Caro Décio,

O artigo que eu citei, em que ela tenta fazer metafísica dos gêneros, está
no link:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2011000200004&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

O blog dela que tem outras produções no mesmo "estilo" ou "linha" é o
seguinte:
http://carlarodrigues.uol.com.br/

Todos os artigos dela, com ou sem referência à lógica, matemática ou outras
ciências, parecem ser desse mesmo modo.

Nada contra a subjetividade, mas meus professores de teoria literária na
Unicamp me diziam que somente com subjetividade não se faz crítica
literária e me deram vários exemplos de "análises literárias" que não
analisavam nada. Se ainda se acrescentar o império das miscelânias aos
oceanos da subjetividade, não vejo filosofia nisso. Mas, enfim, respeito a
moça que nem conheço e sua vontade de escrever sobre assuntos filosóficos.

Em 5 de dezembro de 2011 10:32, Decio Krause <deciokra...@gmail.com>escreveu:

> Tony
> Realmente incrível. Pode dar as referências? É sempre bom ter alguns
> contra-exemplos na manga. A mulher é realmente incrível!!
> D
> ________________________________
> Decio Krause
> Departamento de Filosofia
> Universidade Federal de Santa Catarina
> 88040-940 Florianópolis, SC -- Brasil
> deciokrause[at]gmail.com
> www.cfh.ufsc.br/~dkrause
> ________________________________
> "He [God] will never choose among indiscernibles"
> (G.W.Leibniz)
> [But] He (God) would never choose among discernibles too. (M. Franciotti)
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> Em 05/12/2011, às 10:18, Tony Marmo escreveu:
>
> Colocadas as coisas assim, fica mais claro.
>
> Mas, voltando à Carla, que eu não conheço pessoalmente, parece ser do
> estilo dela escrever artigos como o citado. Aqui vai um trecho de outro
> artigo:
>
> A metafísica seria uma forma de pensar o múltiplo a partir do um, o outro a
> partir do mesmo, o diferente a partir do idêntico, a alteridade como uma
> alteração do mesmo, o diferente como uma degradação da identidade. É sob
> essa inspiração que pretendo discutir a diferença sexual e a articulação
> entre feminino - esse outro pensado na tradição a partir do mesmo -,
> alteridade e ética.
>
> Partindo de proposições formuladas por Elizabeth Grosz, Tina Chanter e
> Drucilla Cornell e em diálogo com Emmanuel Lévinas e Jacques Derrida, este
> artigo articula feminilidade, neutralidade e o lugar da diferença sexual a
> fim de pensar como, se o neutro se confunde ao masculino, e é anterior à
> diferença sexual, então neutralidade e masculinidade se confundem e se
> sobrepõem. A partir desse suposto neutro - que carrega nele a marca
> implícita do masculino - a filosofia formula a pergunta "o que é", tomando
> o neutro (masculino) como padrão para definir o outro (feminino) numa
> perspectiva que essencializa o outro pelas suas diferenças. Ou, para ficar
> nos termos com que Sylviane Agacinski define a metafísica, a pergunta "o
> que é" se responde pensando o feminino (outro) como uma alteração do
> masculino (mesmo/neutro).
>
> Postular a pergunta "o que é a mulher" já seria uma forma metafísica e
> essencialista de pensar sobre o feminino, como argumenta Chanter, para quem
> a origem dos essencialismos sobre o feminino se localiza nesta equação: ao
> tomar o neutro como masculino, a tradição precisa definir a mulher a partir
> da pergunta "o que é". Chanter seguirá os passos de Derrida ao dizer que a
> diferença sexual já nasce como uma forma de secundarizar o feminino e o
> pretensamente neutro aparece na tradição filosófica como masculino. Meu
> interesse aqui é pensar a neutralidade como um totalizador que elimina as
> diferenças, e pensar a diferença sexual como elemento que secundariza a
> mulher.
>
> Lévinas buscou nas reflexões sobre diferença sexual a impossibilidade de
> afirmação do neutro como sinônimo de humano. Se mesmo assim o fez dentro de
> uma matriz androcêntrica, como tão bem aponta Derrida, isso não impede que
> se possa reconhecer a importância de um pensamento que, desde muito cedo,
> associou feminino, alteridade e ética.
>
> O artigo dela segue por aí a fora. Parece que ela escreveu toda uma tese de
> doutorado assim! Como diria a Simone de Beauvoir, Sacré Coeur!
>
> Em 5 de dezembro de 2011 10:07, Francisco Antonio Doria <
> famado...@gmail.com
>
> escreveu:
>
>
> Explico: disse à moça, que, intuitivamente, no princípio da incerteza,
>
> temos duas grandezas - fenômenos, etc - acoplados, e tais que, definindo-se
>
> um deles, o outro se torna indefinido. E ela me deu exemplos, em
>
> psicanálise, de tais entidades acopladas.
>
>
>
> 2011/12/5 Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com>
>
>
>
> Não entendo como o princípio da incerteza de Heisenberg possa ser
>
> interpretado figurativamente de modo a ajudar na psicanálise.
>
>
> Mas, se ela insiste, quem sou eu para discordar?
>
>
> Em 5 de dezembro de 2011 07:55, Francisco Antonio Doria <
>
> famado...@gmail.com> escreveu:
>
>
> Tony,
>
>
> Não concordo com vc nessa avaliação, mas deixa pra lá. Conheço cabeça de
>
> jornalista porque sou filho de jornalista, e pai de jornalista - meu filho
>
> Pedro é um dos editores executivos de O Globo. Esse texto é um artigo de
>
> opinião, ensaio, e como ele, escrevi muita coisa assim, em 1968, no finado
>
> Correio da Manhã, e em 1974, em Opinião.
>
>
> Gênero esse artigo da Carla; vcs iam se horrorizar... Mas me diverti
>
> muito; em 68 era pós adolescente, e era gostoso ser citado na praia de
>
> domingo, e na antessala do Paissandu :))  Gloriosos tempos.
>
>
> Há uns meses o Cesar Benjamin escreveu um artigo citando o teorema de
>
> Goedel, a incompletude. Me ligou, expliquei pra ele. Não saiu perfeito, mas
>
> saiu legal. Fui devidamente citado, e responsabilizado, no texto final.
>
> (Cesar, editor da Contraponto e ex-candidato a vice da Heloisa Helena, é um
>
> fascinado por filosofia da ciência.)
>
>
> Conto um episódio recente, aliás descrito ao fim do livro com o Chaitin
>
> e Newton. Estava saindo com uma psicanalista lacaniana que um dia me diz -
>
> no meio de uma palestra minha - que o princípio da incerteza de Heisenberg
>
> é relevante para a psicanálise.
>
>
> Pensei um instante e expliquei, devagarinho, o Princípio da Incerteza.
>
> Do técnico ao intuitivo - como um teorema de álgebra linear, como o
>
> comutador não trivial de x e d/dx - e relacionei-o ~as variáveis canônicas
>
> q e p em mecânica clássica, igualmente de comutador não trivial, e enfim
>
> como algo intuitivo. E ela me sai com uma interpretação surpreendente e
>
> rica de significado.
>
>
> Foi divertido :))
>
>
>
> 2011/12/5 Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com>
>
>
> Só fica uma pergunta: essa moça aceita que lhe expliquem direito as
>
> coisas ou não?
>
>
> O que me parece é que a jornalista queria mesmo escrever algo que lhe
>
> pareceria interessante aos seus leitores e não algo que esclarecesse. Não
>
> se sabe de onde ela tirou as informações para fazer o artigo, se as
>
> informações estavam corretas ou não nas fontes que ela consulto, ou,
>
> supondo-se que estivessem corretas, se as entendeu. O que me parece é que
>
> ela colocou no artigo o que queria colocar, nem que para isso tivesse de
>
> mudar o que ouviu ou leu, ou de construir conclusões sem verificar se
>
> procediam mesmo do material que leu.
>
>
> É uma pessoa que considera que a objetividade científica seja um mito e
>
> usou de uma figura de autoridade para criar um artigo em defesa de sua
>
> própria ideia. Como Goedel, Einstein e Heisenberg são figuras importantes
>
> do século passado, nada melhor que usar os três para construir a sua versão
>
> de como a objetividade científica teria sido demolida.
>
>
> Mas, é nesse tipo de artigo que os jornalistas acreditam para vender
>
> jornal ou atrair público. Provavelmente, supõe ela que falar de método
>
> axiomático, do debate entre Hilbert e Browser, e do que realmente os
>
> teoremas de Goedel tratam seja muito assunto pesado para um simples artigo
>
> e possivelmente afastaria uma ampla gama de leitores.
>
>
> Alguém se lembra de uma controvérsia entre um artigo da professora
>
> Marilena Chauí e uma réplica de um professor do IMECC vários anos atrás? O
>
> professor do IMECC corrigiu a apresentação de vários conceitos e criticava
>
> o fato de que, ainda que aceites os conceitos do modo que ela os formulara,
>
> não se entendia porque ela tirava certas conclusões deles.
>
>
> Em 5 de dezembro de 2011 01:04, Francisco Antonio Doria <
>
> famado...@gmail.com> escreveu:
>
>
> Ela me escreveu e vamos nos encontrar.
>
>
>
> 2011/12/2 Tony Marmo <marmo.t...@gmail.com>
>
>
> Li-o e considere-o uma crônica de ficção científica, quase a um estilo
>
> borgeano! :D
>
>
> Em 1 de dezembro de 2011 15:11, Décio Krause <deciokra...@gmail.com
>
> escreveu:
>
>
> Caros lógicos
>
> Vejam o texto em http://carlarodrigues.uol.com.br/index.php/570
>
> sobre os teoremas (de incompletude, claro) de Gödel e tirem suas
>
> próprias
>
> conclusões. A autora é de uma capacidade incrível para dizer
>
> tolices sobre
>
> o que certamente não conhece.
>
> D.
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