2008/11/26 Alexandre Oliva <[EMAIL PROTECTED]>: > On Nov 24, 2008, "Ricardo Bánffy" <[EMAIL PROTECTED]> wrote: > >> Eu sei que isso não me faz muito popular, mas eu acho importante >> defendermos a validade do EULA da Microsoft. Se alguém quer usar >> Windows, precisa pagar por isso > > Que que isso tem que ver com defender a validade da EULA? Ela fala > alguma coisa sobre pagamento?
Não diretamente na EULA, mas o licenciamento, ou seja, poder participar da EULA como a ponta contratante, sim. >> ele custou dinheiro para ser feito e >> a empresa merece uma recompensa pelo seu trabalho > > Tipo, se eu for cortar a grama do seu jardim, tendo você pedido ou > não, eu posso cobrar de você uma recompensa pelo meu trabalho? Ou por > acaso cortar grama não se qualifica como trabalho? Ou tá faltando > algum outro elemento essencial no seu raciocínio aí? A diferença aqui é que eles não fizeram um OS, te deram, e depois foram cobrar, ou eles te deram? >> assim como qualquer >> desenvolvedor entre nós merece uma contrapartida pelo seu trabalho. > > Qualquer um de nós, que desenvolve Software Livre esperando pagamento > pelo desenvolvimento, combina antes quanto vai ser pago por um > trabalho que vai fazer, não? Desenvolver antes e depois querer > empurrar pra cima dos outros e ainda querer que eles paguem, aí não, > né? ? Desculpe, mas a MS não empurrou nada no meu note. >> Se o EULA for invalidado assim, que garantias temos de que GPLs e >> BSDs continuem sendo defensáveis? > > Muito simples. EULA é um contrato, estabelece restrições que lei > nenhuma estabelece. Ao aceitá-lo, você abre mão de direitos que tem. Quais direitos estabelecidos onde? Veja que HÁ SIM LEIS sobre isso. Direito Intelectual, autoral, blábláblál, lembra não? Eles estão exercendo o direito de proprietários intelectuais (não confunda com donos inteligentes) sobre o software que criaram. Você não abre mão de direitos que não tinha, você concorca com os termos deles para usar uma coisa deles. > Licenças de Software Livre são licenças puras, são contratos > benéficos, concessões unilaterais independentes de assentimento ou > aceitação. Acabo de lembrar quando lá em cima vc falou que a MS empurra o deles... e vc acaba de chamar de puro, uma concessão independente da aceitação? > Você, aceitando ou não, continua podendo fazer as coisas > que podia antes. Aceitando, você passa a poder fazer, com segurança, > algumas mais. É tudo. Aceitando ou não? Ou aceita-se e submete-se, ou não há acordo! A "puríssima" GPL é clara: se vc não aceitar o que a GPL impõem como conceito de liberdade, você não tem direito a redistribuir o software na forma binária (como se o source não fosse um arquivo binário, mas a gente sabe muito bem que "não era bem isso que ele queria dizer"...) > Se a EULA é invalidada, você não perde a licença que comprou (afinal, > foi por isso que você pagou, não foi?), só as restrições que ela > impunha. A EULA é a licença em si. Se a EULA é anulada, a licença tb. Não muda o fato de vc ter pago, nem o fato de que ter o dinheiro de volta será quase impossível, mas ainda assim, a EULA é o Acordo de Licença, se não há acordo, há licença? > Se a licença de Software Livre é invalidada, você perdeu as permissões > adicionais que ganhou, mediante a licença. Nenhuma das restrições a > que você estava sujeito, por lei, deixa de valer por causa disso. Idem para o anterior? > Lembra quando todo mundo morreu de rir da SCO quando ela saiu alegando > no tribunal que a GPL é inválida? Sabe por quê? Porque é igual dizer > "eu rejeito o único instrumento que poderia justificar a suposta > licitude do meu ato!" Se a licença é inválida, a lei diz que não > pode "nada". Se é válida, diz que pode "algumas coisas". > > Já a EULA diz: "não pode isso, nem isso, nem isso". Se você não > concordar com ela, nenhuma dessas restrições tem qualquer efeito sobre > você. Ok, vamos mandar essa sua linha de raciocínio para o Beira-Mar, assim ele monta uma tese magnífica e extremamente bem argumentada sobre como ele discorda do Código Penal, e como isso não deveria ter nenhum efeito sobre ele. > Por isso são situações completamente diferentes. Não se confunda pela > presença do termo 'licença' nos dois, estamos falando de instrumentos > jurídicos completamente diferentes. :-( Tá foda... vou parar de ler por aqui, foi mal Oliva, mas essa visão de que a GPL é boazinha, benéfica, "pura" blá blá blá, não cola. Não vou derrubar a GPL, mas querer derrubar a EULA por esse lado é o que realmente não vai dar certo... A GPL e a EULA são licenças, uma tenta manter sua liberdade de acessar o código e alterar como vc quiser, a outra diz que para usar vc tem que concordar com os termos ali dispostos... peraí, a GPL também diz isso! Se eu não concordar com os termos da GPL, seguindo a idéia do Beira-Mar ali em cima, então quer dizer que eu posso pegar o Software Livre e converter para proprietário, porque eu não concordo com ela, e blá blá blá... É, há certas linhas de raciocínio que parecem fazer sentido, quando é no u dos outros... >> Será que não é um sinal verde para que um >> juiz decida que não haveria mal algum em se distribuir uma versão >> modificada de algo GPLizado sem código-fonte já que ninguém ganha >> dinheiro diretamente com ele? > > Segundo a lei, isso é infração de direito autoral, tendo você recebido > uma licença GPL sobre o software ou não, independente de sua > aceitação. > >> A validade desses "contratos" é >> fundamental para que o modelo de software livre funcione. > > O direito autoral é importante para que o copyleft implementado > através de direito autoral funcione. Software Livre estaria muito bem > sem isso. Vide BSDs, domínio público, etc. > >> E sim, é uma questão de princípios pra mim que os termos das licenças >> com as quais você concorda quando clica no botão "eu concordo" sejam >> defensáveis. > > Então, viu? Software Livre não tem "eu concordo", e não pode ter. Se > tiver, se condicionar a permissão de execução a qualquer coisa, até > mesmo uma simples concordância, não é Livre. > >> E há o lado oportunista: quanto mais caro for usar Windows, melhor >> para nós que defendemos as alternativas livres > > Defender o instrumento de restrição injusto pra promover a liberdade é > começar traindo o objetivo final. Corrompe a base. Não vamos por aí, > não. > > -- > Alexandre Oliva http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/ > You must be the change you wish to see in the world. -- Gandhi > Be Free! -- http://FSFLA.org/ FSF Latin America board member > Free Software Evangelist Red Hat Brazil Compiler Engineer > > _______________________________________________ > PSL-Brasil mailing list > PSL-Brasil@listas.softwarelivre.org > http://listas.softwarelivre.org/mailman/listinfo/psl-brasil > Regras da lista: > http://twiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil > -- ================================= Pablo Santiago Sánchez Análise e Desenvolvimento de Sistemas Web Zend Certified Engineer #ZEND006757 [EMAIL PROTECTED] (61) 9975-0883 http://www.tiblog.com.br "Quidquid latine dictum sit, altum viditur" ================================= _______________________________________________ PSL-Brasil mailing list PSL-Brasil@listas.softwarelivre.org http://listas.softwarelivre.org/mailman/listinfo/psl-brasil Regras da lista: http://twiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil