Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu:

>>> Esta é mais uma iniciativa válida, Valeria, com um comitê organizador
>>> de primeira (e de Primeiro Mundo anglófono).
>>
>> Bem, se a razão de ser desse comentário diz respeito ao país de origem e
>> à língua materna, posso acrescentar que reconheço apenas três nomes no
>> comitê, nenhum deles de "Primeiro Mundo anglófono": Valéria de Paiva
>> (brasileira), Alexandra Silva (portuguesa) e Adriana Compagnoni
>> (argentina).
>
> Não entendi bem o aparte...  Todas trabalham no Primeiro Mundo
> anglófono, como está claro.  Coincidência?  Ou um ponto a mais a cujo
> respeito valeria a pena refletir?

E eu continuo sem entender o propósito da observação sobre "Primeiro
Mundo anglófono".  De primeiro, cogitei que o ponto dizia respeito à
questão de diversidade cultural, étnica ou nacional.  Agora, o ponto
parece dizer respeito ao endereço e/ou vínculo empregatício?

>> acrescento o seguinte:
>>
>> Talvez o estresse mencionado na mensagem de divulgação seja melhor
>> compreendido, e talvez mesmo percebido como óbvio, por mulheres que
>> atuam na área de lógica (para as quais, enfim, o evento é direcionado).
>> Mas, fazendo um exercício de empatia, digo que, se eu entrasse numa sala
>> de conferência que estivesse repleto exclusivamente de mulheres,
>> certamente me sentiria inicialmente meio fora de lugar e talvez mesmo
>> buscasse verificar se não teria entrado numa espécie de lavatório feminino
>> por engano.  Porém, mulheres que atuam na área de lógica passam por
>> situação similar rotineiramente.
>
> De minha parte, eu certamente não penso que entrei em um lavatório nas
> ocasiões em que entro em salas nas quais as mulheres são maioria.

Nunca aconteceu comigo de eu entrar numa *sala de conferência*, num
evento acadêmico, onde houvessem mais de vinte pessoas e *todas* fossem
do sexo feminino.  Se pretende dizer que isso já aconteceu contigo, fico
sinceramente surpresso.  A observação sobre o lavatório foi uma
tentativa, aparentemente fracassada, de tratar o assunto com um pouco de
bom humor[1] (com uma referência indireta à citação de Hilbert).  Para
esclarecer, isso nunca aconteceu comigo, mas se eu entrasse numa sala de
conferência com, digamos, 200 mulheres e nenhum homem, eu obviamente não
pensaria que tivesse realmente entrado num lavatório feminino.  Ainda
assim, provavelmente me questionaria se alguma variável envolvendo
gênero me escapara: talvez o evento é somente para mulheres, etc.  O
ponto é que a maioria das mulheres que atuam na área de lógica, contudo,
certamente já tiveram a experiência de entrar em salas de conferência
cheias *sem nenhuma outra mulher presente*.  Porém, muitos crêem que,
neste caso, está tudo normal e não há nenhuma variável de gênero
envolvida, pois não há ninguém *proibindo* as mulheres de participar.

>> Se o ambiente não fosse tão dominado por homens e não houvesse tanto
>> assédio, creio que tanto homens quanto mulheres se sentiriam mais à
>> vontade para discutir ciência.
>
> Como são estas coisas nas áreas em que as mulheres são maioria?

Não faço idéia.  Mas não me preocupa tanto o fato de termos um sexo *em
maioria*.  Já participei de seminário (em filosofia, mas não em lógica)
onde as mulheres fossem maioria (algo como 6 mulheres e 4 homens).  O
problema é quando, com frequência, um sexo está absolutamente ausente ou
em *maioria esmagadora*. Em inúmeros ajuntamentos menores (seminários e
etc.) da área de lógica que participei, ou bem não havia mulheres (caso
mais comum) ou havia apenas uma (raro) ou, no máximo, duas (raríssimo)
mulheres presentes.


Notas: 
[1]  
https://broodsphilosophy.wordpress.com/2007/12/16/how-to-tell-if-you-suck-at-telling-philosophical-jokes/

-- 
Hermógenes Oliveira

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