-line já não tem o mesmo apelo que tinha há alguns anos. Em 8 anos no OSM, trabalhando em uma universidade na área de exatas/tecnologia nunca vi uma única pessoa que já tivesse ouvido falar no OSM. Por outro lado, também já vi muita história de horror em relação ao Google Maps, roteamento por estrada de terra é o mais comum. No GM todas as vias aparecem exatamente iguais. O roteamento é exclusivo pela AI do Google. É isso que qeremos? Agora eu penso que você concorda que nosso objetivo não é ser igual ao Google Maps e sim dar informações diferenciadas. Eu temo que a proposta apresentada seja uma piora neste sentido. Em relação aos seus comentários, eu não penso que a importância da via esteja ligada à sua estrutura física. Na falta de informação melhor, eu estou usando a estrutura física como substituto de importância, com a vantagem que se a estrutura for boa, mesmo que a via não seja mesmo importante, nenhum prejuízo ocorre. Já na sua proposta, se a via é marcada como importante mas a estrutura é deficiente pode trazer problemas ao usuário, como foi o meu caso. Sim, a renderização torna possível diferenciar aspectos. A camada humanitária renderiza qualquer via de terra como se fosse unclassified (não é muito útil), mas para mim é a exceção que confirma a regra: a maioria dos sistemas de renderização mostra somente a classificação simples. Se não fosse não haveria a preocupação em promover vias para trunk de maneira tão artifical, não é mesmo? De uma maneira ou de outra estamos em uma encruzilhada e temos de tomar uma decisão: se a classificação se dará pela importância abstrata de roteamento e continuidade, ou pela estrutura física real, ou um misto dos dois. Acho que fizemos bem em privilegiar o mapeamento por estrutura física, é um diferencial do OSM Brasil. OK, não fica tão bonito (salada de frutas, poluição do mapa, baixa densidade de trunk, etc) a hierarquia não fica tão vistosa, tão elegante, tão lógica, mas pelo menos é algo onde podemos ter uma razoável confiança do que vamos encontrar de fato. então desculpe, entre classificação por regras abstratas e "the truth is on the ground", eu fico com o segundo abraço Gerald On Thu, 23 Jan 2020 at 20:07, Fernando Trebien <fernando.treb...@gmail.com> wrote: > On Thu, Jan 23, 2020 at 7:50 PM Gerald Weber <gwebe...@gmail.com> wrote: > > dito tudo isto, na verdade realmente tanto faz, ninguém usa o OSM para > quase nada. Depois de 15 anos a maioria das pessoas nem nunca ouviu falar, > tudo é só Google Maps. Além disto o mapa não é confiável, e da maneira como > opera, nunca vai ser. > > O OSM é usado por um monte de gente importante: > > https://wiki.openstreetmap.org/wiki/Major_OpenStreetMap_Consumers#As_a_base_map > > Infelizmente, o fato de os dados serem do OSM geralmente fica relegado > a uma tímida nota de rodapé, que poucos lêem, e os usuários acham que > tudo é obra do provedor do serviço - que também tem seu mérito, claro. > > No fundo, as pessoas querem uma classificação que as ajude a encontrar > os seus caminhos e a entender a sua própria localização e a das coisas > ao redor. A falta de adoção do OSM me sugere que deveríamos nos > perguntar por que as pessoas estão preferindo os concorrentes que usam > uma classificação que não seja baseada na estrutura física. Eu > acredito que é porque o resultado fica simplesmente confuso. > > Quanto ao mascaramento dos problemas, eu não entendo bem a sua > indignação (gostaria de entender melhor). Você pode mapear as > características das vias em detalhe, representando assim de forma bem > rica as deficiẽncias das vias, e os interessados podem produzir uma > renderização para isso, ou para propósitos mais específicos sempre é > possível baixar os dados usando o Overpass e aplicar uma estilização > customizada no JOSM. De fato, a camada Humanitária muda a > representação das vias não-pavimentadas de alta classe, aceitando > então que essa combinação é possível, justamente porque o HOT trabalha > nas regiões menos desenvolvidas do planeta onde essa combinação > costuma ocorrer. > > Como exemplo, nós podemos buscar um pouco de inspiração num dos países > com mais mapeadores no OSM, vastas diferenças na sua densidade > populacional, e vários problemas de infraestrutura: a Rússia. Lá no > finalzinho da Sibéria tem uma trunk (a rota R504) que não é > pavimentada, cruzando uma distância enorme, levando até uma cidade com > um pouco menos de 100 mil habitantes (Magadan). Se mudamos de país e > de realidade econômica e cultural e vamos pro Canadá, na referência de > classificação oficial deles há uma menção de que as trunks não > precisam ser pavimentadas. [2] Então, não sei se se sustenta bem o > argumento de que a importância da via está intimamente atrelada à sua > estrutura física em todas as situações. Eu acho que pode estar > atrelada em situações extremas, tanto no extremo mais alto (motorway) > quanto no mais baixo (service=alley nas vias públicas que são muito > estreitas), mas no meio do caminho o wiki do OSM e o resultado dos > outros países parece sugerir uma certa flexibilidade em relação à > estrutura física. > > Eu gostaria de discutir vários dos outros pontos que você colocou, mas > acho que seria melhor quebrá-los em tópicos para não poluir a lista. O > melhor pra isso seria o fórum. Em especial, sobre a sua última > observação do DEER, eu entendo que eles estavam medindo demanda, que > está atrelada ao VDM, que está atrelado à estrutura física, não > necessariamente definindo a importância das vias. Se possível, e com > tempo, eu queria que você desse uma olhada no material do DER/SC que > diferencia classificação funcional, volume de tráfego e estrutura > física. [1] > > Sobre tempo, eu também entendo que essa proposta não vai ser aprovada > da noite pro dia e que precisaria de vários ajustes às realidades > locais. No RS, foram alguns meses de discussão, mais muitos meses de > validação, e depois mais um tempo de espera pra ver se haveria > questionamentos, daí implementação. Da minha parte, não quero > atropelar ninguém, e entendo que se faz proposta para para ouvir > opiniões, até porque novos consensos podem levar a alterações naquilo > que já foi aprovado no RS, etc. > > [1] https://forum.openstreetmap.org/viewtopic.php?pid=688142#p688142 > [2] https://wiki.openstreetmap.org/wiki/Canadian_tagging_guidelines#Trunk > > -- > Fernando Trebien > > _______________________________________________ > Talk-br mailing list > Talk-br@openstreetmap.org > https://lists.openstreetmap.org/listinfo/talk-br > -- Dr. Gerald Weber gwebe...@gmail.com Personal website <https://sites.google.com/site/geraldweberufmg/> ResearchGate Profile <https://www.researchgate.net/profile/Gerald_Weber2> https://telegram.me/gweberbh Departamento de Física/Universidade Federal de Minas Gerais Department of Physics/Federal University of Minas Gerais Campus da Pampulha Av. Antônio Carlos, 6627, 31270-901 Belo Horizonte, MG, Brazil mobile: +55-(0)31-996462277
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