Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu:

>> Eu, pessoalmente, acho ECQ um princípio *muito* suspeito.  O
>> difícil é que, sem ECQ, um construtivista ficaria basicamente sem
>> negação (ao estilo do cálculo mínimo de Johansson), ou a negação
>> cessaria de ser um operador *lógico*.
>
> Por quê, Hermógenes?

Bem, o problema é o que colocar no lugar de ECQ que, ao mesmo tempo,
(1) seja razoável se chamar de "negação" (ou, melhor, "absurdo", no
caso da negação definida pelo absurdo), e (2) seja construtivamente
justificável.

Se permanecemos com a negação definida como ¬A≡A→⊥ *e não colocamos
nada no lugar de ECQ*, então as nossas inferências dedutivas corretas
são exatamente aquelas do fragmento mínimo sem negação e, do ponto de
vista inferencial, não é possível distinguir o absurdo (⊥) de outra
sentença qualquer: nós basicamente não teríamos a negação no âmbito
das inferências lógicas.  Obviamente, poderiamos ainda introduzir uma
noção de incompatibilidade entre sentenças e, mantendo apenas as
regras de inferência do fragmento mínimo, tratar a negação no âmbito
extra-lógico: a negação deixa de ser um operador lógico (se entendemos
por lógica apenas aquilo que está sendo capturado pelas nossas regras
de inferência).

Espero que agora esteja mais claro.  Ou você estaria perguntando o
porquê de eu achar ECQ um princípio suspeito?

>> Martin-Löf, no artigo de fundamentação filosófica da sua Teoria dos
>> Tipos[7], assume que as regras de introdução dão o significado das
>> constantes lógicas e, a partir daí, justifica as regras de
>> eliminação.
>
> E o que dizer do conectivo nulário de absurdo, que não possui regra
> de introdução?

Bem, segundo Martin-Löf, há uma regra de introdução para o absurdo
(⊥): sob nenhuma circunstância podemos introduzir o absurdo (⊥).  Isto
é uma regra de introdução no sentido em que diz algo sobre as
circunstâncias em que teríamos uma prova do absurdo (similar à
cláusula BHK para o absurdo).

Daí, ele justifica ECQ como regra de eliminação usando, inclusive, um
exemplo não muito convincente envolvendo um chapéu. :-o

Referências:

[1] Per Martin-Löf. On the Meanings of the Logical Constants and the
Justifications of the Logical Laws. Nordic Journal of Philosophical
Logic 1 (1), 11-60, 1996.
(disponível em https://github.com/michaelt/martin-lof)

-- 
Hermógenes Oliveira

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