Viva!  Fico contente em ver que a minha mensagem causou alguma
reflexão.  Espero ver mais, isso é importante!

>>> SCIENTIFIC AND ORGANIZING COMMITTEE
>>> * Valeria de Paiva (Chair, Nuance Communications, USA)
>>> * Adriana Compagnoni (Stevens Institute of Technology, USA)
>>> * Amy Felty (University of Ottawa, Canada)
>>> * Anna Ingolfsdottir (Reykjavik University, Iceland)
>>> * Ursula Martin (University of Oxford, UK)
>>> * Brigitte Pientka (McGill University, Canada)
>>> * Alexandra Silva (University College London, UK)
>>> * Perdita Stevens (University of Edinburgh, UK)
>>
>> Esta é mais uma iniciativa válida, Valeria, com um comitê organizador
>> de primeira (e de Primeiro Mundo anglófono).
>
> Bem, se a razão de ser desse comentário diz respeito ao país de origem e
> à língua materna, posso acrescentar que reconheço apenas três nomes no
> comitê, nenhum deles de "Primeiro Mundo anglófono": Valéria de Paiva
> (brasileira), Alexandra Silva (portuguesa) e Adriana Compagnoni
> (argentina).

Não entendi bem o aparte...  Todas trabalham no Primeiro Mundo
anglófono, como está claro.  Coincidência?  Ou um ponto a mais a cujo
respeito valeria a pena refletir?

Noto que não houve (até aqui) um exercício de reflexão sobre o
estresse causado pela apresentação de trabalhos em língua estrangeira.
Pessoalmente, acho que é uma fatalidade a gente ter se virar para
falar a "língua dos gringos" --- e não acho isto ruim.  Mas sei que há
nesta lista quem ache importante se posicionar também contra o domínio
da língua inglesa.

>>> replicating the experience that most men have at most LICS meetings,
>>> and lowering the stress of the occasion; we hope that this will be
>>> particularly attractive to early-career women.
>>
>> Quais aspectos da experiência vocês esperam replicar?  Tenho a
>> impressão de que os homens (brancos) do LICS frequentemente sequer
>> registram a presença dos outros homens (brancos) da plateia...  Mas
>> aqueles que são obrigados a falar uma língua diferente da sua com
>> alguma frequência sentem algum estresse neste tipo de ocasião.
>
> Ainda sob o pressuposto implícito de que a mensagem não pretende apenas
> tirar dúvidas com a Valéria (caso contrário não seria enviada para a
> lista),

De fato, há vários anos costumo enviar links sobre o assunto
diretamente para Valéria, sabendo bem do importante ativismo dela na
área.  Desta vez, contudo, achei que seria interessante ver alguma
discussão pública séria e responsável sobre o assunto --- exatamente
como esta aqui?

> acrescento o seguinte:
>
> Talvez o estresse mencionado na mensagem de divulgação seja melhor
> compreendido, e talvez mesmo percebido como óbvio, por mulheres que
> atuam na área de lógica (para as quais, enfim, o evento é direcionado).
> Mas, fazendo um exercício de empatia, digo que, se eu entrasse numa sala
> de conferência que estivesse repleto exclusivamente de mulheres,
> certamente me sentiria inicialmente meio fora de lugar e talvez mesmo
> buscasse verificar se não teria entrado numa espécie de lavatório feminino
> por engano.  Porém, mulheres que atuam na área de lógica passam por
> situação similar rotineiramente.

De minha parte, eu certamente não penso que entrei em um lavatório nas
ocasiões em que entro em salas nas quais as mulheres são maioria.

> Ademais, muitas pessoas não conhecem o volume absurdo de assédio sofrido
> por mulheres em áreas dominadas por homens.

É fato.  Considero válida, em geral, toda iniciativa visando o
empoderamento de pesquisadores em situação de *desvantagem cultural*.
São louváveis em particular as iniciativas que procuram diversificar o
ambiente de homens (brancos) que predomina nos eventos de Lógica.

> Recentemente, tenho
> escutado alguns relatos particularmente revoltantes.  Acho que esse
> ambiente é ruim para ambos os sexos.  Eu mesmo, por exemplo, evito
> aproximar colegas do sexo feminino para discutir assuntos acadêmicos em
> eventos por receio de que a aproximação seja tomada como pretexto com
> segundas intenções (um pressuposto bastante razoável por parte de
> qualquer mulher, dado o assédio).

Isso é muito triste...

Posso acrescentar de todo modo já ter testemunhado mais de uma vez
assédio em ambientes contendo pesquisadores do mesmo sexo (masculino).

> Se o ambiente não fosse tão dominado
> por homens e não houvesse tanto assédio, creio que tanto homens quanto
> mulheres se sentiriam mais à vontade para discutir ciência.

Como são estas coisas nas áreas em que as mulheres são maioria?

> Para se conseguir evidência de como uma mulher por ser notada
> principalmente pela sua aparência a despeito de suas ideias e do
> conteúdo da discussão, não é necessário olhar para além dos arquivos da
> Lógica-L:
>
> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msg/logica-l/FWiErVApy-w/7y6ntFSxGAAJ

Really disgusting, indeed.

> Num ambiente como esse, é fácil compreender porque as mulheres possam se
> sentir mais a vontade num evento sem homens (ou no qual homens tenham
> participação reduzida).

(A minha aluna que vai defender seu mestrado semana que vem, e também
a atual administradora desta lista, poderão certamente dar suas
impressões acerca do evento de Filosofia Matemática para o público
feminino, do qual participaram em Munique, há dois anos.)

A minha primeira pergunta, contudo, segue aguardando resposta...  No
caso específico do workshop do LICS, *como* se garantirá a
participação reduzida dos homens?  Impedindo que eles entrem na sala?

> Mais sobre o tema:
>
> http://www.gisellereis.com/2015/11/about-women-harassment/
>
> https://beingawomaninphilosophy.wordpress.com/category/sexual-harassment/
>
> Women in Philosophy: Why Should We Get More of Them, and How Do We Do It?
> https://cast.itunes.uni-muenchen.de/vod/clips/WmUquSI11O/quicktime.mp4
>
> Being a woman in (mathematical) philosophy
> https://cast.itunes.uni-muenchen.de/vod/clips/4ug6ykgM2y/quicktime.mp4

Bons links.  Sobre o tema em geral, também vale acrescentar:
http://womeninlogic.blogspot.de/

> "Eine Fakultät ist doch keine Badeanstalt!"
> David Hilbert, tentando convencer seus colegas a permtir que Emmy
> Noether lecionasse na Uni Göttingen

Excelente e oportuna citação!

Abraços,
Joao Marcos

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