Viva, Hermógenes:

Obrigado pela resposta.

>>> Eu, pessoalmente, acho ECQ um princípio *muito* suspeito.  O
>>> difícil é que, sem ECQ, um construtivista ficaria basicamente sem
>>> negação (ao estilo do cálculo mínimo de Johansson), ou a negação
>>> cessaria de ser um operador *lógico*.
>>
>> Por quê, Hermógenes?
>
> Bem, o problema é o que colocar no lugar de ECQ que, ao mesmo tempo,
> (1) seja razoável se chamar de "negação" (ou, melhor, "absurdo", no
> caso da negação definida pelo absurdo), e (2) seja construtivamente
> justificável.
>
> Se permanecemos com a negação definida como ¬A≡A→⊥ *e não colocamos
> nada no lugar de ECQ*, então as nossas inferências dedutivas corretas
> são exatamente aquelas do fragmento mínimo sem negação e, do ponto de
> vista inferencial, não é possível distinguir o absurdo (⊥) de outra
> sentença qualquer: nós basicamente não teríamos a negação no âmbito
> das inferências lógicas.

Por um lado, vale notar que há sim uma maneira neste caso de
distinguir a negação, vista como um conectivo com interpretação
parcialmente não-determinística aplicada a uma outra sentença qualquer
(note-se que a negação de uma sentença falsa é perfeitamente
determinística, usando a definição acima; o "problema" está apenas na
negação de sentenças verdadeiras), de uma sentença atômica arbitrária:
note com efeito que a regra de substituição uniforme não se aplica ao
símbolo de absurdo, como um *conectivo* nulário, tal como se aplica a
sentenças atômicas.

Por outro lado, não vejo porque deveríamos pensar sempre na negação
como conectivo *derivado*.  Aliás, isto parece até uma ideia bem
ruinzinha, do ponto de vista de lógicas não-clássicas em que a
interdefinibilidade entre conectivos clássicos usualmente se perde
pelo caminho.

> Obviamente, poderiamos ainda introduzir uma
> noção de incompatibilidade entre sentenças e, mantendo apenas as
> regras de inferência do fragmento mínimo, tratar a negação no âmbito
> extra-lógico: a negação deixa de ser um operador lógico (se entendemos
> por lógica apenas aquilo que está sendo capturado pelas nossas regras
> de inferência).
>
> Espero que agora esteja mais claro.  Ou você estaria perguntando o
> porquê de eu achar ECQ um princípio suspeito?

Não.  Concordamos que ECQ é muito suspeito. :-)  Aliás, o papel do
símbolo ⊥ em Dedução Natural é frequentemente artificial e "suspeito".

>>> Martin-Löf, no artigo de fundamentação filosófica da sua Teoria dos
>>> Tipos[7], assume que as regras de introdução dão o significado das
>>> constantes lógicas e, a partir daí, justifica as regras de
>>> eliminação.
>>
>> E o que dizer do conectivo nulário de absurdo, que não possui regra
>> de introdução?
>
> Bem, segundo Martin-Löf, há uma regra de introdução para o absurdo
> (⊥): sob nenhuma circunstância podemos introduzir o absurdo (⊥).  Isto
> é uma regra de introdução no sentido em que diz algo sobre as
> circunstâncias em que teríamos uma prova do absurdo (similar à
> cláusula BHK para o absurdo).
>
> Daí, ele justifica ECQ como regra de eliminação usando, inclusive, um
> exemplo não muito convincente envolvendo um chapéu. :-o

Hummm...  Dualmente, qual seria a regra de eliminação do top?  A regra
de que "sob nenhuma circunstância podemos eliminar o top"?  Parece-me
um simples forçação de barra.

Abraços,
Joao Marcos

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