Pessoal Desculpe estou acompanhando esse papo a um certo tempo e pensei
que minha resposta durante o evento e dialogo com as pessoas poderia ser
útil antes de qualquer e-mail meu sobre o assunto, mas visto que a hora
é de resposta e de opiniões. Então la vai a minha. 

De fato ver de forma pragmática as empresas, é no minimo uma visão 
simplista do que é uma empresa, pior ainda se isso for aplicada a uma 
instituição sem fins lucrativos, mas a cultura de mentir e/ou corromper 
para conseguir as coisas, isso TODOS já aprendem desde o berço, pois é 
uma prática de nossos pais oferecer um recompensa para acalmar os 
filhos, é algo mais ou menos assim: pare de chorar que eu te dou um 
chocolate, e a lei da vantagem vai sendo incutida na cabeça de nossas 
crianças. Na psicologia existe um termo que fala por si só quando 
aplicado a este caso: BASE CONDICIONADA DO COMPORTAMENTO. O ser humano 
tende a se comportar da mesma forma, de forma inconsciente em situações 
aparentemente diferentes. Ou seja, a educação vem do berço, ou mais 
simples ainda: filho de peixe, peixinho é.

Não só a MS, tantas outras empresas contratam institutos de pesquisas 
para embasas suas estratégias comerciais. Eu tenho posse de dois estudo 
que foram realizados os institutos diferentes, institutos estes de 
renome internacional, onde um fala que o Total Coust of Owneship (Custo 
Total de Propriedade) do Windows é menor, e outro que diz que o TCO do 
Linux é menor, em quem acreditar? Quem pagou a pesquisa desse último 
instituto?

É certo que a MS tem um poder de barganha e marketing infinitamente 
maior que as empresas que vivem de SL. E com ela temos muito o que 
aprender, enquanto o mundo do SL for visto pelas empresas, pelo mercado 
como um "bando de doidos", hackers, nerds, radicais, "xiitas" e tantas 
outras denominações, não vamos conseguir passar a sensação de segurança 
necessária para fazer com que o empresário/contratante deixe o mundo 
proprietário e passe para o mundo livre.

A questão da marginalização das pessoas em função de sua aparência é 
muito grande em qualquer país, quando duas pessoas bate m em sua porta 
para te oferecer algo, a quem dar mais crédito? Aquele que se apresenta 
em trajes "perfeitos" ou naquele que vai de sandalia, bermuda, cuecão 
aparecendo, correntes por todos os lados, tatuagens?

Cara eu tenho tatuagem e por mais discreta que ela seja, já sofri 
preconceito quanto a isso, por que você ache que os missionários só 
andam por ai de camisa, impecavelmente branca, calças sociais, sapatos 
brilhando, corte de cabelo perfeito? Já viu os evangélicos? Sabe por 
que? Porque a imagem transmite segurança, necessária para atrair e 
manter por perto. É neste sentido que falo que temos que aprender com
os 
outros, incluo ai também a MS.

Quando decidimos que lançaríamos o Plano de Captação no mercado, 
conversamos sobre os tipos de empresas que teríamos como
patrocinadores, 
e decidimos não ter restrições, desde que não fosse financiamento 
ilegal, não iriamos restringir quem quer que fosse, pois se o software
é 
livre e a mente proprietária, então por quer tornar o evento restrito a 
apenas ao nosso interesse? Não seria incoerência pregar a liberdade e 
restringir o acesso de quem quer que seja?

Quando conversei com o pessoal da MS, uma das primeiras coisas que foi 
colocado era se nós iriamos colocar o nome deles no ar. Ao procurar sabe
o porque da pergunta, nos foi dito que muitos tem recebido e não tem 
assumido. E pra citar um caso pior, o FISL já recebeu sim dinheiro da 
MS. Há recebeu indiretamente? Ué, quer dizer então que os defensores 
mais extremistas do SL aceita receber dinheiro indiretamente, mas não 
diretamente e dar a cara a tapa na comunidade? Fazendo um paralelo, 
seria algo como: Você não aceita dinheiro de um senador, mas aceita que 
uma construtora pague seu evento, passagens e hospedagem? Isso não seria
mais incoerente, para não dizer hipócrita mesmo?

Em nossas discursões internas, sabiamos que a MS iria utilizar a vinda 
dela aqui no evento para fazer marketing pós-evento, e nós também, 
claro, e veja só o sub-título da manchete do jornal mais lido do nosso 
estado: Encontro de software livre reuniu palestrantes do Brasil e do 
exterior. VEIO ATÉ REPRESENTANTE DA MICROSOFT. Adolescente de 12 anos 
surpreendeu na sua palestra.

A imprensa local foi trabalhada, os releases foram enviados, nem mesmo a
entrevista concedida pela MS, e acompanhada por nós de perto claro, pois
não iriamos deixá-los tão a vontade.

A leitura que as pessoas têem feito dessa participação é que a MS não é 
demagoga, diz que apoia, nas não está aberta a discursão, falar de 
OpenXML e não discuti-lo? Ora se é um padrão "perfeito", o melhor, então
qual o medo em debatê-lo? Tem algo e errado. E foi essa a mensagem que 
ela reforçou.

Você sabe quem você é? Sabes o que queres? Eu sei quem sou. Sei o que 
quero. Não será a falta de dialogo, nem a presença de quem quer que seja
em um mesmo ambiente que ira me influenciar, pois EU uso rosa.

Saudações a todos e sucesso nesse desafio que vocês tem nas mão agora, 
até breve.


Em Ter, 2007-10-02 às 19:56 -0300, Antonio Terceiro escreveu:
> Ivan Rocha escreveu isso aí:
> > Eu acho que empresas são empresas. Se for mais lucrativo ela trabalhar com
> > tal coisa, ela vai trabalhar com tal coisa.
> > Se o mercado muda, ela vai procurar aquilo que esteja com notável
> > crescimento para permanecer lucrando.
> > Já pensou se um dia ela abre o código do Windows? (Eu sei que é praticamente
> > impossível ... mas imagine como seria a situação).
> > Para quem é da comunidade e apenas a favor do SL continuará na mesma.
> > Mas para quem tem uma certa richa com a empresa, isto representaria um
> > grande baque.
> > 
> > Quanto ao novo interesse da Microsoft em patrocinar eventos de SL, não vejo
> > problema. Empresas mudam de rumo sempre que encontram algo que possa ser
> > interessante para sua sobrevivência no mercado. Quanto a aceitarem o
> > patrocínio, é bom lembrar que estamos no Brasil. Como diz um antigo ditado,
> > sempre podemos tirar o bom das piores situações, é só espremer um pouco.
> 
> Eu acho que é perigoso enxergar empresas de uma forma tão pragmática. De
> fato, empresas têm um único objetivo: obter lucro.  Acontece que na
> perseguição desse objetivo empresas como a Microsoft usam como
> ferramenta mentira e corrupção. E essas ferramentas são prejudiciais à
> *sociedade*.
> 
> A Microsoft financia institutos de pesquisa de mentira para produzir
> relatórios a favor de seus produtos. A Microsoft paga a eventos de
> software livre pra dar seu recado de forma unilateral se negando a
> debater abertamente ("é política da empresa"). A Microsoft financia
> testas de ferro para promover pseudo-debates filtrados em eventos que
> nunca aceitariam o dinheiro dela, mas que historicamente sempre
> convidaram representantes seus para fazer debates abertos.
> 
> Sim, o objetivo de toda empresa é o lucro. Mas algumas farão coisas que
> não são aceitáveis pra alcançar esse objetivo, e nós enquanto sociedade
> não podemos achar isso normal. Aceitar dinheiro da Microsoft para
> eventos de software livre é desconsiderar o quanto a Microsoft investe para
> desqualificar o software livre com *mentiras* em troca de uma vantagem
> financeira imediata; aceitar dinheiro da Microsoft é participar da
> estratégia anti-software livre da empresa.
> 
> 
> Eu não quero julgar a organização do ENSL pelos meus valores, mas pra
> mim, coerência vale muito mais do que dinheiro. 
> 
> > Uma coisa interessante a se fazer é convocar os membros da empresa para uma
> > mes-redonda, uma conversa, perguntar quais suas pretensões, e colocá-los
> > contra a parede: "E aí? Qual o seu propósito, o que que vc faz aqui?"
> 
> A Microsoft não participa de debate. Não de debate de verdade.
> 
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