Re: [Logica-l] Acerca do que há de comum nos jogos

2017-08-06 Por tôpico Carlos Gonzalez
Obrigado, Marcos, pela referência bibliográfica.

Não gostaria que o meu e-mail anterior seja entendido num sentido
repressivo nem de censura. Ao contrário, eu faço minhas as palavras de
Rosza Péter:
"I love mathematics...principally because it is beautiful; because man has
breathed his spirit of play into it, and because it has given him his
greatest game the encompassing of the infinite."
http://www.azquotes.com/author/29381-Rozsa_Peter
E, apesar do pouco que eu brinquei, também achei que era o maior jogo que
tinha conhecido.

Não sou, prima facie, inimigo de fórmulas de tamanho infinito, ou do
comprimento do primeiro cardinal compacto, etc. Não acho que esses sejam
estudos necrófilos em si mesmos.

Sim acho necrófila a concepção da linguagem de Frege, cujo caso extremo é
"Der Gedanke". A noção de Bedeutung de Frege é necrófila e a partir de ai
são contaminados muitos outros conceitos linguísticos e lógicos. O conceito
de pensamento e Frege é metafísico. pois o pensamento existe ainda no caso
de que ninguém o pensou. De maneira similar com a proposição, derivada dos
"Satz in sich selbst" de Bernard Bolzano.

Carlos



2017-08-06 19:38 GMT-03:00 Marcos Silva :

> 1) Poderiam passar uma bibliografia introdutória para "semelhança de
>> família"?
>
>
> Eu indico os livros do Andrew Lugg e do David Stern sobre as
> "investigações filosóficas" . Os pdfs são fáceis de encontrar na net.
>
> esta entrada na sep também me parece ser uma introdução competente:
> https://plato.stanford.edu/entries/wittgenstein/#LangGameFamiRese
>
> 2017-08-06 16:49 GMT-03:00 Carlos Gonzalez :
>
>> 1) Poderiam passar uma bibliografia introdutória para "semelhança de
>> família"?
>>
>> 2) O que fala Wittgenstein sobre jogo e criança. São as crianças as que
>> jogam. Chamamos também de jogo atividades de filhotes de mamíferos e aves.
>>
>> 3) Posso estar equivocado, mas eu vejo nesse tipo de discussões muito
>> preconceito essencialista, falando no sentido epistêmico (desconsideremos o
>> metafísico). Refiro-me a que a pergunta "o que é isto?" tem resposta, tem
>> uma única resposta, etc. Falar "natureza dos jogos" é essencialista.
>>
>> 4) Até os anos 70 (eu acho + ou -), existia o preconceito de uma
>> "estrutura natural" em qualquer base de dados. A pesquisa em agrupamentos
>> de dados e reconhecimento de padrões mostrou a insustentabilidade desse
>> preconceito. Nesta lista foi citado um artigo "clustering é impossível".
>> Não existindo "padrões naturais", não faz sentido falar da "natureza dos
>> jogos".
>>
>> 5) Definição por "gênero e diferença" é uma proposta ridícula, que nem
>> Aristóteles posso aplicar na sua "História dos Animais". Se quiserem ver
>> uma boa crítica à árvore de Porfírio, leiam "O idioma analítico de John
>> Wilkins" de Borges.
>>
>> 6) A ciência que mais lutou com definições, a que mais problemas teve
>> desde a antiguidade com a classificação, foi a biologia. Quando um
>> agrupamento pode ser definido por um conjunto de propriedades que tem mais
>> um grupo de propriedades que não tem (uma generalização do
>> gênero+diferença) é muitas vezes chamado de "esférico" (pelo conceito
>> topológico de "bola fechada"). Eu acho que na biologia tem pouquíssimas
>> espécies com agrupamentos esféricos e eu encontrei um monte que não. Tem de
>> ter cuidado entre o desiderato da classificação biológica e o que essa
>> classificação consegue de fato. Por exemplo, Hempel enganou-se
>> infantilmente pensando que a classificação que os biólogos conseguiam era
>> aquela que queriam ---eu nem conseguia acreditar nisso! Para colocar um
>> exemplo concreto: "o gênero capsicum é um pesadelo taxonómico" falou uma
>> autoridade na área: rapaiz!, nem as pimentas você consegue classificar! Por
>> que não tenta com o conceito de jogo :-)
>>
>> 7) Não tem nada a ver que um conceito seja útil, interessante, aplicável,
>> fundamental para uma ciência, barato, lindo, amável, ecológico, etc., com
>> ter definição ou com os problemas de ser definido.
>>
>> 8) Poderia ser interessante analisar porque está se usando uma concepção
>> metafísica da linguagem ---a coitada da linguagem, "essa desconhecida" nas
>> palavras de Julia Kristeva. E como estão presentes mais de uma forma do
>> "paradoxo da análise" (gostei do que fala Tomás Moro Simpson sobre o
>> paradoxo da análise no seu livro, ele que se denominava um filósofo
>> analítico). Mas é bastante trabalho. Eu acho que deveríamos baixar dessa
>> linguagem metafísica para a linguagem como criação humana. Para citar Julia
>> Kristeva: "as modificações linguísticas são modificações do estado do
>> sujeito — da sua relação com o corpo, com os outros, com os objetos”. Mais
>> Kristeva: "Pensees d'archivistes, d'archeologues ou de necrophiles que nos
>> philosophies du langage, avatars de l'Idee, qui se fascinent devant les
>> restes d'un fonctionnement entre autres discursif, et remplacent, par ce
>> fetiche, ce qui l'a produit." (Julia Kristeva. 

[Logica-l] Fazendo os diagramas implícitos no CWM e outros livros de Categorias

2017-08-06 Por tôpico Eduardo Ochs
Migs,

eu estou começando um projeto - totalmente informal - que talvez
interesse a algumas pessoas daqui, e que por enquanto eu não me atrevo
a anunciar em nenhuma lista menos beginner-friendly...

Uma das minhas áreas de pesquisa é Categorias e eu até já publiquei um
artigo BEM bacana sobre isso, mas eu sou praticamente autodidata, o
meu conhecimento da área tem buracos ridiculamente grandes, e eu nunca
soube muito bem COMO estudar os livros de Categorias...

Há umas duas semanas atrás me ocorreu que eu deveria pegar alguns
livros de Categorias, entender muito bem a notação que eles usam,
fazer os diagramas que estão implícitos no texto (nas posições que se
tornaram canônicas pra mim - por exemplo, numa adjunção L-|R o funtor
L vai pra esquerda, o R vai pra direita, e os morfismos em cada
categoria vão pra baixo; universais e Yoneda usam convenções baseadas
nessa), definir direito as construções que no livro são tratadas como
"óbvias" (usando notação lambda), descobrir as convenções do livro
para nomear esses funtores e transformações naturais "óbvios" quando
eles não são nomeados, e assim por diante.

Estou começando com o Categories for the Working Mathematician, do
MacLane, e depois que eu terminar a parte de mônadas do CWM pretendo
ir pro Sketches of an Elephant, do Johnstone. Tem vários outros livros
e artigos pros quais eu gostaria de fazer o mesmo, mas por enquanto a
prioridade deles é mais baixa.

Tou pondo os diagramas que eu tou fazendo pro CWM aqui:

  http://angg.twu.net/LATEX/2017cwm.pdf

Ainda não escrevi nem introdução, nem guidelines, nem várias outras
coisas. Tudo ainda é muito preliminar.

Se alguém quiser participar ou conversar a respeito pode falar comigo
ou por aqui ou em privado. Tou typesetteando os diagramas com um
pacote que eu mesmo fiz e que não é nada user-friendly (por enquanto
=/), mas dá pra gente interagir usando outros pacotes ou mesmo fotos
de diagramas escritos à mão.

  [[]],
Eduardo Ochs =)
http://angg.twu.net/math-b.html
http://angg.twu.net/




P.S.: Quando eu estudei o CWM, o Elephant e outros livros de
Categorias eu acabava traduzindo as idéias deles direto pra outras
notações - o que hoje em dia eu reconheço que foi uma idéia de jerico
=( -, sem nunca me dar ao trabalho de fazer "dicionários de diagramas"
detalhados que esclarecessem a tradução entre as notações.

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Re: [Logica-l] Acerca do que há de comum nos jogos

2017-08-06 Por tôpico Marcos Silva
>
> 1) Poderiam passar uma bibliografia introdutória para "semelhança de
> família"?


Eu indico os livros do Andrew Lugg e do David Stern sobre as "investigações
filosóficas" . Os pdfs são fáceis de encontrar na net.

esta entrada na sep também me parece ser uma introdução competente:
https://plato.stanford.edu/entries/wittgenstein/#LangGameFamiRese

2017-08-06 16:49 GMT-03:00 Carlos Gonzalez :

> 1) Poderiam passar uma bibliografia introdutória para "semelhança de
> família"?
>
> 2) O que fala Wittgenstein sobre jogo e criança. São as crianças as que
> jogam. Chamamos também de jogo atividades de filhotes de mamíferos e aves.
>
> 3) Posso estar equivocado, mas eu vejo nesse tipo de discussões muito
> preconceito essencialista, falando no sentido epistêmico (desconsideremos o
> metafísico). Refiro-me a que a pergunta "o que é isto?" tem resposta, tem
> uma única resposta, etc. Falar "natureza dos jogos" é essencialista.
>
> 4) Até os anos 70 (eu acho + ou -), existia o preconceito de uma
> "estrutura natural" em qualquer base de dados. A pesquisa em agrupamentos
> de dados e reconhecimento de padrões mostrou a insustentabilidade desse
> preconceito. Nesta lista foi citado um artigo "clustering é impossível".
> Não existindo "padrões naturais", não faz sentido falar da "natureza dos
> jogos".
>
> 5) Definição por "gênero e diferença" é uma proposta ridícula, que nem
> Aristóteles posso aplicar na sua "História dos Animais". Se quiserem ver
> uma boa crítica à árvore de Porfírio, leiam "O idioma analítico de John
> Wilkins" de Borges.
>
> 6) A ciência que mais lutou com definições, a que mais problemas teve
> desde a antiguidade com a classificação, foi a biologia. Quando um
> agrupamento pode ser definido por um conjunto de propriedades que tem mais
> um grupo de propriedades que não tem (uma generalização do
> gênero+diferença) é muitas vezes chamado de "esférico" (pelo conceito
> topológico de "bola fechada"). Eu acho que na biologia tem pouquíssimas
> espécies com agrupamentos esféricos e eu encontrei um monte que não. Tem de
> ter cuidado entre o desiderato da classificação biológica e o que essa
> classificação consegue de fato. Por exemplo, Hempel enganou-se
> infantilmente pensando que a classificação que os biólogos conseguiam era
> aquela que queriam ---eu nem conseguia acreditar nisso! Para colocar um
> exemplo concreto: "o gênero capsicum é um pesadelo taxonómico" falou uma
> autoridade na área: rapaiz!, nem as pimentas você consegue classificar! Por
> que não tenta com o conceito de jogo :-)
>
> 7) Não tem nada a ver que um conceito seja útil, interessante, aplicável,
> fundamental para uma ciência, barato, lindo, amável, ecológico, etc., com
> ter definição ou com os problemas de ser definido.
>
> 8) Poderia ser interessante analisar porque está se usando uma concepção
> metafísica da linguagem ---a coitada da linguagem, "essa desconhecida" nas
> palavras de Julia Kristeva. E como estão presentes mais de uma forma do
> "paradoxo da análise" (gostei do que fala Tomás Moro Simpson sobre o
> paradoxo da análise no seu livro, ele que se denominava um filósofo
> analítico). Mas é bastante trabalho. Eu acho que deveríamos baixar dessa
> linguagem metafísica para a linguagem como criação humana. Para citar Julia
> Kristeva: "as modificações linguísticas são modificações do estado do
> sujeito — da sua relação com o corpo, com os outros, com os objetos”. Mais
> Kristeva: "Pensees d'archivistes, d'archeologues ou de necrophiles que nos
> philosophies du langage, avatars de l'Idee, qui se fascinent devant les
> restes d'un fonctionnement entre autres discursif, et remplacent, par ce
> fetiche, ce qui l'a produit." (Julia Kristeva. La révolution du langage
> poétique, Vol. 48. Editions du Seuil, 1974.. p. 11). A discussão que faz
> Wittgenstein usando a sua concepção metafísica de linguagem tem muito de
> necrófila. O corpo da linguagem é um cadáver e a alma da linguagem é
> formal. "A possibilidade de propor definições úteis e informativas (ou ao 
> menos
> condições suficientes e necessárias para a caracterização) do conceito de
> jogo", também é matar a linguagem e brincar de necrofilia com o cadáver: é
> querer analisar o jogo sem a psicologia nem a antropologia do homem que
> joga. E sem a sua história. Lembro de Tácito falando que os germânicos
> apostavam a sua liberdade jogando aos dados, virando escravos se perderem.
>
> 9) Se eu fui agressivo ou ofensivo, me desculpem. Extra iocum, não entendo
> muito bem a que vocês estão jogando.
>
> Carlos
>
> P.S.: Os números são uma homenagem aos filósofos analíticos. Sim, sim, eu
> já fui associado a SADAF durante alguns anos.
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> 2017-08-03 17:11 GMT-03:00 Manuel Doria :
>
>> Ainda não li o artigo.
>>
>> Eu penso que se de fato existir uma propriedade individualmente
>> necessária e *não-trivial* compartilhada pelo gamão, StarCraft, bilboquê e
>> pôker, isso não irá ferir muito a tese de 

[Logica-l] Re: [OFF TOPIC] Situação periclitante do CNPq

2017-08-06 Por tôpico Walter Carnielli
Dear Andrés:

Great,  thanks indeed,  this is very helpful of yours.

It seems that the movement of academics had already got some effects, as
 the president of  CNPq came in public to "guarantee" the  no-cut in
research grants.

I think there will be a circulating letter, and if so I will suggest to add
your name as the Preident of  ALFAn.

With our deep thanks,
 and the best regards,
Walter

Em 6 de ago de 2017 22:53,  escreveu:

Dear Walter,

I'm not very familiar with the problems that Brazilian researchers are
facing under Temer, so I wouldn't be able to write a very informed letter.
Nonetheless, if there is a letter circulating among academics, you can add
my name as President of ALFAn, if that helps. I hope the situation improves
soon.

With best wishes,

Andrés Páez


El 04-08-2017 9:41 am, Walter Alexandre Carnielli escribió:

> Car@s colegas:
>
> A situacao do CNPq esta periclitante. Parece que o Temer torrou todo o
> dinheiro dando "benesses" aos deputados para  se manter na cadeira.
>
> A SBPC e ABC encaminharam carta ao Kassab. Creio que sem duvida a SBL
> e outras sociedades como a SBC, SBM deveriam enviar também, e mesmo a
> ALFAn (Asociación Latinoamericana de Filosofía Analítica), que eh
> supranacional, poderia ajudar:
>
> http://www.jornaldaciencia.org.br/wp-content/uploads/2017/07/Of.-144_.pdf
>
>
> Abraços,
>
> Walter
>

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Re: [Logica-l] Acerca do que há de comum nos jogos

2017-08-06 Por tôpico Carlos Gonzalez
1) Poderiam passar uma bibliografia introdutória para "semelhança de
família"?

2) O que fala Wittgenstein sobre jogo e criança. São as crianças as que
jogam. Chamamos também de jogo atividades de filhotes de mamíferos e aves.

3) Posso estar equivocado, mas eu vejo nesse tipo de discussões muito
preconceito essencialista, falando no sentido epistêmico (desconsideremos o
metafísico). Refiro-me a que a pergunta "o que é isto?" tem resposta, tem
uma única resposta, etc. Falar "natureza dos jogos" é essencialista.

4) Até os anos 70 (eu acho + ou -), existia o preconceito de uma "estrutura
natural" em qualquer base de dados. A pesquisa em agrupamentos de dados e
reconhecimento de padrões mostrou a insustentabilidade desse preconceito.
Nesta lista foi citado um artigo "clustering é impossível". Não existindo
"padrões naturais", não faz sentido falar da "natureza dos jogos".

5) Definição por "gênero e diferença" é uma proposta ridícula, que nem
Aristóteles posso aplicar na sua "História dos Animais". Se quiserem ver
uma boa crítica à árvore de Porfírio, leiam "O idioma analítico de John
Wilkins" de Borges.

6) A ciência que mais lutou com definições, a que mais problemas teve desde
a antiguidade com a classificação, foi a biologia. Quando um agrupamento
pode ser definido por um conjunto de propriedades que tem mais um grupo de
propriedades que não tem (uma generalização do gênero+diferença) é muitas
vezes chamado de "esférico" (pelo conceito topológico de "bola fechada").
Eu acho que na biologia tem pouquíssimas espécies com agrupamentos
esféricos e eu encontrei um monte que não. Tem de ter cuidado entre o
desiderato da classificação biológica e o que essa classificação consegue
de fato. Por exemplo, Hempel enganou-se infantilmente pensando que a
classificação que os biólogos conseguiam era aquela que queriam ---eu nem
conseguia acreditar nisso! Para colocar um exemplo concreto: "o gênero
capsicum é um pesadelo taxonómico" falou uma autoridade na área: rapaiz!,
nem as pimentas você consegue classificar! Por que não tenta com o conceito
de jogo :-)

7) Não tem nada a ver que um conceito seja útil, interessante, aplicável,
fundamental para uma ciência, barato, lindo, amável, ecológico, etc., com
ter definição ou com os problemas de ser definido.

8) Poderia ser interessante analisar porque está se usando uma concepção
metafísica da linguagem ---a coitada da linguagem, "essa desconhecida" nas
palavras de Julia Kristeva. E como estão presentes mais de uma forma do
"paradoxo da análise" (gostei do que fala Tomás Moro Simpson sobre o
paradoxo da análise no seu livro, ele que se denominava um filósofo
analítico). Mas é bastante trabalho. Eu acho que deveríamos baixar dessa
linguagem metafísica para a linguagem como criação humana. Para citar Julia
Kristeva: "as modificações linguísticas são modificações do estado do
sujeito — da sua relação com o corpo, com os outros, com os objetos”. Mais
Kristeva: "Pensees d'archivistes, d'archeologues ou de necrophiles que nos
philosophies du langage, avatars de l'Idee, qui se fascinent devant les
restes d'un fonctionnement entre autres discursif, et remplacent, par ce
fetiche, ce qui l'a produit." (Julia Kristeva. La révolution du langage
poétique, Vol. 48. Editions du Seuil, 1974.. p. 11). A discussão que faz
Wittgenstein usando a sua concepção metafísica de linguagem tem muito de
necrófila. O corpo da linguagem é um cadáver e a alma da linguagem é
formal. "A possibilidade de propor definições úteis e informativas (ou ao menos
condições suficientes e necessárias para a caracterização) do conceito de
jogo", também é matar a linguagem e brincar de necrofilia com o cadáver: é
querer analisar o jogo sem a psicologia nem a antropologia do homem que
joga. E sem a sua história. Lembro de Tácito falando que os germânicos
apostavam a sua liberdade jogando aos dados, virando escravos se perderem.

9) Se eu fui agressivo ou ofensivo, me desculpem. Extra iocum, não entendo
muito bem a que vocês estão jogando.

Carlos

P.S.: Os números são uma homenagem aos filósofos analíticos. Sim, sim, eu
já fui associado a SADAF durante alguns anos.









2017-08-03 17:11 GMT-03:00 Manuel Doria :

> Ainda não li o artigo.
>
> Eu penso que se de fato existir uma propriedade individualmente necessária
> e *não-trivial* compartilhada pelo gamão, StarCraft, bilboquê e pôker, isso
> não irá ferir muito a tese de semelhança de família. No mínimo, foi difícil
> encontrar um set de propriedades individidualmente necessárias e
> conjuntamente suficientes para JOGO e isso não foi óbvio. Seu papel
> cognitivo pode não ser muito influente.
>
> Um dos desdobramentos da tese de semelhança de família, em contraponto à
> visão definicionista ou clássica de conceitos, é que existem exemplos
> melhores ou piores para determinada categoria. Esses são os chamados 
> *prototype
> effects*, que deram origem através de Eleanor Rosch a uma das teorias de
> conceitos em voga nas ciências cognitivas 

[Logica-l] [OUF] The Unreasonable Destructiveness of Political Correctness in Philosophy

2017-08-06 Por tôpico jean-yves beziau
Foi publicado ha pouco no journal Philosophies o artigo do Manuel  Doria
''The Unreasonable Destructiveness of Political Correctness in Philosophy''

O artigo começa assim:
''Western philosophy is under threat. The grand intellectual tradition that
for over two thousand years has fostered iconoclastic freethinkers of the
highest caliber—from Socrates to Hypatia of Alexandria and from William of
Ockham to Giordano Bruno—has been infected by a spirit of uncritical
conformity that is incompatible with its original pursuits. This time, the
foe is not a persecutory institutional religion but a persecutory secular
ideology. This ideology has become so ingrained in humanities departments
all over the (so-called) First World that it has become a received view, a
default position under which all other perspectives are evaluated. And
dissenting points of view have been stormed, not mainly by intellectual
argument the way they should, but by political rhetoric and social
bullying.''

Segam mais de 50 paginas, o artigo é  disponivel no site de Philosophies:
http://www.mdpi.com/2409-9287/2/3/17

Este artigo faz parte de um numero especial de Philosophies (open access
journal)
que estou editando junto com a  minha colega Thalia Magioglou da LSE,
outros artigos se encontram aqui:
http://www.mdpi.com/journal/philosophies/special_issues/global_ethos

Recomendo também a leitura da palestra do
John Etchemendy: ‘The threat from within’
http://news.stanford.edu/2017/02/21/the-threat-from-within/
Etchemendy é um logico que foi durante mais de 15 anos (2000-2017) o
direitor (provost)  da Universidade de Stanford

JYB

-- 
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Para ver esta discussão na web, acesse 
https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAF2zFLDu_OSSDurRAMafFUHtaun-BMQFS3bs_9Fmxf-9Yd%2B69A%40mail.gmail.com.