(Um colega me pediu para esclarecer ---offlist--- o ponto 1 abaixo.
Copio aqui a resposta que enviei a ele; talvez os demais colegas da
lista tenham suas próprias intuições / opiniões a este respeito?)

> 1 - A "crença" no infinito atual não é necessária ao citado resultado
> de Cantor; os conjuntos em questão são recursivos e a bijeção pode ser
> definida recursivamente.
[...]
> > Pergunta:
> > no seu argumento contra o Olavo além de indicar a bijecao f(x)=2x,
> > que para mim é o suficiente, você mencionou o fato dessas funções
> > serem recursivas. Por quê?

Obrigado pela pergunta.  A primeira (e principal?) crítica feita por
Olavo era de que o argumento cantoriano só funcionava se baseado no
infinito "atual", completado, e ruiria caso considerássemos como
_real_ apenas o infinito "potencial".  As funções recursivas, a meu
ver, não necessitam do infinito atual, dado que são baseadas em
relações bem-fundadas: a cada passo é possível entender o que se passa
reduzindo este passo a uma sequência limitada e bem definida de passos
anteriores.  Assim, a função bijetora em questão, sendo recursiva,
pode ser definida _até onde for necessário_, isto é, apenas *de forma
potencial*.

Cantor subescrevia a filosofia platonista, mas não penso que isto seja
fundamental na defesa de seu trabalho e de sua teoria.  De fato, os
construtivistas parecem estar do meu lado, neste ponto:
https://en.wikipedia.org/wiki/Actual_infinity#Opposition_from_the_Intuitionist_school

Foi isso que eu pretendi sugerir com a minha observação.

Joao Marcos


> 2 - A bijeção pode ser estabelecida tanto entre os signos (numerais)
> quanto entre suas denotações (números).  São duas demonstrações
> distintas, claro, e qualquer uma das duas leva ao mesmo "assombro".
>
> 3 - A definição da bijeção não precisa depender de uma ordem imposta
> sobre os conjuntos subjacentes.
>
> 4 - Os pares podem ser facilmente definidos usando os naturais (ou
> mais propriamente os inteiros), tanto recursivamente quanto em forma
> fechada; reciprocamente, os naturais também podem ser "definidos", se
> alguém preferir como "as metades dos pares"; a escolha de quem é o
> domínio e de quem é o contra-domínio da bijeção é uma mera questão de
> conveniência, que não faz nenhuma diferença do ponto de vista do
> resultado e da teoria cantoriana.
>
> 5 - O "problema da parte e do todo" pode ser evitado reformulando a
> demonstração como uma bijeção que é apresentada, digamos, entre os
> números naturais e os números racionais da forma n/2, com n natural;
> nenhum dos dois conjuntos é uma "parte" do outro.  Ao terminar a
> demonstração, se quiser, você pode trocar todas as ocorrências de n/2
> por ocorrências de 2n.  Voilà.
>
> Para o benefício do alegado filósofo, não estou aqui apresentando
> "demonstrações" (nem muito menos "refutações"), mas apenas sugestões
> de estudo para que ele possa eliminar suas confusões, que são de fato
> bastante simples.  Se o Olavo não entender esta matemática "profunda",
> contudo, sempre pode pedir a seu irmão matemático para lhe ajudar a
> entender.

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