On 6/25/06, Fábio Emilio Costa <[EMAIL PROTECTED]> wrote:

> Pois eu tenho uma surpresa pra você, o paradigma do "cérebro masculino"
> e "cérebro feminino" é uma verdade tão forte e comprovada que já se
> tornou parte integrante da ciência cognitiva, sem grandes contestações
> exceto em uma ou outra conclusão minuciosa de alguma pesquisa com
> metodologia falha. É sabido que homens e mulheres têm mentes diferentes
> em geral, e me espanta estar contestando isso se você mesma implicou
> esse mesmo fato nas suas citações.
>
> E convenhamos, os "homens" não estão tentando provar que algo é verdade
> ou mentira. Não existem "os homens" no sentido de um complô contra as
> mulheres, e se existem homens machistas também existem mulheres machistas.

Acho que o que está em discussão aqui não é se homens ou mulheres
possuem cérebros diferentes. Você mostra-se como alguém que acha que
tudo é genético (ser gay é genético, mulher não mexe bem com comps por
causa da genética...), mas tou com as Chix: acredito que a diferença
maior é que mulheres em geral NÃO MEXEM com computador por do nosso
paradigma social muito WAMP (White/Anglican/Man/Protestant). Não
sugiro uma revolução radical, mas sim uma evolução.


A questão do cérebro ser diferente não é questão de genética, mas do
desenvolvimento de características do indivíduo ligadas ao sexo.
Digamos que, em realidades alternativas, duas pessoas tem exatamente o
mesmo genótipo, distinguindo-se apenas que, em uma delas, o cromosso
sexual é o Y no lugar do X, mas mesmo as porções do X e Y que são
compartilhadas são iguais nessas duas pessoas. Consideremos ainda que
os dois indivíduos são "saudáveis" e "normais" e plenamente capazes de
exercer todas as atividades de desenvolvimento motor, intelectual e
afetivo.

Ainda assim, os dois indivíduos já serão extremamente diferentes (nos
seus fortes e fracos), só por conta das características que se
desenvolvem diferente por causa do sexo (e isso sem falar ainda das
questões culturais e sociais).

E o termo correto é WASP: white anglo-saxon protestant. Mas isso não
vem ao caso, porque não estamos discutindo genética ou a relevância
que pessoas desse perfil tem com esses argumentos.


> Se 50% da população é homem e 50% é mulher, e 50% dos cargos de chefias
> são ocupados por homens e 50% ocupados por mulheres, temos injustiça.
> Por quê? Porque os homens, segundo os pressupostos acima, têm duas vezes
> mais representantes de "capacidade de liderança" do que as mulheres. No
> entanto, conseguem duas vezes menos essas vagas, dado que apesar da
> quantidade igual têm proporção igual à das mulheres. Se temos 1000
> pessoas e 90 vagas de chefia, 45 homens e 45 mulheres as ocuparam; no
> entanto, temos (60%*500=)300 homens com capacidade de liderança e apenas
> (40%*500)200 mulheres com capacidade de liderança. Apenas 15% dos homens
> com mesma capacidade que as mulheres conseguiu vagas, enquanto a
> porcentagem das mulheres foi de 22,5%.

Patola, sinto muito, mas você agora deu uma bola fora:

Primeiro, (ainda) não foi comprovado nada de "gene da liderança";


Fazendo-se justiça, o Patola simplicou a questão toda para facilitar a
compreensão, não para facilitar descartar toda a lógica do argumento,
transformando o num homem de palha. Isso seria fácil demais, já que o
próprio Patola fez todo o serviço por você, mas não foi essa a
intenção dele. A intenção foi o entendimento.

Então, não faça isso: não pegue o exemplo, sem as considerações
anteriores, e transforme na regra. O próximo passo nesse engano seria
desconsiderar também que ele disse, para efeitos de simplificação, que
no exemplo anterior estamos mapeando a capacidade de liderança para o
gene da liderança apenas (e desconsiderando todos os outros
irreconhecíveis e imapeáveis fatores), e passar a acusar pessoas de
serem eugenistas. A discussão terá irremediavelmente caído de nível
até o fundo do poço.

A questão da genética é perigosa (porque pode cair no argumento
eugenista de capacidades e limitações inatas), mas ela não precisa ser
o único argumento.

Existem características adquiridas por incentivo ao desenvolvimento
intelectual, pelo desenvolvimento hormonal e social que contribuem
para a formação do indivíduo. E esse desenvolvimento deve acontecer
até uma certa idade na criança. Como essas características são parte
integrante do meio onde ela vive, é como se elas fossem inatas, mas
elas não são.

Então, o certo seria mudar o meio em que a criança vive para que ela
compreenda todas as realidades e caminhos que ela poderia desenvolver
e deixar que a própria criança escolha, seja por vontade e aptidão,
qual ela quer seguir.

Agora, se ainda assim e depois disso, a criança do sexo masculino
escolher com mais freqüência as atividades técnicas (seja por alguma
característica do desenvolvimento cerebral, como se diz) do que as
mulheres, espero que fique descartar totalmente a questão de machismo
na hora de decidir que tipo de carreira a pessoa quer. Nessa
realidade, políticas de incentivo serão puramente injustiças.


[]'s!
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Pedro de Medeiros - Computer Science - University of Brasília
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