Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-10-16 Por tôpico Rogerio Ponce
Ola' Nicolau e amigos,
estava passeando por mensagens antigas quando encontrei essa, e me ocorreu o 
seguinte:

O erro no raciocinio do aluno esta' em que
 se ele deduz que na sexta-feira o teste nao pode acontecer  (pois senao eles 
ja' saberiam na quinta feira sobre o teste de sexta), entao os alunos irao 
dormir tranquilos, sabendo que o teste nao acontecera'  na sexta-feira.

Portanto, o teste pode ser dado na sexta-feira! (pois sera' surpresa para os 
alunos).

O ponto e': como de fato os alunos nao podem concluir nada, o teste pode ser 
dado em qualquer dia, inclusive na sexta-feira.

Abracos a todos,
Rogerio Ponce


Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED] escreveu: On Tue, Jan 30, 2007 at 
04:18:44PM -0200, Fernando Lukas Miglorancia wrote:
 Esses problemas são todos muito legais. Até hoje ainda não sei a 
 resposta do paradoxo da prova surpresa- por favor, me ajudem.

Para quem não sabe, o paradoxo é o seguinte.

Um professor anuncia numa 6a feira que vai dar um teste surpresa
durante a semana seguinte (os alunos tem aula de 2a a 6a).
Os alunos se reunem e um deles diz:
O teste não pode ser na 6a feira, senão na noite de 5a feira
nós saberiamos muito bem que o teste seria na 6a logo não seria uma surpresa.
Pelo mesmo raciocínio, o teste não pode ser na 5a feira:
como já sabemos que o teste não pode ser na 6a,
se o teste não for aplicado até 4a ficará claro que o teste deve ser na 5a
e portanto não seria uma surpresa.
Novamente pelo mesmo raciocínio o teste não pode ser na 4a:
se o teste não for aplicado até 3a feira, como já sabemos que o teste
não será aplicado nem na 5a nem na 6a, ficará evidente que o teste será
na 4a e novamente não haveria surpresa.
Repetindo o raciocínio, o teste não pode ser na 3a.
Assim o teste só pode ser na 2a, mas então não é uma surpresa.
O professor mentiu.
Os alunos discutem os méritos deste argumento e vão embora sem concordar.
Na 3a feira o professor aplica o teste: um aluno diz Eu já sabia!,
outro diz Não sabia nada!, mas a discussão é interrompida
pois o teste deve comecar.

A pergunta é: onde está o erro, se é que há erro, no raciocínio do aluno?

Um paradoxo deste tipo não tem resposta única que satisfaca a todos.
Se você procurar no Google por surprise test paradox você encontrará
muitos artigos bons sobre o paradoxo.

Tendo dito isto, a minha resposta favorita é que não existe definicão
satisfatoria de surpresa. A tentativa usual de definicão é que 
o teste é surpresa se os alunos não tiverem como deduzir que o teste
deveria ser naquele dia. Ora, a deducão do aluno depende centralmente
do conceito de surpresa. Assim precisamos definir surpresa para definir
o que é uma deducão válida envolvendo o conceito de surpresa mas 
precisamos da definicão de deducão válida para definir surpresa.
Há uma circularidade, e o paradoxo é a demonstracão de que a circularidade
não pode ser vencida dando alguma outra definicão equivalente ou sequer
parecida.

Acho este paradoxo parecido com o seguinte.

Alguns números naturais podem ser descritos com frases curtas,
outros precisam de frases mais longas. Como o número de frases com menos
de 1000 caracteres é finito, é bem óbvio que só um número finito de naturais
pode ser descrito com uma frase de menos de 1000 caracteres. Assim, existem
muitos naturais que não podem ser descritos por uma frase com menos de 1000
caracteres. Considere N, o menor natural que não pode ser descrito por
uma frase com menos de 1000 caracteres. Ora, acabamos de descrever N
com menos de 1000 caracteres!

Aqui, novamente, acho que o ponto fraco é que nunca foi explicado direito
o que é uma descricão. E a descricão que queremos dar para N depende
da definicão do que seja uma descricão. Novamente temos uma circularidade.

[]s, N.


=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
=


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armazenamento! 

Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-05 Por tôpico Nicolau C. Saldanha
Oi Ralph, vou mandar um e-mail um pouco repetitivo com o seu e com
os meus anteriores. Desculpem...

On Sun, Feb 04, 2007 at 07:59:35PM -0300, Ralph Teixeira wrote:
 O que eu vou falar me parece ser mais ou menos equivalente ao que o Nicolau
 falou, mas eu vou escrever assim mesmo pois foi o pensamento que mais me
 satisfez (e me *parece* correto, corrijam-me se eu falei besteira).
  
 Quando alguem diz o teste eh surpresa, eu entendo assim: usando os dados
 que voce tem e **TODOS OS RACIOCINIOS LOGICOS POSSIVEIS** voce nao consegue
 concluir que o tester eh naquele dia.
  
 O problema eh que esta frase nao eh valida. Em logica (pelo menos na logica
 arroz-com-feijao que eu conheco), eh proibido classificar como V ou F uma
 frase que cite a propria logica como um todo (todos os raciocinios logicos
 possiveis). Neste sentido, a frase eh auto-referencial... Minha mente acaba
 botando esta frase no mesmo saco que Esta frase eh falsa ou O conjunto de
 todos os conjuntos...

De fato, isto é bem parecido com o que eu tentei dizer. O grande complicador
é que os raciocínios lógicos em questão envolvem o próprio conceito
de surpresa (que é o que nós estamos tentando definir).
  
 Como a frase eh invalida (nem V nem F), raciocinios nelas baseados estao
 destinados a criar contradicoes sem solucao.

Como a frase é inválida o paradoxo não é uma contradicão na matemática. Mas...
  
 Isto indica que esta definicao de surpresa nao presta. Acho que isto eh uma
 faceta do que o Nicolau falou: nao consigo imaginar uma definicao de
 surpresa que seja precisa o suficiente para permitir analise logica.

... acho que o mais interessante é o outro lado da moeda: como usando
o conceito de surpresa caímos numa contradicão, o raciocínio é uma prova
(ou pelo menos uma tentativa razoavelmente convincente de prova)
de que é impossível dar a volta, isto é, conseguir uma outra definicão
de surpresa que (1) seja perfeitamente sólida e legítima, sem circularidades
implícitas ou explícitas (2) corresponda aproximadamente a nossa idéia
intuitiva do que significa surpresa.

Note que existe o conceito apenas vagamente relacionado de ficar
*psicologicamente* surpreso. Um aluno fica psicologicamente surpreso
por um teste quando ele diz: Meu Deus! O teste é hoje! Eu não sabia!
Eu não estudei nada! ou algo do gênero. Acho que todos nós sabemos
muito bem por experiência com nossos colegas ou alunos que o aluno
pode muito bem ficar psicologicamente surpreso com um teste que foi
anunciado explicitamente (por exemplo, por que o aluno não leu
o quadro de avisos, não prestou atencão quando o professor avisou,
faltou no dia, ...). Dualmente, mesmo num teste que seja realmente
(ou logicamente) surpresa, outro aluno pode não ficar psicologicamente
surpreso: ele pode se sentir tão seguro que não se importa,
ou ele pode ser um neurótico que *toda* aula acha que o professor
vai dar um teste surpresa (Vai ser hoje! Eu sei que vai ser hoje!,
e fica psicologicamente surpreso quando *não* há teste).
O paradoxo não deveria tratar deste tipo de consideracão:
os alunos aqui são seres racionais idealizados.

[]s, N.
=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
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Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-05 Por tôpico GERALDO FRANCISCO DE SOUZA REBOUÇAS
Olá,

Será que você pode enviar esse livro pra mim também?

[EMAIL PROTECTED]

Obg.

Marcelo Salhab Brogliato [EMAIL PROTECTED] escreveu:   Olá Ronaldo,
  
 pode me enviar este livro também?
  
 Obrigado.
 Um abraço,
 Salhab
- Original Message - 
   From:Ronaldo Alonso 
   To: obm-l@mat.puc-rio.br 
   Sent: Thursday, February 01, 2007 9:10AM
   Subject: Re: [obm-l] Paradoxo do testesurpresa
   



   On 2/1/07, FernandoLukas Miglorancia [EMAIL PROTECTED]wrote:
Prezado Nicolau,
  
Obrigado pelo encorajamento- vou  procurar no Google  e visitar 
alguns links sim.
Aproveitando também o ensejo  e  o conhecimento seu e dos 
demais membros da lista,
 estou começando o estudo da  ´Inteligência Artificial´, que 
julgo ser um assunto fascinante,
 e gostaria de algumas dicas  sobre links , livros, etc. sobre 
oassunto.

   Olá Fernando, esse campo de pesquisa é bastante abrangente.  Se você
quiser ter uma visão
   geral pode simplesmente começar pelo livro da Elaine Rich Artificial
Intelligence ou do 
   Nilson Principles of Artificial Intelligence .   
Se quiser algo prático e rápido (que nãodepende
   de saber linguagens lógicas como PROLOG e LISP) vcpode consultar o livro 
do Herbert Schildt:
   Artificial Intelligence Using C.  Essa é uma referência dotipo quick 
and dirt não muito padrão em
   relação ao que é feito na área.   
De qualquer forma vc deve escolheruma subárea em que vc estiver mais
interessado para se aprofundar.  Por exemplo: Existem sistemasbaseados 
em lógica de primeira
   ordem que conseguem provar teoremas simples, talvez isso interesse mais
ao pessoal da lista.
  Há também uma de pesquisa fortemente relacionada que é oestudo das 
redes neurais artificiais.
   Tenho um livro aqui de licenca pública e vou enviar para vc pore-mail.

   []s




   
 
 
 Obrigado. 
  
  Cordialmente,
  
Fernando.   

 
 2007/1/31, Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED]:   On
Wed, Jan 31, 2007 at 11:59:40AM -0200, Fernando Lukas Migloranciawrote:
 Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelotraçado- muito 
 obrigado, Nicolau!

Obrigado pelos elogios,mas se o assunto é do seu interesse não deixe
de fazer a busca pelogoogle que eu sugeri. O que eu escrevi é mínimo
comparado com o quemuita gente séria já escreveu e pensou sobre o 
assunto. 

Umacitacão:

The story described above is the well-known Surprise TestParadox,
also known as the Class A Blackout, the Hangman Paradox,the
Prediction Paradox, etc. It was circulated by word of mouth in
the 1940s, and was first discussed in print in 1948 [OC].Interestingly
enough, the first few authors who discussed it viewed itsimply as an
example of a statement that could not be fulfilled, andwere unaware
of the potential twist at the end. It was not until 1951that Scriven
pointed out that the teacher can give the test andsurprise the students
[Sc]. Since then, numerous authors have discussedthe problem and 
presented solutions, although none apparentlydefinitive. (See [Ga]
for an eminently readable introduction to theparadox, and [MB] for
a thorough survey of the literature, with abibliography listing 40
papers). 

JOSEPH Y. HALPERN AND YORAMMOSES
TAKEN BY SURPRISE: THE PARADOX OF THE SURPRISE TESTREVISITED
Journal of Philosophical Logic 15 (1986)281-304.

Alguns links:

http://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradox
http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/
http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321

[]s,N.
=
Instruçõespara entrar na lista, sair da lista e usar a lista em 
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
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RE: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-04 Por tôpico Ralph Teixeira
O que eu vou falar me parece ser mais ou menos equivalente ao que o Nicolau 
falou, mas eu vou escrever assim mesmo pois foi o pensamento que mais me 
satisfez (e me *parece* correto, corrijam-me se eu falei besteira).
 
Quando alguem diz o teste eh surpresa, eu entendo assim: usando os dados que 
voce tem e **TODOS OS RACIOCINIOS LOGICOS POSSIVEIS** voce nao consegue 
concluir que o tester eh naquele dia.
 
O problema eh que esta frase nao eh valida. Em logica (pelo menos na logica 
arroz-com-feijao que eu conheco), eh proibido classificar como V ou F uma frase 
que cite a propria logica como um todo (todos os raciocinios logicos 
possiveis). Neste sentido, a frase eh auto-referencial... Minha mente acaba 
botando esta frase no mesmo saco que Esta frase eh falsa ou O conjunto de 
todos os conjuntos...
 
Como a frase eh invalida (nem V nem F), raciocinios nelas baseados estao 
destinados a criar contradicoes sem solucao.
 
Isto indica que esta definicao de surpresa nao presta. Acho que isto eh uma 
faceta do que o Nicolau falou: nao consigo imaginar uma definicao de surpresa 
que seja precisa o suficiente para permitir analise logica.
 
Abraco,
Ralph 

-Original Message- 
From: [EMAIL PROTECTED] on behalf of Nicolau C. Saldanha 
Sent: Fri 2/2/2007 8:47 AM 
To: obm-l@mat.puc-rio.br 
Cc: 
Subject: Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa



On Thu, Feb 01, 2007 at 10:47:41PM +, Rogerio Ponce wrote:
 Ola' Nicolau e colegas da lista,

 eu acho intuitivo entender-se como surpresa (ou inesperado) o fato 
de um
 evento ocorrer sem conhecimento previo. Assim, o evento e' uma 
surpresa (o
 dia escolhido e' inesperado) quando os alunos nao sabem in advance 
qual a
 decisao do professor, antes que esta seja proclamada (manifestada).

 Consideremos que as aulas vao das 8hs ate' as 17hs, e que os testes 
tem uma
 hora de duracao.

 Entao vejamos o que aconteceu: alguns alunos afirmaram que se o teste 
nao
 fosse feito ate' a quinta-feira, entao a realizacao do mesmo na 
sexta-feira
 descaracterizaria a qualidade de inesperado.

 Entretanto, ate' o ultimo segundo (15:59:59) em que fosse possivel ao
 professor optar pela realizacao do teste na quinta-feira, ninguem 
saberia em
 que dia o mesmo ocorreria. E mesmo durante o ultimo segundo, o 
professor
 poderia, ou nao, mudar de ideia. Dessa forma, somente exatamente na 
passagem
 do ultimo instante e' que se saberia da decisao do professor.

 Portanto, mesmo calado, o professor sempre surpreenderia os alunos ao 
decidir
 fazer o exame na sexta.

 E assim, toda a inducao dos alunos e' furada...

 E' interessante notar que o ultimo instante nada tem a ver com a 
meia-noite
 de quinta, mas com o final do intervalo de tempo destinado a decisao 
do
 professor (que neste exemplo ocorreria 'as 16hs de quinta-feira).

A idéia do paradoxo é que o conjunto de opcões para dia-hora-local do 
teste
é finito. Por exemplo, podemos entender que o teste será das 11hs às 
12hs
na sala 160L e que isto será anunciado no quadro de avisos da escola às
9hs no dia do teste. A única coisa que não se sabe é o dia do teste.

A idéia é que o teste deixa de ser surpresa se às 18hs da véspera os 
alunos
já sabem com certeza o dia do teste (antes do aviso ser afixado, 
portanto).

Se o teste não ocorreu até 5a feira, às 18hs de 5a feira os alunos sabem
com certeza que o teste será 6a feira (desde que os alunos possam 
considerar
certo que de fato haverá um teste em algum dia da semana, que eles não
tenham esquecido que o teste de fato já ocorreu na 3a feira, que o 
professor
não vá marcar o teste para o sábado, que o calendário não será 
reformulado
do dia para a noite e desde que os alunos sejam capazes de fazer 
raciocínios
simples sem errar).

Neste sentido acho bem razoável dizer que se o professor aplicar o teste
na 6a feira ele cumpriu sua promessa de aplicar o teste, mas não cumpriu
a promessa de que o teste seria surpresa. Claro que o professor pode ter
dado outra interpretacão para a palavra surpresa...

[]s, N.

=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html

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Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-02 Por tôpico Nicolau C. Saldanha
On Thu, Feb 01, 2007 at 10:47:41PM +, Rogerio Ponce wrote:
 Ola' Nicolau e colegas da lista,
 
 eu acho intuitivo entender-se como surpresa (ou inesperado) o fato de um
 evento ocorrer sem conhecimento previo. Assim, o evento e' uma surpresa (o
 dia escolhido e' inesperado) quando os alunos nao sabem in advance qual a
 decisao do professor, antes que esta seja proclamada (manifestada).
 
 Consideremos que as aulas vao das 8hs ate' as 17hs, e que os testes tem uma
 hora de duracao.
 
 Entao vejamos o que aconteceu: alguns alunos afirmaram que se o teste nao
 fosse feito ate' a quinta-feira, entao a realizacao do mesmo na sexta-feira
 descaracterizaria a qualidade de inesperado.
 
 Entretanto, ate' o ultimo segundo (15:59:59) em que fosse possivel ao
 professor optar pela realizacao do teste na quinta-feira, ninguem saberia em
 que dia o mesmo ocorreria. E mesmo durante o ultimo segundo, o professor
 poderia, ou nao, mudar de ideia. Dessa forma, somente exatamente na passagem
 do ultimo instante e' que se saberia da decisao do professor.
 
 Portanto, mesmo calado, o professor sempre surpreenderia os alunos ao decidir
 fazer o exame na sexta.
 
 E assim, toda a inducao dos alunos e' furada...
 
 E' interessante notar que o ultimo instante nada tem a ver com a meia-noite
 de quinta, mas com o final do intervalo de tempo destinado a decisao do
 professor (que neste exemplo ocorreria 'as 16hs de quinta-feira).

A idéia do paradoxo é que o conjunto de opcões para dia-hora-local do teste
é finito. Por exemplo, podemos entender que o teste será das 11hs às 12hs
na sala 160L e que isto será anunciado no quadro de avisos da escola às
9hs no dia do teste. A única coisa que não se sabe é o dia do teste.

A idéia é que o teste deixa de ser surpresa se às 18hs da véspera os alunos
já sabem com certeza o dia do teste (antes do aviso ser afixado, portanto).

Se o teste não ocorreu até 5a feira, às 18hs de 5a feira os alunos sabem
com certeza que o teste será 6a feira (desde que os alunos possam considerar
certo que de fato haverá um teste em algum dia da semana, que eles não
tenham esquecido que o teste de fato já ocorreu na 3a feira, que o professor
não vá marcar o teste para o sábado, que o calendário não será reformulado
do dia para a noite e desde que os alunos sejam capazes de fazer raciocínios
simples sem errar).

Neste sentido acho bem razoável dizer que se o professor aplicar o teste
na 6a feira ele cumpriu sua promessa de aplicar o teste, mas não cumpriu
a promessa de que o teste seria surpresa. Claro que o professor pode ter
dado outra interpretacão para a palavra surpresa...

[]s, N.
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Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-02 Por tôpico Filipe de Carvalho Hasché


Temos q levar em consideração a não-realização do teste.

Ou seja: se ele NÃO aplicar o teste 2ªf. já é uma surpresa.


O ideal seria q o professor não falasse q haveria teste. Aí sim seria 
surpresa! Hehehe


Abraços,
FC.

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Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-02 Por tôpico Ronaldo Alonso

Neste sentido acho bem razoável dizer que se o professor aplicar o teste

na 6a feira ele cumpriu sua promessa de aplicar o teste, mas não cumpriu
a promessa de que o teste seria surpresa. Claro que o professor pode ter
dado outra interpretacão para a palavra surpresa...




 Novamente então toda a discussão se volta, como o ilustre
professor Nicolau havia colocado desde a primeira
mensagem, para a SEMÂNTICA da palavra supresa que não pode
ser definida com precisão.Sempre achei interessante o assunto de
representar a semântica de
algo de forma não equivocada.  Certamente com linguagens naturais como o
português não é possível fazer isso.
  Por exemplo, considere a frase:  Eu vi o robô idiota na montanha com o
telescópio.
   Note que há 4 ( !! ) ambiguidades:
  1) O robo poderia estar usando um telescópio e eu poderia estar na
montanha.
  2) O robo poderia estar na montanha com o telescópio e eu poderia estar
olhando para a paisagem
  3) Eu poderia estar olhando com um telescópio o robo que estava na
montanha
  4) Eu poderia estar na montanha com um telescópio olhando o robô.


 Cabe lembrar que o assunto representação do conhecimento é uma
das áreas de pesquisa da inteligência artificial.

   A maioria do pessoal aqui da lista lembra da tentativa de David Hilbert
de transformar a matemática em um engenho mecânico onde se colocava os
axiomas de um lado
e todo um conjunto de teoremas era gerado de outro.  Também lembramos a
crítica de Poincaré a essa abordagem dizendo
que um matemático que a aplicasse as regras formais sem entender seu
significado
poderia até deduzir bons teoremas, mas a essência deles sempre lhe
escaparia.

 Quem quiser ler mais sobre esses assuntos recomendo o artigo da
Scientific American do mês de dezembro do
ano passado:  A vanguarda matemática e os limites da razão.

Um paradoxo interessante apresentado neste artigo, já que estamos
discutindo paradoxos, é o paradoxo de Russel:

  Seja X o conjunto de todos os subconjuntos de X que não contém X.
  Pergunta:   X está contido em si mesmo?

[]s a todos.

Ronaldo





[]s, N.

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Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-01 Por tôpico Ronaldo Alonso



A pergunta é se o professor pode incluir, digamos, a 5a feira como uma
possibilidade no sorteio sem violar o que ele falou.



   Acredito que sim porque na 5a feira ninguem sabe se o teste será hoje
ou
amanhã. Há 50% de chance de ser em qualquer dia. Apenas a revelação do
professor faz o aluno ter certeza de algo.  Assim a revelação constitui a
própria
surpresa.


. Se o teste cair na 6a,

o teste não é surpresa (ou é?) logo se o que o professor disse é verdade
o teste deve ser na 5a... mas se os alunos sabem disso, o teste ainda
é surpresa?



 Esse tipo de raciocínio parece falacioso porque induz o professor a
admitir que
se o teste for 6a feira não será surpresa.  Isso faz com que o professor
assuma, induzido
por esse raciocínio, que não poderá dar o teste na 6a.   O restante da
lógica
segue por indução. Ora, claro que o professor pode dar o teste na sexta e
ele ser
supresa (revelada na 5a).  O problema parece ser mesmo a definição de
surpresa
como você colocou.   De qualquer maneira parece que esse assunto é bastante
intrincado.
Vou consultar consultar as referências. Obrigado.


Nicolau escreveu:
Aqui, novamente, acho que o ponto fraco é que nunca foi explicado direito
o que é uma descricão. E a descricão que queremos dar para N depende
da definicão do que seja uma descricão. Novamente temos uma
circularidade.

 E se você definir descrição como uma frase sintaticamente correta que
torne o número único dentro de um contexto aritmético?  A semântica da
frase

está implicita na definição de descrição, porque ela define o número
como
único.
Neste caso não há circularidade, há?  Se houver, onde ela pode estar?


Você não vai conseguir definir sintaticamente correta com muita
facilidade.
Especialmente se você aceitar o uso de uma linguagem como português
(ou inglês, chinês, esperanto, ou qualquer outra lingua comum,
em oposicão a frases escritas em lógica de primeira ordem).
E mais especialmente ainda se você aceitar que no meio da descricão
apareca implicita ou explicitamente o conceito de descricão.

[]s, N.



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Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-01 Por tôpico Fernando Lukas Miglorancia

Prezado Nicolau,

  Obrigado pelo encorajamento- vou procurar no Google  e visitar alguns
*links *sim.
  Aproveitando também o ensejo e  o conhecimento seu e dos demais
membros da lista,
   estou começando o estudo da ´Inteligência Artificial´, que julgo ser
um assunto fascinante,
   e gostaria de algumas dicas sobre *links* , livros, etc. sobre o
assunto.

   Obrigado.

Cordialmente,

 Fernando.


2007/1/31, Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED]:


On Wed, Jan 31, 2007 at 11:59:40AM -0200, Fernando Lukas Miglorancia
wrote:
 Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelo traçado- muito
 obrigado, Nicolau!

Obrigado pelos elogios, mas se o assunto é do seu interesse não deixe
de fazer a busca pelo google que eu sugeri. O que eu escrevi é mínimo
comparado com o que muita gente séria já escreveu e pensou sobre o
assunto.

Uma citacão:

The story described above is the well-known Surprise Test Paradox,
also known as the Class A Blackout, the Hangman Paradox, the
Prediction Paradox, etc. It was circulated by word of mouth in
the 1940s, and was first discussed in print in 1948 [OC]. Interestingly
enough, the first few authors who discussed it viewed it simply as an
example of a statement that could not be fulfilled, and were unaware
of the potential twist at the end. It was not until 1951 that Scriven
pointed out that the teacher can give the test and surprise the students
[Sc]. Since then, numerous authors have discussed the problem and
presented solutions, although none apparently definitive. (See [Ga]
for an eminently readable introduction to the paradox, and [MB] for
a thorough survey of the literature, with a bibliography listing 40
papers).

JOSEPH Y. HALPERN AND YORAM MOSES
TAKEN BY SURPRISE: THE PARADOX OF THE SURPRISE TEST REVISITED
Journal of Philosophical Logic 15 (1986) 281-304.

Alguns links:

http://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradox
http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/
http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321

[]s, N.
=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
=



Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-01 Por tôpico Ronaldo Alonso

On 2/1/07, Fernando Lukas Miglorancia [EMAIL PROTECTED] wrote:


Prezado Nicolau,

   Obrigado pelo encorajamento- vou procurar no Google  e visitar
alguns *links *sim.
   Aproveitando também o ensejo e  o conhecimento seu e dos demais
membros da lista,
estou começando o estudo da ´Inteligência Artificial´, que julgo
ser um assunto fascinante,
e gostaria de algumas dicas sobre *links* , livros, etc. sobre o
assunto.



Olá Fernando, esse campo de pesquisa é bastante abrangente.  Se você quiser
ter uma visão
geral pode simplesmente começar pelo livro da Elaine Rich Artificial
Intelligence ou do
Nilson Principles of Artificial Intelligence .
Se quiser algo prático e rápido (que não depende
de saber linguagens lógicas como PROLOG e LISP) vc pode consultar o livro do
Herbert Schildt:
Artificial Intelligence Using C.  Essa é uma referência do tipo quick and
dirt não muito padrão em
relação ao que é feito na área.
De qualquer forma vc deve escolher uma subárea em que vc estiver mais
interessado para se aprofundar.  Por exemplo: Existem sistemas baseados em
lógica de primeira
ordem que conseguem provar teoremas simples, talvez isso interesse mais ao
pessoal da lista.
  Há também uma de pesquisa fortemente relacionada que é o estudo das redes
neurais artificiais.
Tenho um livro aqui de licenca pública e vou enviar para vc por e-mail.

[]s









Obrigado.

 Cordialmente,

  Fernando.


2007/1/31, Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED]:

 On Wed, Jan 31, 2007 at 11:59:40AM -0200, Fernando Lukas Miglorancia
 wrote:
  Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelo traçado- muito
  obrigado, Nicolau!

 Obrigado pelos elogios, mas se o assunto é do seu interesse não deixe
 de fazer a busca pelo google que eu sugeri. O que eu escrevi é mínimo
 comparado com o que muita gente séria já escreveu e pensou sobre o
 assunto.

 Uma citacão:

 The story described above is the well-known Surprise Test Paradox,
 also known as the Class A Blackout, the Hangman Paradox, the
 Prediction Paradox, etc. It was circulated by word of mouth in
 the 1940s, and was first discussed in print in 1948 [OC]. Interestingly
 enough, the first few authors who discussed it viewed it simply as an
 example of a statement that could not be fulfilled, and were unaware
 of the potential twist at the end. It was not until 1951 that Scriven
 pointed out that the teacher can give the test and surprise the students
 [Sc]. Since then, numerous authors have discussed the problem and
 presented solutions, although none apparently definitive. (See [Ga]
 for an eminently readable introduction to the paradox, and [MB] for
 a thorough survey of the literature, with a bibliography listing 40
 papers).

 JOSEPH Y. HALPERN AND YORAM MOSES
 TAKEN BY SURPRISE: THE PARADOX OF THE SURPRISE TEST REVISITED
 Journal of Philosophical Logic 15 (1986) 281-304.

 Alguns links:

 http://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradox
 http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/
 http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321

 []s, N.

 =
 Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
 http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html

 =






--
Ronaldo Luiz Alonso
--
Computer Engeener
LSI-TEC/USP - Brazil.


Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-01 Por tôpico Fernando Lukas Miglorancia

Prezado Ronaldo,

 Muito obrigado pela sua resposta- bastante completa e elucidativa; se
você puder me mandar o livro
 agradeço muito também- me será muito bom.

  Ainda não sei exatamente em que área da AI desejo me focar, visto
estar ainda iniciando o estudo do assunto, que me parece, no momento,
igualmente fascinante em todos os seus aspectos ( me desculpe não conseguir
ser nem um pouco elucidativo ou definido nessa minha resposta, por favor).

  Sds.,

Fernando



2007/2/1, Ronaldo Alonso [EMAIL PROTECTED]:




On 2/1/07, Fernando Lukas Miglorancia [EMAIL PROTECTED]
wrote:

 Prezado Nicolau,

Obrigado pelo encorajamento- vou procurar no Google  e visitar
 alguns *links *sim.
Aproveitando também o ensejo e  o conhecimento seu e dos demais
 membros da lista,
 estou começando o estudo da ´Inteligência Artificial´, que julgo
 ser um assunto fascinante,
 e gostaria de algumas dicas sobre *links* , livros, etc. sobre o
 assunto.


Olá Fernando, esse campo de pesquisa é bastante abrangente.  Se você
quiser ter uma visão
geral pode simplesmente começar pelo livro da Elaine Rich Artificial
Intelligence ou do
Nilson Principles of Artificial Intelligence .
 Se quiser algo prático e rápido (que não depende
de saber linguagens lógicas como PROLOG e LISP) vc pode consultar o livro
do Herbert Schildt:
Artificial Intelligence Using C.  Essa é uma referência do tipo quick
and dirt não muito padrão em
relação ao que é feito na área.
 De qualquer forma vc deve escolher uma subárea em que vc estiver mais
 interessado para se aprofundar.  Por exemplo: Existem sistemas baseados
em lógica de primeira
ordem que conseguem provar teoremas simples, talvez isso interesse mais ao
pessoal da lista.
   Há também uma de pesquisa fortemente relacionada que é o estudo das
redes neurais artificiais.
Tenho um livro aqui de licenca pública e vou enviar para vc por e-mail.

[]s








 Obrigado.

  Cordialmente,

   Fernando.


 2007/1/31, Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED]:
 
  On Wed, Jan 31, 2007 at 11:59:40AM -0200, Fernando Lukas Miglorancia
  wrote:
   Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelo traçado- muito
   obrigado, Nicolau!
 
  Obrigado pelos elogios, mas se o assunto é do seu interesse não deixe
  de fazer a busca pelo google que eu sugeri. O que eu escrevi é mínimo
  comparado com o que muita gente séria já escreveu e pensou sobre o
  assunto.
 
  Uma citacão:
 
  The story described above is the well-known Surprise Test Paradox,
  also known as the Class A Blackout, the Hangman Paradox, the
  Prediction Paradox, etc. It was circulated by word of mouth in
  the 1940s, and was first discussed in print in 1948 [OC].
  Interestingly
  enough, the first few authors who discussed it viewed it simply as an
  example of a statement that could not be fulfilled, and were unaware
  of the potential twist at the end. It was not until 1951 that
  Scriven
  pointed out that the teacher can give the test and surprise the
  students
  [Sc]. Since then, numerous authors have discussed the problem and
  presented solutions, although none apparently definitive. (See [Ga]
  for an eminently readable introduction to the paradox, and [MB] for
  a thorough survey of the literature, with a bibliography listing 40
  papers).
 
  JOSEPH Y. HALPERN AND YORAM MOSES
  TAKEN BY SURPRISE: THE PARADOX OF THE SURPRISE TEST REVISITED
  Journal of Philosophical Logic 15 (1986) 281-304.
 
  Alguns links:
 
  http://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradox
  http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/
  http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321
 
  []s, N.
 
  =
  Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
  http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
 
  =
 




--
Ronaldo Luiz Alonso
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Computer Engeener
LSI-TEC/USP - Brazil.



Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-01 Por tôpico Biagio Taffarel


Olá Ronaldo, qual livro que tu possui de redes neurais artificiais que é de 
licença pública?

Podes mandar pra mim tbém?

Abraço,

Biagio

At 09:10 01/02/2007, you wrote:


On 2/1/07, Fernando Lukas Miglorancia 
mailto:[EMAIL PROTECTED][EMAIL PROTECTED] wrote:

Prezado Nicolau,

   Obrigado pelo encorajamento- vou procurar no Google  e visitar 
alguns links sim.
   Aproveitando também o ensejo e  o conhecimento seu e dos demais 
membros da lista,
estou começando o estudo da ´Inteligência Artificial´, que julgo 
ser um assunto fascinante,
e gostaria de algumas dicas sobre links , livros, etc. sobre o 
assunto.



Olá Fernando, esse campo de pesquisa é bastante abrangente.  Se você 
quiser ter uma visão
geral pode simplesmente começar pelo livro da Elaine Rich Artificial 
Intelligence ou do

Nilson Principles of Artificial Intelligence .
 Se quiser algo prático e rápido (que não depende
de saber linguagens lógicas como PROLOG e LISP) vc pode consultar o livro 
do Herbert Schildt:
Artificial Intelligence Using C.  Essa é uma referência do tipo quick 
and dirt não muito padrão em

relação ao que é feito na área.
 De qualquer forma vc deve escolher uma subárea em que vc estiver mais
 interessado para se aprofundar.  Por exemplo: Existem sistemas baseados 
em lógica de primeira
ordem que conseguem provar teoremas simples, talvez isso interesse mais ao 
pessoal da lista.
   Há também uma de pesquisa fortemente relacionada que é o estudo das 
redes neurais artificiais.

Tenho um livro aqui de licenca pública e vou enviar para vc por e-mail.

[]s







Obrigado.

 Cordialmente,

  Fernando.


2007/1/31, Nicolau C. Saldanha 
mailto:[EMAIL PROTECTED][EMAIL PROTECTED]:

On Wed, Jan 31, 2007 at 11:59:40AM -0200, Fernando Lukas Miglorancia wrote:
 Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelo traçado- muito
 obrigado, Nicolau!

Obrigado pelos elogios, mas se o assunto é do seu interesse não deixe
de fazer a busca pelo google que eu sugeri. O que eu escrevi é mínimo
comparado com o que muita gente séria já escreveu e pensou sobre o assunto.

Uma citacão:

The story described above is the well-known Surprise Test Paradox,
also known as the Class A Blackout, the Hangman Paradox, the
Prediction Paradox, etc. It was circulated by word of mouth in
the 1940s, and was first discussed in print in 1948 [OC]. Interestingly
enough, the first few authors who discussed it viewed it simply as an
example of a statement that could not be fulfilled, and were unaware
of the potential twist at the end. It was not until 1951 that Scriven
pointed out that the teacher can give the test and surprise the students
[Sc]. Since then, numerous authors have discussed the problem and
presented solutions, although none apparently definitive. (See [Ga]
for an eminently readable introduction to the paradox, and [MB] for
a thorough survey of the literature, with a bibliography listing 40
papers).

JOSEPH Y. HALPERN AND YORAM MOSES
TAKEN BY SURPRISE: THE PARADOX OF THE SURPRISE TEST REVISITED
Journal of Philosophical Logic 15 (1986) 281-304.

Alguns links:

http://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradoxhttp://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradox
http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/
http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321 



[]s, N.
=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.htmlhttp://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
=





--
Ronaldo Luiz Alonso
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Computer Engeener
LSI-TEC/USP - Brazil.



[]´s

Biagio

We are a part of a gigantic creation, and it is not strange that everything 
does not work in perfection; our universe was not created in perfection. 
Perfection is our eternal goal, not our origin.


Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-01 Por tôpico Fernando Lukas Miglorancia

Prezados membros da lista, acabei achando mais um paradoxo, até então
inédito para mim, e estou com dúvidas até para compreendê-lo bem. O que
vocês acham?:

Sds.,
Fernando
**
**
*PARADOXO DE NEWCOMB *

Imagine que há duas caixas diante de você. Numa delas você pode ver que há
1.000 reais. A outra está fechada, e você não pode ver seu conteúdo. Você
pode optar por levar uma delas com você, ou pode optar por levar as duas.
Mas você recebe a seguinte informação: Deus já colocou 100.000 reais na
caixa fechada SE ele previu que era esta que você escolheria levar (deixando
a outra para trás). Em caso contrário, ele não colocou nada nela. E parece
que isso é mesmo verdade, pois dizem a você que todos os que escolheram a
caixa fechada acabaram encontrando 100.000 reais ali dentro, enquanto todos
os que levaram as duas faturaram apenas 1.000 reais. A questão é: você leva
as duas caixas ou apenas a fechada?

É mais forte o argumento de que o certo é levar as duas caixas, pois Deus já
fez aquilo que quis fazer. Independentemente do que ele fez, você vai ganhar
1.000 reais mais o que estiver na caixa fechada, se escolher as duas. Mas há
ainda um excelente argumento de que o certo é levar só a caixa fechada. Nas
palavras de Blackburn, o argumento para escolher apenas a caixa fechada é o
de que as pessoas que fazem essa escolha são as que acabam ficando ricas


Em 01/02/07, Biagio Taffarel [EMAIL PROTECTED] escreveu:



Olá Ronaldo, qual livro que tu possui de redes neurais artificiais que é
de licença pública?
Podes mandar pra mim tbém?

Abraço,

Biagio

At 09:10 01/02/2007, you wrote:


On 2/1/07, *Fernando Lukas Miglorancia*  [EMAIL PROTECTED]
wrote:
 Prezado Nicolau,

   Obrigado pelo encorajamento- vou procurar no Google  e visitar
alguns links sim.
   Aproveitando também o ensejo e  o conhecimento seu e dos demais
membros da lista,
estou começando o estudo da ´Inteligência Artificial´, que julgo
ser um assunto fascinante,
e gostaria de algumas dicas sobre links , livros, etc. sobre o
assunto.


Olá Fernando, esse campo de pesquisa é bastante abrangente.  Se você
quiser ter uma visão
geral pode simplesmente começar pelo livro da Elaine Rich Artificial
Intelligence ou do
Nilson Principles of Artificial Intelligence .
 Se quiser algo prático e rápido (que não depende
de saber linguagens lógicas como PROLOG e LISP) vc pode consultar o livro
do Herbert Schildt:
Artificial Intelligence Using C.  Essa é uma referência do tipo quick
and dirt não muito padrão em
relação ao que é feito na área.
 De qualquer forma vc deve escolher uma subárea em que vc estiver mais
 interessado para se aprofundar.  Por exemplo: Existem sistemas baseados
em lógica de primeira
ordem que conseguem provar teoremas simples, talvez isso interesse mais ao
pessoal da lista.
   Há também uma de pesquisa fortemente relacionada que é o estudo das
redes neurais artificiais.
Tenho um livro aqui de licenca pública e vou enviar para vc por e-mail.

[]s







Obrigado.

 Cordialmente,

  Fernando.


2007/1/31, Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED] :
 On Wed, Jan 31, 2007 at 11:59:40AM -0200, Fernando Lukas Miglorancia
wrote:
 Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelo traçado- muito
 obrigado, Nicolau!

Obrigado pelos elogios, mas se o assunto é do seu interesse não deixe
de fazer a busca pelo google que eu sugeri. O que eu escrevi é mínimo
comparado com o que muita gente séria já escreveu e pensou sobre o
assunto.

Uma citacão:

The story described above is the well-known Surprise Test Paradox,
also known as the Class A Blackout, the Hangman Paradox, the
Prediction Paradox, etc. It was circulated by word of mouth in
the 1940s, and was first discussed in print in 1948 [OC]. Interestingly
enough, the first few authors who discussed it viewed it simply as an
example of a statement that could not be fulfilled, and were unaware
of the potential twist at the end. It was not until 1951 that Scriven
pointed out that the teacher can give the test and surprise the students
[Sc]. Since then, numerous authors have discussed the problem and
presented solutions, although none apparently definitive. (See [Ga]
for an eminently readable introduction to the paradox, and [MB] for
a thorough survey of the literature, with a bibliography listing 40
papers).

JOSEPH Y. HALPERN AND YORAM MOSES
TAKEN BY SURPRISE: THE PARADOX OF THE SURPRISE TEST REVISITED
Journal of Philosophical Logic 15 (1986) 281-304.

Alguns links:

http://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradox
http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/
http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/
http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321

[]s, N.
=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html

Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-01 Por tôpico Marcelo Salhab Brogliato
Olá Ronaldo,

pode me enviar este livro também?

Obrigado.
Um abraço,
Salhab
  - Original Message - 
  From: Ronaldo Alonso 
  To: obm-l@mat.puc-rio.br 
  Sent: Thursday, February 01, 2007 9:10 AM
  Subject: Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa





  On 2/1/07, Fernando Lukas Miglorancia [EMAIL PROTECTED] wrote:
Prezado Nicolau,

   Obrigado pelo encorajamento- vou procurar no Google  e visitar 
alguns links sim.
   Aproveitando também o ensejo e  o conhecimento seu e dos demais 
membros da lista,
estou começando o estudo da ´Inteligência Artificial´, que julgo 
ser um assunto fascinante,
e gostaria de algumas dicas sobre links , livros, etc. sobre o 
assunto.

  Olá Fernando, esse campo de pesquisa é bastante abrangente.  Se você quiser 
ter uma visão
  geral pode simplesmente começar pelo livro da Elaine Rich Artificial 
Intelligence ou do 
  Nilson Principles of Artificial Intelligence .   
   Se quiser algo prático e rápido (que não depende
  de saber linguagens lógicas como PROLOG e LISP) vc pode consultar o livro do 
Herbert Schildt:
  Artificial Intelligence Using C.  Essa é uma referência do tipo quick and 
dirt não muito padrão em
  relação ao que é feito na área.   
   De qualquer forma vc deve escolher uma subárea em que vc estiver mais
   interessado para se aprofundar.  Por exemplo: Existem sistemas baseados em 
lógica de primeira
  ordem que conseguem provar teoremas simples, talvez isso interesse mais ao 
pessoal da lista.
 Há também uma de pesquisa fortemente relacionada que é o estudo das redes 
neurais artificiais.
  Tenho um livro aqui de licenca pública e vou enviar para vc por e-mail.

  []s





   

Obrigado. 

 Cordialmente,

  Fernando.   

 
2007/1/31, Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED]: 
  On Wed, Jan 31, 2007 at 11:59:40AM -0200, Fernando Lukas Miglorancia 
wrote:
   Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelo traçado- muito 
   obrigado, Nicolau!

  Obrigado pelos elogios, mas se o assunto é do seu interesse não deixe
  de fazer a busca pelo google que eu sugeri. O que eu escrevi é mínimo
  comparado com o que muita gente séria já escreveu e pensou sobre o 
assunto. 

  Uma citacão:

  The story described above is the well-known Surprise Test Paradox,
  also known as the Class A Blackout, the Hangman Paradox, the
  Prediction Paradox, etc. It was circulated by word of mouth in 
  the 1940s, and was first discussed in print in 1948 [OC]. Interestingly
  enough, the first few authors who discussed it viewed it simply as an
  example of a statement that could not be fulfilled, and were unaware
  of the potential twist at the end. It was not until 1951 that Scriven
  pointed out that the teacher can give the test and surprise the students
  [Sc]. Since then, numerous authors have discussed the problem and 
  presented solutions, although none apparently definitive. (See [Ga]
  for an eminently readable introduction to the paradox, and [MB] for
  a thorough survey of the literature, with a bibliography listing 40
  papers). 

  JOSEPH Y. HALPERN AND YORAM MOSES
  TAKEN BY SURPRISE: THE PARADOX OF THE SURPRISE TEST REVISITED
  Journal of Philosophical Logic 15 (1986) 281-304.

  Alguns links:

  http://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradox
  http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/ 
  http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321 

  []s, N.
  =
  Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em 
  http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
  =






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  LSI-TEC/USP - Brazil. 

Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-02-01 Por tôpico Rogerio Ponce
Ola' Nicolau e colegas da lista,

eu acho intuitivo entender-se como surpresa (ou inesperado) o fato de um 
evento ocorrer sem conhecimento previo. Assim, o evento e' uma surpresa (o dia 
escolhido e' inesperado) quando os alunos nao sabem in advance qual a decisao 
do professor, antes que esta seja proclamada (manifestada).

Consideremos que as aulas vao das 8hs ate' as 17hs, e que os testes tem uma 
hora de duracao.

Entao vejamos o que aconteceu: alguns alunos afirmaram que se o teste nao fosse 
feito ate' a quinta-feira, entao a realizacao do mesmo na sexta-feira 
descaracterizaria a qualidade de inesperado.

Entretanto, ate' o ultimo segundo (15:59:59) em que fosse possivel ao professor 
optar pela realizacao do teste na quinta-feira, ninguem saberia em que dia o 
mesmo ocorreria. E mesmo durante o ultimo segundo, o professor poderia, ou nao, 
mudar de ideia. Dessa forma, somente exatamente na passagem do ultimo instante 
e' que se saberia da decisao do professor.

Portanto, mesmo calado, o professor sempre surpreenderia os alunos ao decidir 
fazer o exame na sexta.

E assim, toda a inducao dos alunos e' furada...

E' interessante notar que o ultimo instante nada tem a ver com a meia-noite 
de quinta, mas com o final do intervalo de tempo destinado a decisao do 
professor (que neste exemplo ocorreria 'as 16hs de quinta-feira).

[]'s
Rogerio Ponce.

Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED] escreveu: On Tue, Jan 30, 2007 at 
04:18:44PM -0200, Fernando Lukas Miglorancia wrote:
 Esses problemas são todos muito legais. Até hoje ainda não sei a 
 resposta do paradoxo da prova surpresa- por favor, me ajudem.

Para quem não sabe, o paradoxo é o seguinte.

Um professor anuncia numa 6a feira que vai dar um teste surpresa
durante a semana seguinte (os alunos tem aula de 2a a 6a).
Os alunos se reunem e um deles diz:
O teste não pode ser na 6a feira, senão na noite de 5a feira
nós saberiamos muito bem que o teste seria na 6a logo não seria uma surpresa.
Pelo mesmo raciocínio, o teste não pode ser na 5a feira:
como já sabemos que o teste não pode ser na 6a,
se o teste não for aplicado até 4a ficará claro que o teste deve ser na 5a
e portanto não seria uma surpresa.
Novamente pelo mesmo raciocínio o teste não pode ser na 4a:
se o teste não for aplicado até 3a feira, como já sabemos que o teste
não será aplicado nem na 5a nem na 6a, ficará evidente que o teste será
na 4a e novamente não haveria surpresa.
Repetindo o raciocínio, o teste não pode ser na 3a.
Assim o teste só pode ser na 2a, mas então não é uma surpresa.
O professor mentiu.
Os alunos discutem os méritos deste argumento e vão embora sem concordar.
Na 3a feira o professor aplica o teste: um aluno diz Eu já sabia!,
outro diz Não sabia nada!, mas a discussão é interrompida
pois o teste deve comecar.

A pergunta é: onde está o erro, se é que há erro, no raciocínio do aluno?

Um paradoxo deste tipo não tem resposta única que satisfaca a todos.
Se você procurar no Google por surprise test paradox você encontrará
muitos artigos bons sobre o paradoxo.

Tendo dito isto, a minha resposta favorita é que não existe definicão
satisfatoria de surpresa. A tentativa usual de definicão é que 
o teste é surpresa se os alunos não tiverem como deduzir que o teste
deveria ser naquele dia. Ora, a deducão do aluno depende centralmente
do conceito de surpresa. Assim precisamos definir surpresa para definir
o que é uma deducão válida envolvendo o conceito de surpresa mas 
precisamos da definicão de deducão válida para definir surpresa.
Há uma circularidade, e o paradoxo é a demonstracão de que a circularidade
não pode ser vencida dando alguma outra definicão equivalente ou sequer
parecida.

Acho este paradoxo parecido com o seguinte.

Alguns números naturais podem ser descritos com frases curtas,
outros precisam de frases mais longas. Como o número de frases com menos
de 1000 caracteres é finito, é bem óbvio que só um número finito de naturais
pode ser descrito com uma frase de menos de 1000 caracteres. Assim, existem
muitos naturais que não podem ser descritos por uma frase com menos de 1000
caracteres. Considere N, o menor natural que não pode ser descrito por
uma frase com menos de 1000 caracteres. Ora, acabamos de descrever N
com menos de 1000 caracteres!

Aqui, novamente, acho que o ponto fraco é que nunca foi explicado direito
o que é uma descricão. E a descricão que queremos dar para N depende
da definicão do que seja uma descricão. Novamente temos uma circularidade.

[]s, N.



 __
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Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-01-31 Por tôpico Ronaldo Alonso

Nicolau escreveu:

Tendo dito isto, a minha resposta favorita é que não existe definicão

satisfatoria de surpresa. A tentativa usual de definicão é que
o teste é surpresa se os alunos não tiverem como deduzir que o teste
deveria ser naquele dia. Ora, a deducão do aluno depende centralmente
do conceito de surpresa. Assim precisamos definir surpresa para definir
o que é uma deducão válida envolvendo o conceito de surpresa mas
precisamos da definicão de deducão válida para definir surpresa.
Há uma circularidade, e o paradoxo é a demonstracão de que a circularidade
não pode ser vencida dando alguma outra definicão equivalente ou sequer
parecida.



  E se, digamos, você diz define surpresa com algo que não seja dedução
válida ou envolva
outro conceito como por exemplo, o de sorteio.  Você sorteia um dentre os
seis dias da
semana e sabe que lá vai aplicar a prova. O aluno certamente não sabe desta
forma qual
dia foi sorteado (somente o professor sabe) e como o aluno não lê a mente
do professor
ele não pode dizer que sabia quando a prova seria aplicada, certo?

Nicolau escreveu:



Aqui, novamente, acho que o ponto fraco é que nunca foi explicado direito
o que é uma descricão. E a descricão que queremos dar para N depende
da definicão do que seja uma descricão. Novamente temos uma circularidade.


 E se você definir descrição como uma frase sintaticamente correta que
torne o número único dentro de um contexto aritmético?  A semântica da frase

está implicita na definição de descrição, porque ela define o número como
único.
Neste caso não há circularidade, há?  Se houver, onde ela pode estar?

Ronaldo
=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
=





Ronaldo Luiz Alonso


Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-01-31 Por tôpico Fernando Lukas Miglorancia

Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelo traçado- muito
obrigado, Nicolau!

Fernando


Em 31/01/07, Nicolau C. Saldanha [EMAIL PROTECTED] escreveu:


On Tue, Jan 30, 2007 at 04:18:44PM -0200, Fernando Lukas Miglorancia
wrote:
 Esses problemas são todos muito legais. Até hoje ainda não sei a
 resposta do paradoxo da prova surpresa- por favor, me ajudem.

Para quem não sabe, o paradoxo é o seguinte.

Um professor anuncia numa 6a feira que vai dar um teste surpresa
durante a semana seguinte (os alunos tem aula de 2a a 6a).
Os alunos se reunem e um deles diz:
O teste não pode ser na 6a feira, senão na noite de 5a feira
nós saberiamos muito bem que o teste seria na 6a logo não seria uma
surpresa.
Pelo mesmo raciocínio, o teste não pode ser na 5a feira:
como já sabemos que o teste não pode ser na 6a,
se o teste não for aplicado até 4a ficará claro que o teste deve ser na 5a
e portanto não seria uma surpresa.
Novamente pelo mesmo raciocínio o teste não pode ser na 4a:
se o teste não for aplicado até 3a feira, como já sabemos que o teste
não será aplicado nem na 5a nem na 6a, ficará evidente que o teste será
na 4a e novamente não haveria surpresa.
Repetindo o raciocínio, o teste não pode ser na 3a.
Assim o teste só pode ser na 2a, mas então não é uma surpresa.
O professor mentiu.
Os alunos discutem os méritos deste argumento e vão embora sem concordar.
Na 3a feira o professor aplica o teste: um aluno diz Eu já sabia!,
outro diz Não sabia nada!, mas a discussão é interrompida
pois o teste deve comecar.

A pergunta é: onde está o erro, se é que há erro, no raciocínio do aluno?

Um paradoxo deste tipo não tem resposta única que satisfaca a todos.
Se você procurar no Google por surprise test paradox você encontrará
muitos artigos bons sobre o paradoxo.

Tendo dito isto, a minha resposta favorita é que não existe definicão
satisfatoria de surpresa. A tentativa usual de definicão é que
o teste é surpresa se os alunos não tiverem como deduzir que o teste
deveria ser naquele dia. Ora, a deducão do aluno depende centralmente
do conceito de surpresa. Assim precisamos definir surpresa para definir
o que é uma deducão válida envolvendo o conceito de surpresa mas
precisamos da definicão de deducão válida para definir surpresa.
Há uma circularidade, e o paradoxo é a demonstracão de que a circularidade
não pode ser vencida dando alguma outra definicão equivalente ou sequer
parecida.

Acho este paradoxo parecido com o seguinte.

Alguns números naturais podem ser descritos com frases curtas,
outros precisam de frases mais longas. Como o número de frases com menos
de 1000 caracteres é finito, é bem óbvio que só um número finito de
naturais
pode ser descrito com uma frase de menos de 1000 caracteres. Assim,
existem
muitos naturais que não podem ser descritos por uma frase com menos de
1000
caracteres. Considere N, o menor natural que não pode ser descrito por
uma frase com menos de 1000 caracteres. Ora, acabamos de descrever N
com menos de 1000 caracteres!

Aqui, novamente, acho que o ponto fraco é que nunca foi explicado direito
o que é uma descricão. E a descricão que queremos dar para N depende
da definicão do que seja uma descricão. Novamente temos uma circularidade.

[]s, N.


=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
=



Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-01-31 Por tôpico Nicolau C. Saldanha
On Wed, Jan 31, 2007 at 12:15:15PM -0200, Ronaldo Alonso wrote:
 Nicolau escreveu:
 
 Tendo dito isto, a minha resposta favorita é que não existe definicão
 satisfatoria de surpresa. A tentativa usual de definicão é que
 o teste é surpresa se os alunos não tiverem como deduzir que o teste
 deveria ser naquele dia. Ora, a deducão do aluno depende centralmente
 do conceito de surpresa. Assim precisamos definir surpresa para definir
 o que é uma deducão válida envolvendo o conceito de surpresa mas
 precisamos da definicão de deducão válida para definir surpresa.
 Há uma circularidade, e o paradoxo é a demonstracão de que a 
 circularidade
 não pode ser vencida dando alguma outra definicão equivalente ou sequer
 parecida.
 
 
   E se, digamos, você diz define surpresa com algo que não seja dedução
 válida ou envolva
 outro conceito como por exemplo, o de sorteio.  Você sorteia um dentre os
 seis dias da
 semana e sabe que lá vai aplicar a prova. O aluno certamente não sabe 
 desta
 forma qual
 dia foi sorteado (somente o professor sabe) e como o aluno não lê a mente
 do professor
 ele não pode dizer que sabia quando a prova seria aplicada, certo?

A pergunta é se o professor pode incluir, digamos, a 5a feira como uma
possibilidade no sorteio sem violar o que ele falou. Sorteio ou não,
os alunos não precisam ler a mente de ninguém, exceto talvez a própria
memória e a própria capacidade de raciocinar, para saber que o teste 
deve necessariamente cair na 5a ou na 6a. Se o teste cair na 6a,
o teste não é surpresa (ou é?) logo se o que o professor disse é verdade
o teste deve ser na 5a... mas se os alunos sabem disso, o teste ainda
é surpresa?

 Nicolau escreveu:
 
 
 Aqui, novamente, acho que o ponto fraco é que nunca foi explicado direito
 o que é uma descricão. E a descricão que queremos dar para N depende
 da definicão do que seja uma descricão. Novamente temos uma 
 circularidade.
 
  E se você definir descrição como uma frase sintaticamente correta que
 torne o número único dentro de um contexto aritmético?  A semântica da 
 frase
 
 está implicita na definição de descrição, porque ela define o número 
 como
 único.
 Neste caso não há circularidade, há?  Se houver, onde ela pode estar?

Você não vai conseguir definir sintaticamente correta com muita facilidade.
Especialmente se você aceitar o uso de uma linguagem como português
(ou inglês, chinês, esperanto, ou qualquer outra lingua comum,
em oposicão a frases escritas em lógica de primeira ordem).
E mais especialmente ainda se você aceitar que no meio da descricão
apareca implicita ou explicitamente o conceito de descricão.

[]s, N.



=
Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
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Re: [obm-l] Paradoxo do teste surpresa

2007-01-31 Por tôpico Nicolau C. Saldanha
On Wed, Jan 31, 2007 at 11:59:40AM -0200, Fernando Lukas Miglorancia wrote:
 Brilhante resposta e mais brilhante ainda o paralelo traçado- muito
 obrigado, Nicolau!

Obrigado pelos elogios, mas se o assunto é do seu interesse não deixe
de fazer a busca pelo google que eu sugeri. O que eu escrevi é mínimo
comparado com o que muita gente séria já escreveu e pensou sobre o assunto.

Uma citacão:

The story described above is the well-known Surprise Test Paradox,
also known as the Class A Blackout, the Hangman Paradox, the
Prediction Paradox, etc. It was circulated by word of mouth in
the 1940s, and was first discussed in print in 1948 [OC]. Interestingly
enough, the first few authors who discussed it viewed it simply as an
example of a statement that could not be fulfilled, and were unaware
of the potential twist at the end. It was not until 1951 that Scriven
pointed out that the teacher can give the test and surprise the students
[Sc]. Since then, numerous authors have discussed the problem and
presented solutions, although none apparently definitive. (See [Ga]
for an eminently readable introduction to the paradox, and [MB] for
a thorough survey of the literature, with a bibliography listing 40
papers).

JOSEPH Y. HALPERN AND YORAM MOSES
TAKEN BY SURPRISE: THE PARADOX OF THE SURPRISE TEST REVISITED
Journal of Philosophical Logic 15 (1986) 281-304.

Alguns links:

http://en.wikipedia.org/wiki/Unexpected_hanging_paradox
http://plato.stanford.edu/entries/epistemic-paradoxes/
http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3742/is_199801/ai_n8774321

[]s, N.
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