Fernanda G Weiden wrote:
O homem, em sua criacão, vê a tecnologia desde cedo como uma diversão.
Ele aprende que é muito divertido brincar com um videogame, brinquedos
eletronicos, e tardiamente computadores. A mulher, salvo as excessões
como eu, Fabs e outras, aprendem tecnologia como uma profissão, nas
universidades. E infelizmente o mundo das universidades é o mundo do
software proprietário. Isso muda a relacão entre homens e tecnologia e
mulheres e tecnologia. Por isso, dar a oportunidade de compensacão
financeira no trabalho por uma causa política como é o Software Livre,
funciona como maneira de aproximar estas pessoas do movimento.

O que você está dizendo é que essa compensação posterior corrige um problema que, na verdade, foi causado pela educação que seus pais deram às filhas.

Pois bem - se eliminarmos o sintoma (menos mulheres do que homens em TI), não estaremos removendo a "doença" (os pais que educam as filhas para serem donas-de-casa). Se eliminarmos apenas o sintoma, acabaremos, no final, deixando de tratar a doença.

Um exemplo claro que isso funciona (não vou dizer que eu concordo ou
não), é a política de contratacão da FSF nos Estados Unidos. Eles não
contratam pessoas da comunidade. Eles somente contratam pessoas que não
sabem o que é Software Livre. Vendo exemplos como Janet Casey, John
Sullivan e David Turner, eu acredito que a escolha não foi de toda
burra, porque nos presenteou estes talentos que hoje lutam pela
liberdade e não abrem mais mão dela. Mesmo que deixem a FSF como emprego
em algum momento, como já aconteceu com Janet e vai acontecer com David
no final do ano.

E a idéia da FSF é brilhante principalmente porque evita uma "endogamia de idéias".

Muitas pessoas, muitas mulheres, não sabem o que é o Software Livre. E
compensá-los por um pequeno período de tempo por seu trabalho pode nos
trazer muito mais benefícios como retorno deste investimento.

Eu não entendo nada de fonoaudiologia. Deveríamos então ter incentivos para que homens pudessem participar mais desse pujante mercado?

E obviamente, dizer que programas como o da GNOME (não é do Google), que
esfregam na cara de todos nós que temos problemas de inclusão de gênero
na nossa área, estão ignorando o problema de gênero é no mínimo
contraditório.

Não estão ignorando. Só não resolvem o problema.

Por exemplo, existem relativamente poucos estudantes de escolas públicas nas universidades públicas e os poucos que estão lá têm desempenho acima da média. O critério de seleção para se entrar na universidade pública é o mérito, avaliado em uma prova de conhecimentos.

Pois bem - Quando criamos um regime em que mais estudantes vindos de escolas públicas possam ingressar nas universidades públicas, ignorando o mérito individual, estaremos dormindo tranquilos porque a justiça foi feita. Certo?

Errado. Teremos varrido para baixo do tapete o problema de que a escola pública é uma merda. Estaremos ignorando o fato de que os poucos que entraram não são exemplos típicos e que deveríamos mesmo esperar deles um desempenho acima da média - afinal, eles alcançaram o mesmo desempenho partindo de condições piores. Teremos aberto o caminho para perpetuar essa condição porque ela não gera mais os sintomas claros que vinha gerando.

Se você está com dor-de-garganta, a coisa mais imbecil a se fazer é tomar um xarope _antes_ de ir ao médico - quando você chegar lá, ele não vai ter mais nada pra ver. E eu foi casado com uma médica por 10 anos - não imagina quantas vezes eu ouvi essa queixa.

Todo problema tem pelo menos uma solução simples, elegante e errada. Essa é uma.
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