Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu:

> Assim que tivermos um critério de logicidade em mãos, portanto,
> poderemos discutir melhor. :-)

Eu diria que o problema não é a ausência de critérios de logicidade, mas
a abundância deles.

> Uma maneira de resumir o meu comentário seria: antes de dizer que algo
> não é "razoável", convém deixar claras as nossas expectativas e as
> regras do jogo.

Perdão, eu pensei que estivesse claro.

Se é que eu entendi bem o "conectivo" que você apresentou, minha
hesitação inicial diz respeito exatamente ao fato dele ser apenas
*parcialmente* determinado, isto é, sua semântica (valor semântico)
estaria fixada apenas com relação a uma parte das sentenças da
linguagem.  Isso parece ir de encontro a algumas propriedades que são
comumente atribuídas à logica e que, portando, deveríamos exigir de
conectivos lógicos: neutralidade e universalidade.

Esta posição, obviamente, não é sacrossanta.  Por isso mesmo, eu não
*afirmei* que o conectivo não era razoável, mas *questionei* até que
ponto ele seria razoável.  Também compartilhei a minha (pessoal)
*hesitação* em aceitar o conectivo como conectivo lógico.  Minha
esperança era que isso fosse interpretado como um *convite* a uma defesa
da logicidade do conectivo.  Por fim, concedi que o núcleo da questão
pudesse ser ideológica (ou, terminológica): alguns são mais liberais com
uso do termo "lógica", ou "negação", outros são mais conservadores.  Não
vejo nenhum problema nisso.

> (Tenho a impressão de que falhar repetidamente nesta tarefa converte
> muito do que se faz em Teoria das Demonstrações em pregação com
> caráter puramente ideológico.)

Não entendi muito bem o que você quis dizer com isso, ou sua relevância
para o tópico em questão, mas fico com a impressão de que talvez eu
tenha, inadvertidamente, tocado em alguma ferida...

Não sei muito bem o que você entende por "muito do que se faz em Teoria
das Demonstrações", mas, no que diz respeito a "deixar claras as
expectativas e regras do jogo" com relação a critérios de logicidade e
constantes lógicas, eu diria justamente o contrário[1][2].  Obviamente,
ninguém é obrigado a concordar, mas não há pobreza de argumentos.

Além disso, só para deixar registrado, eu, pessoalmente, não vejo nenhum
problema com "pregações com caráter puramente ideológico".

> [...]
>
> Moral: um conectivo não é uma proposição atômica --- nem quando ambos
> se parecem.

Você poderia elaborar mais?  Em particular, no caso de IL⁺ e hJ, dado
que você admite[3] que este é extensão conservativa daquele, qual seria
a diferença entre ⊥ e uma sentença atômica qualquer? O fato de que um
deles eu escrevo assim "⊥" e o outro eu escrevo assim "p", ou assim "q"?
(AKA don't you see? the signature is different!)


Referências:

[1]  https://plato.stanford.edu/entries/logical-constants/#InfCha

[2]  Michael Dummett.  The Logical Basis of Metaphysics. 1991.
(capítulo 9, em especial a subseção "Conservative Extensions")

[3]  João Marcos.  What is a Non-truth-functional Logic? Studia Logica
92:215-240, 2009. (página 230)

-- 
Hermógenes Oliveira

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George Bernard Shaw

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