Ainda não li o artigo. Eu penso que se de fato existir uma propriedade individualmente necessária e *não-trivial* compartilhada pelo gamão, StarCraft, bilboquê e pôker, isso não irá ferir muito a tese de semelhança de família. No mínimo, foi difícil encontrar um set de propriedades individidualmente necessárias e conjuntamente suficientes para JOGO e isso não foi óbvio. Seu papel cognitivo pode não ser muito influente.
Um dos desdobramentos da tese de semelhança de família, em contraponto à visão definicionista ou clássica de conceitos, é que existem exemplos melhores ou piores para determinada categoria. Esses são os chamados *prototype effects*, que deram origem através de Eleanor Rosch a uma das teorias de conceitos em voga nas ciências cognitivas contemporâneas. Um sabiá para o ornitólogo *folk* é um excelente exemplo do conceito AVE, um *Archaeopteryx* vai ficar na berlinda. Existem várias representações geométricas propostas para protótipos. [ ]'s 2017-08-03 17:00 GMT-03:00 Márcio Palmares <marciopalma...@gmail.com>: > Uma curiosidade: em seu livro "A Escalada do Homem" Jacob Bronowski diz > que von Neumann não considerava o xadrez como um jogo. De acordo com > Bronowski, von Neumann afirmava que o xadrez seria uma espécie de "técnica > de computação": para cada posição no tabuleiro, existe uma única solução > que é a melhor possível, encontrá-la é um problema meramente computacional. > Sendo assim, não é um jogo. Um jogo seria algo como o poker, por exemplo, > onde há blefe, acaso, dúvida, etc. > > (Desisti de tentar jogar xadrez bem depois de saber disso, haha...) > > []'s > > M. > > Em 3 de agosto de 2017 16:26, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu: > >> Oi, Marcos: >> >> Obrigado pela mensagem. Talvez eu não tenha lido com suficiente >> atenção os artigos de Bernard Suits e de Jim Stone, mas me pareceu que >> eles terão defendido, entre outras coisas, que: >> >> (0) A análise wittgensteiniana da natureza dos jogos serviu antes de >> mais nada para defender a tese de que definições deveriam ser dadas >> através de "semelhanças de família". >> >> (1) Não é completamente óbvio que a tese wittgensteiniana apontada em >> (0) tenha sido inteiramente bem-sucedida sequer em caracterizar >> adequadamente o conceito de *jogo* (nem do ponto de vista filosófico, >> nem muito menos ---acrescento eu--- do ponto de vista matemático). >> >> (2) A aplicação da doutrina das "semelhanças de família" a outros >> conceitos ---e em particular ao conceito de *número*--- resultou >> bastante menos persuasiva do que no caso do conceito de jogo, já >> criticado em (1). (O Jim Stone admite em particular que a doutrina >> wittgensteiniana faz parte hoje "do arsenal da filosofia analítica" >> mas também defende que ela "teve uma influência particularmente nociva >> em disciplinas intimamente relacionadas com a filosofia, por exemplo, >> a teologia filosófica": https://philpapers.org/archive/STOATO-5.pdf) >> >> (3) A possibilidade de propor definições úteis e informativas (ou ao >> menos condições suficientes e necessárias para a caracterização) do >> conceito de jogo: no caso de Stone, por exemplo, estas incluem o fato >> de que jogos estão "destinados à recreação ou ao exercício de >> capacidades físicas ou mentais dos participantes", e no caso de Suits >> a proposta tentativa de que um jogo consiste em participar de >> atividades "nas quais se escolhe intencionalmente (ou racionalmente) >> meios ineficientes", produzindo "um esforço voluntário para superar >> obstáculos desnecessários" --- acrescento como exemplo o jogo de >> voleibol, no qual os participantes se esforçam muito ensejar algo que >> ocorrerá inexoravelmente, de maneira independente de seus esforços, >> que é fazer a bola cair ao chão. >> (Um outro texto provocador do Suits: >> Será a vida um jogo que estamos jogando? >> http://criticanarede.com/avidaeumjogo.html) >> >> Ah, e por falar no Bernard Suits, será que algum dos colegas aqui leu >> "A Cigarra Filosófica"? >> >> Abraços, >> Joao Marcos >> >> >> 2017-08-03 20:15 GMT+02:00 Marcos Silva <marcossilv...@gmail.com>: >> > >> > Olá, JM, >> > >> > obrigado pelo link provocador. >> > >> > eu tenho grande dificuldade para pensar em qualquer base textual que >> poderia justificar ou mesmo sugerir o "ao contrário do que pensava >> Wittgenstein" no último parágrafo do texto. >> > >> >> "Se as definições de Suits e Stone são bem-sucedidas ou não, cabe ao >> leitor decidir. No entanto, ambos os artigos dão ótimos indícios de que, ao >> contrário do que pensava Wittgenstein e os seus seguidores, refletir sobre >> a natureza dos jogos pode ser profícuo, inclusive para áreas não imediata >> ou obviamente ligadas aos jogos, como é o caso das atividades artísticas e >> das atividades realizadas por membros das instituições jurídicas (por >> exemplo, até que ponto poderíamos descrever a atividade de um artista ou a >> de um advogado como o jogar de um jogo? Saber por que sim ou por que não >> pode iluminar aspectos dessas atividades a que não tínhamos anteriormente >> dado muita atenção)." >> > >> > >> > Por que "Wittgenstein e seus seguidores" não acreditariam que é >> profícuo refletir sobre a natureza de jogos inclusive com as consequencias >> interdisciplinares aludidas? >> > >> > É fácil encontrar bons trabalhos sobre a filosofia de Wittgenstein que >> mostram que a reflexão sobre a natureza de jogos e as consequencias >> relevantes disto para linguagem, logica, matemática, psicologia, estética >> etc. já aparecem no começo da década de 30 em sua carreira filosófica e >> vão até a sua morte em 1951. >> > >> > Os resenhistas parecem ignorar duas décadas de reflexão intensa do >> filósofo sobre a natureza fascinante (e elusiva) de jogos e sua relação com >> práticas humanas diversas. >> > >> > >> > >> > Livre de vírus. www.avast.com. >> > >> > 2017-08-02 10:55 GMT-03:00 Joao Marcos <botoc...@gmail.com>: >> >> >> >> Rescensões (com links) de artigos de Bernard Suits e Jim Stone sobre o >> assunto: >> >> http://criticanarede.com/ascensao.html >> >> -- por Lucas Miotto e Vitor Guerreiro >> >> >> >> >> >> JM >> >> -- >> http://sequiturquodlibet.googlepages.com/ >> >> -- >> Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" >> dos Grupos do Google. >> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, >> envie um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. >> Para postar neste grupo, envie um e-mail para logica-l@dimap.ufrn.br. >> Visite este grupo em https://groups.google.com/a/di >> map.ufrn.br/group/logica-l/. >> Para ver esta discussão na web, acesse https://groups.google.com/a/di >> map.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAO6j_LgnmpSNsZ1HsghPP9e-YE3un >> Q9gyDatyv2w27neUnZ1Tg%40mail.gmail.com. >> > > -- > Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos > Grupos do Google. > Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie > um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. > Para postar nesse grupo, envie um e-mail para logica-l@dimap.ufrn.br. > Acesse esse grupo em https://groups.google.com/a/ > dimap.ufrn.br/group/logica-l/. > Para ver essa discussão na Web, acesse https://groups.google.com/a/ > dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAA_hCxVWMw%2B1Rs7Uj% > 3DLf2U0Bz6%3Dbk-PW_BFNcb%3DPROJtGGK7Bg%40mail.gmail.com > <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAA_hCxVWMw%2B1Rs7Uj%3DLf2U0Bz6%3Dbk-PW_BFNcb%3DPROJtGGK7Bg%40mail.gmail.com?utm_medium=email&utm_source=footer> > . > -- Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos Grupos do Google. Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. Para postar neste grupo, envie um e-mail para logica-l@dimap.ufrn.br. Visite este grupo em https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/group/logica-l/. Para ver esta discussão na web, acesse https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CAD7xiBP05KXv2mHwn2cgCnSqjdm4HwLMOD2wMy9utX9cwK-x5A%40mail.gmail.com.