Fabio, Complementando com algumas observações da literatura (na falta da opinião dos técnicos presentes na lista), vou dar alguns "chutes":
- Nas primeiras semanas da lactação, as búfalas apresentam uma acidez Dornic mais elevada que bruscamente se reduz nas primeiras semanas até atingir a "normalidade". Assim, pela acentuada sazonalidade de nossos rebanhos, há um período do ano (março/abril em São Paulo) em que a grande maioria das femeas estão paridas há poucas semanas e é frequente a ocorrencia de problemas de fabricação de derivados o que já está causando alguns problemas no relacionamento entre fabricantes-fornecedores sobre o prazo para inicio do envio de leite para industrialização. No seu caso, experimente verificar a acidez do leite das femeas paridas mais recentemente e das paridas a mais tempo para verificar o efeito desta situação. - Ainda no início da lactação, a búfala fisiologicamente tem uma menor ingestão de alimentos do que seria necessário, daí a recomendação de aumentarmos a "densidade" nutricional (mais nutrientes por kg de alimento, ou seja, dar ração). Caso isto não seja feito, o animal vai começar a "queimar" suas reservas corporais para produzir o leite e, para isso, começa a metabolizar as gorduras corporais o que resulta em procução de "ácidos graxos" e, portanto aumentam a acidez no sangue e no leite. O mesmo ocorre sempre que a dieta não atende as necessidades dos animais (a vaca emagrece, o leite fica mais ácido, a crioscopia aumenta, pode haver redução dos sólidos do leite, a fabricação de derivados pode ficar comprometida, o pico de produção diminui e a duração da lactação encurta). Corrigir a dieta muito longe do pico nas búfalas não adianta muito para a produção, e a búfala segue ganhando o peso perdido, mas o leite volta ao normal. Ou seja, se faltou comida no começo da lactação, isto contribui para a acidez e menor produtividade. - Um excesso de carbohidratos não estruturais (açucares de rápida degradação no rumen, com pouca fibra) também é causa, tanto de redução de ingestão alimentar quanto de aumento de acidez ruminal com reflexos no leite entre outros problemas. Isto ocorre por exemplo pelo uso excessivo de grãos, de silagem rica em grão ou "de cana", que no seu caso parece ser o único volumoso (cana + cevada + refinasil + polpa cítrica). Pode estar aí uma componente da acidez. - O uso de bicabonato (um tamponante, ou seja, que estabiliza a acidez ruminal) tem sido recomendado em bovinos nestes casos em proporção de até 1-2% da matéria seca da ração (ou seja uns 150-200 g/vaca/dia). Mas o treco custa caro demais. - No meu caso, também uso cana em quantidade expressiva, além de um nível elevado de concentrados (apesar de optar pelo caroço de algdão como um dos componentes por acreditar que tenha menor degradação ruminal que outros farelos e por ser mais barato por unidade de energia na minha região, apesar das bufalas não gostarem muito do danado). Para tentar diminuir o efeito de um eventual excesso de fermentação ruminal tenho usado o calcáreo (até 200 g/dia), que misturo no sal mineralizado (faço uma ingestão forçada de umas 70-80 g de algum sal que tenha maior teor de fósforo e que esteja mais em conta) e eventualmente com uréia+enxofre e coloco sobre a ração. O uso do calcáreo teria por finalidade, além de uma fonte de cálcio, agir como um tamponante (apesar de fraco em relação ao bicarbonato). - Como não transformo mais meu leite, não tenho tido oportunidade de acompanhar a acidez do mesmo, mas ao menos, meu comprador não tem reclamado (pode ser que não o faça para que eu não reclame do preço ?!). Outra coisa observamos foi o desapareciemento da propriedade foram as búfalas que sofriam deslocamentos do quadril após algum trauma, ficando "mancas", que creio tinham como componente alguma deficiencia mineral (particularmente calcio), casos que surgiram após o aumento de produtividade leiteira. Que se destaque que tudo aí é palpite... Otavio ----- Original Message ----- From: fabio.pimentel To: bufalos Sent: Friday, May 26, 2006 7:54 AM Subject: Re: Re:[bufalos] Qualidade do Leite. Nelson Obrigado Estou indo comprar o calacreo agora. Vc acha que precisa de alguma adaptação ou pode dar as 150 g/dia direto? Fábio Fabio, Forneço cana e napier aos animais da Laguna alem de um suplemento a base de castanha de caju, farelo de babaçu e um pouco de milho ao qual adiciono 150 gramas dia de calcareo calcitico não sei até onde ele contribui mas o fato é que leite tem apresentado ph 6,8 e acidez dornic de 18º. um abraço Nelson -----Mensagem Original----- De: fabio.pimentel Para: bufalos Cc: bufalos Enviada em: quinta-feira, 25 de maio de 2006 17:58 Assunto: Re: Re:[bufalos] Qualidade do Leite. Otávio Vc acha quea a adição de calcareo calcitico ajudaria? Normalmente,eu tenho colocado bicarbonato 20 g/vaca uma vez por semana,e sempre deu certo.Mas agora acho que devido a cana estou pensando em mudar para Calacreo. Quanto devo dar por vaca? Obrigado Fábio Fabio, Um questão relevante é saber a quantos dias em média os animais pariram pois, a acidez titulável (como o processo Dornic), sofre influencia do teor de proteinas do leite que estão aumentados na fase de colostro (pelas soropreteínas) e nas fases iniciais da lactação. Há um trabalho do Dr. Eduardo Bastianetto em http://www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/download/RE0124952.pdf em que cita referencias das búfalas mediterrânes italianas nas quais se observa que na primeira semana pós parto se verifica em média até 27 graus Dornic, valor que se reduz a 22,5 na 2a semana e a 20,25 aos 25 dias. Além das condições fisiológicas da espécie, destaca ele no trabalho alguns fatores que podem afetar a acidez e que, creio, seja de interesse reproduzir: Fatores ambientais que causam o aumento da acidez titulável do leite da búfala 1. Presença de bactérias saprofitas produtoras de acido lático através da fermentação da lactose 2. Conservação do leite em refrigerador sujo e resfriamento lento 3. Transporte do leite em latas sujas e temperatura inadequada 4. Percursos longos e demorados. 5. Ordenha com pouca ou nenhuma higiene Fatores alimentares que aumentam a acidez titulável do leite 1. Excesso de forragem grosseira sem a observação das características nutricionais. 2. Fornecimento de alimentos inapropriados: silagem de baixa qualidade, alimentos mofados, mistura mineral inapropriada. Otavio ----- Original Message ----- From: fabio.pimentel To: bufalos Cc: bufalos Sent: Thursday, May 25, 2006 8:09 AM Subject: Re:[bufalos] Qualidade do Leite. Bom Dia Pegando uma carona no tema,vou como sempre fazer minhas perguntas. Estou com um problema de acidez no leite,o leite recém ordenhado ( a 1° ordenha começa as 3:000 Hs e vai até as 6:00Hs),está chegando com 19°a 21°D. O Leite é retirado mecanicamente (balde ao pé),e passado em um rebaixador de placas,e depois vai para latôes plásticos aonde fica até ir para o Latícinio que fica a cerca de 50 mts do curral.Chega no laticinio as 6:10. A higienização,é feita através de detergente acido e alcalino e com agua quente,em todos os equipamentos de ordenha e nos latões. A semana passada,foi realizado CMT por um veterinário,e nada foi constatado.Apenas 3 vacas levemente suspeitas as quais estão sendo ordenhadas por ultimo. As búfalas estão comendo: Cana 30 Kg,Cevada14 Kg,Refinasil 2 Kg e Polpa Citrica 2 Kg. A Cana é cortada logo após a ordenha e servida rapidamente no cocho ,corta-se as 7 e as 11:00 as vacas já estão na corrente,aonde ficam até o fim da ordenha da tarde(inicio as 14:00 e fim as 16:00) Após a ordenha da tarde,é colocado sorgo cortado verde as 12:00Hs e os bezerros ficam comendo no curral até acorrentar as vacas as 3:00hs da manha,qdo é colcado novamente cevada e as vacas ''limpam o cocho" e depois são soltas no pasto até acorrentar de novo as 11:00. Tenho vacas em vários estágios de lactação,mas o leite é colocado em latôes separados,mas até as vacas de bezerro de novo 60 dias de parida estão com leite ácido. O que pode estar ocorrendo? Obrigado Fábio 17/05/2006 Uso da contagem de células somáticas para bubalinos A demanda crescente pelo queijo Muzzarella e sua composição diferenciada explicam em grande parte o interesse pelo leite de búfala no Brasil e em outros países. Em termos mundiais, os maiores produtores são a Índia e Paquistão, enquanto que na Europa, o principal país produtor é a Itália. Para exemplificar o potencial desse tipo de leite, basta dizer que, em média, a composição do leite de búfala pode atingir 8,3% de gordura e 4,8% de proteína, o que confirma o grande potencial como matéria-prima para a fabricação de queijos. Tradicionalmente, considera-se que a búfala é menos susceptível à mastite do que a vaca. Essa maior resistência às infecções intramamárias poderia ser explicada, em grande parte, por algumas características como o menor diâmetro e maior extensão do canal do teto, o que dificulta a invasão de microrganismos. Por outro lado, também é verdadeiro que as búfalas têm um úbere mais pendular e tetos maiores, o que pode aumentar o risco de ocorrência de mastite. Independentemente, dessas particularidades da espécie, os bubalinos apresentam praticamente os mesmos problemas sanitários que os bovinos, o que significa dizer que a mastite também pode ser considerada a doença que mais afeta a produção e qualidade do leite das búfalas. Com o objetivo de estudar a prevalência de infecções intramamárias em búfalas durante toda a lactação e, adicionalmente, identificar os agentes causadores mais prevalentes e a relação entre CCS e produção de leite, foi desenvolvido um estudo em dois rebanhos bubalinos na Itália, com total de 300 animais em lactação. Os rebanhos foram visitados mensalmente durante toda a lactação para a coleta de amostras de leite para cultura microbiológica (identificação dos microrganismos causadores de mastite) e para a realização de CCS e composição do leite (gordura e proteína). Ao final do estudo foi analisado um total de 1912 amostras de leite. Em termos de prevalência da infecção, do total de 1912 amostras coletadas, 63% dos quartos estavam infectados, o que indica uma alta prevalência da doença. Além disso, nenhuma búfala permaneceu livre de infecções intramamárias ao longo do estudo. Dentre os quartos infectados, os agentes causadores mais comuns foram os estafilococos coagulase-negativa (78% das amostras). No início da lactação, a prevalência da mastite era baixa, atingiu o máximo de 79% animais infectados no terceiro mês de lactação e retornou para níveis de cerca de 60% após o sexto mês de lactação. Distribuição dos principais agentes causadores de mastite dentro das amostras de quartos infectados (n=1204) A CCS foi um bom indicador da ocorrência de mastite, sendo que 100% dos quartos com valores acima de 200.000 cel/ml estavam infectados, enquanto que 98% dos quartos com CCS abaixo desse limite não apresentaram a infecção. Isso indica uma alta sensibilidade (99,1%) e alta especificidade (100%) para o uso da CCS como indicador da ocorrência de mastite subclínica em búfalas. Entre os fatores associados com a ocorrência de mastite subclínica, o estágio de lactação foi um dos que mais apresentaram efeitos, uma vez que o risco de uma infecção intramamária foi de 6,3 vezes maior no final da lactação do que no início. Outros fatores de risco importantes foram a maior produção de leite e o número de parições, sendo que animais com maior produção e mais velhos foram mais susceptíveis a ocorrência de mastite. Observou-se, também, que os animais infectados não apresentaram redução significativa da produção de leite em relação aos animais sadios, o que indica que a ocorrência de mastite subclínica, nas condições do estudo, afeta pouco a produção. Além disso, diferentemente da vaca, as búfalas infectadas não apresentaram elevados valores de CCS, o que em parte pode ser explicado pela distribuição dos patógenos causadores de mastite nesses rebanhos, pois o agente mais comum (estafilococos coagulase-negativa) tem como característica uma baixa elevação da CCS nos animais infectados. Os resultados do estudo indicam que em função da pequena diferença de produção de leite entre quartos com alta e baixa infecção, não se justificaria o tratamento intramamários com antibiótico para casos de mastite subclínica em búfalas durante a lactação. Fonte Moroni, et al., Journal of Dairy Science, v. 89, --------------------------------- Abra sua conta no Yahoo! Mail - 1GB de espaço, alertas de e-mail no celular e anti-spam realmente eficaz. 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