Olá Glauber

Apenas usei seu email como base para minha resposta, não entrando na
discussão se foi você ou não quem a iniciou. Uma falha minha, com
certeza.
Concordo com você em muitos aspectos. Mas, também não posso deixar de
admitir que, mesmo em primeira pessoa, a segunda argumentação foi bem
mais explicativa que a primeira ;)

De qualquer forma, ainda gostaria de ver a lista discutindo apenas pontos
positivos e negativos sem entrar em questões emocionais ou sem nexo causal
com o assunto (discutir se formados ou não formandos tem competencia) (O
que a GPL tem a ver com a regulamentação) e demais.

A SBC apóia a regulamentação, o que não é surpresa, uma vez que, para
que você consiga cursar um mestrado por exemplo, você primeiro precisa
fazer uma prova chamada POSCOMP, que indica o quanto vc "supostamente" sabe
sobre o todo. Nem sempre a mesma é feita utilizando a realidade dos
cursos. 

Então, podemos usar como argumento contra a regulamentação a riqueza de
cursos, a diversidade do profissional formado e a extensa mão-de-obra
multidisciplinar que atua na área de tecnologia.
Como regulamentar o profissional num país onde existem mais de 10 cursos
diferentes com habilitações diferentes para a mesma área de atuação?
Como regulamentar uma profissão onde é comprovado que a formação
acadêmica não é a principal métrica de qualidade do profissional? (aqui
sim poderiamos utilizar a comunidade livre como exemplo, ainda mais que
temos peixes grandes utilizando (gov) o trabalho (código) de muitos não
formados).

Se começarmos a explicitar, com certeza se encontram muitos mais pontos
além destes. E são estes pontos que podemos sim utilizar para barrar esta
regulamentação (ou não).

[],s
Patrícia


On Mon, 10 Mar 2008 09:53:15 -0300, "Glauber Machado Rodrigues (Ananda)"
<[EMAIL PROTECTED]> wrote:
> 2008/3/10  <[EMAIL PROTECTED]>:
>>  Estou acompanhando esta discussão, e frequentemente vejo comentários
> que
>>  considero em parte pejorativos sobre as pessoas que estudaram
> computação
>>  (nem vou entrar no mérito de discutir curso a curso como alguns
> colegas da
>>  lista o estão fazendo) como se apenas os que são auto-didatas
> possuissem
>>  capacidade.
> 
> Mas é esse o caso. Você pode ter o diploma, como eu tenho, mas se você
> tem um emprego na área isso se deve muito mais a sua própia capacidade
> de decidir o que você vai estudar e aprender sozinho do que ao fato de
> ter cursado.
> 
>>
>>  Gente, não vamos generalizar. O que começou com uma discussão sobre
> a
>>  regulamentação está se tornando uma caça as bruxas aos
> profissionais
>>  que fizeram uma graduação, suada ou não, uma pós...
>>  Desde quando é correto afirmar que todo mundo que sai da faculdade
> não
>>  sabe nada?
> 
> Eu perdi essa parte. Pelo menos na minha argumentação a intenção foi
> mostrar
> que a pessoa que sai da universidade pronta para o mercado com certeza
> estudou
> e praticou além do que é exigido no curso, e que é uma petulância
> afirmar que
> ter feito o curso é determinante para a pessoa ser capaz de escrever
> sofware de
> qualidade.
> 
>>  Acho leviandade afirmar isso, uma vez que não conhecemos TODAS as
> pessoas
>>  que saem da universidade, bem como não conhecemos TODAS as faculdades,
>>  TODOS os professores e etc.
>>
>>  Atuo na área desde 1986. Eu tinha 15 anos. Posso dizer que comecei num
>>  mundo onde não existiam janelas... programei de tudo um pouco, me
> diverti
>>  até com o COBOL.
>>  Fiz duas graduações em computação, fiz pós-graduação em redes e
>>  sistemas distribuídos, sou mestra em computação e tecnologia. Tenho
>>  recomendação para doutorado.
>>  Atuo hoje como gerente de projetos, analista sênior. Tenho diversos
>>  clientes (freelancer) onde mantenho redes, laboratórios etc... dou
> aulas
>>  em graduação e pós-graduação.
>>  Mesmo assim, não acredito que eu saiba tudo. Notem, eu fui autodidata,
>>  comecei aprendendo sozinha, em muitas disciplinas dos cursos que me
>>  matriculei, em algumas eu acompanhava as aulas "pro-forma" pois já
> sabia
>>  de tudo (sim, a prática é uma excelente professora) mas sempre se
> pega um
>>  conceito ou outro que pode servir para depois.
> 
> E desde a falta desse conceito que se "pega um conceito ou outro que
> pode servir para depois"
> é impecílio para uma pessoa atuar na área?
> 
>>  Comecei numa época onde existima pouquíssimos cursos de computação,
> com
>>  pouquíssimas mulheres (aliás a realidade não mudou muito desde
> então),
>>  com pouco R$ (micros hoje são muitooo mais acessíveis do que nos anos
>>  80/90).
> 
> E mesmo hoje exitem poucos cursos de qualidade, que valham mais que um
> diploma. Por isso é prematuro basear o mérito de poder ou não fazer um
> programa de computador baseado nesses cursos.
> 
>>  E, podem ter certeza, que sei tanto ou mais que uma boa parte da lista,
> e
>>  deixo de saber tanto ou mais que outra parte desta lista.
> 
> Estudar não deixa ninguém mais burro. Estudar coisas erradas e
acreditar
> nelas pode fazer a pessoa cometer erros, até descobrir que estava no
> caminho errado. No máximo isso.
> 
>>
>>  Não são os cursos que vão nos tornar excelentes no que fazemos, bem
> como
>>  não é apenas a prática que vai nos deixar melhor que os outros.
> Sempre
>>  vai existir uma pessoa que saiba mais do que eu e uma que saiba menos,
>>  independente de onde ela tirou esse conhecimento.
>>
>>  Regulamentação da profissão? Não sou nem contra e nem a favor. Não
>>  acredito que com a regulamentação as pessoas que não tem estudo vão
>>  ficar de fora do mercado, e nem que as que já estão serão
> prejudicadas.
>>  Não confundir SL com a regulamentação, pq ela não é feita apenas
> para
>>  o pessoal do SL. Ela é feita para a população completa de pessoas
> que
>>  atuam na área.
>>
>>  Se é boa ou não? Só o tempo dirá. Agora, se eu não tive
>>  capacidade/vontade/dinheiro/tempo para ter estudo, não é justo que eu
>>  julgue os que conseguiram por isso. O contrário tb vale.
>>
>>  Liberdade é respeitar a individualidade dos indidívuos, e aceitar as
>>  pessoas como elas são. Pré-julgamentos nunca foram uma realidade das
>>  comunidades livres, mas me parece que agora resolvemos julgar quem
> serve e
>>  quem não serve para programação aqui na lista, ao invés de abrir
> uma
>>  discussão com tópicos mais formais que, até mesmo pudesse ser levada
>>  como argumento contra a regulamentação.
>>
>>  É mais proveitoso abrir espaço para elencar pontos onde de fato a
>>  regulamentação é boa ou não, do que discutir se quem se formou
> nisso ou
>>  aquilo tem capacidade, ou que quem não se formou em nada tenha mais
>>  capacidade ainda.
>>
>>  Em tempo, aos que não tem formação e possuem "empregaços"... aqui
> onde
>>  trabalho tb tem uma super chefe que não tem formação nenhuma, e
> está
>>  acima de quem tem anos de estrada. Mas ela soube a "cadeira certa para
>>  sentar". Então, nem sempre a afirmação de que "eu não tenho
> formação
>>  e olhem onde estou" é verídica em se tratando de capacidade e
>>  conhecimento. Cada caso é um caso.
>>
>>  Vamos apontar tópicos a favor e contra a regulamentação ao invés de
>>  discutir o "sexo dos anjos" ?
> 
> Muito bonito isso que você falou, concordo com tudo. Você mesma provou
> que se encaixa no perfil que eu descrevi, da auto-didata com formação
> acadêmica.
> 
> Você procurou a contínua graduação acadêmica por opção sua e não
> tem
> a petulância de duvidar que isso determina a capacidade de alguém em
> desenvolver sistemas.
> 
> Agora, não em defesa própria, mas pela clareza da minha argumentação,
> e para eliminar a chance de interpretação errônea, repare que na minha
> argumentação eu narrei a saga de um indivído, sempre no singular, que
> confiou na instituição de ensino para ajudá-lo a tornar-se um
> profissional.
> Dedicou-se com afinco a aprender tudo que o disseram ser importante,
> cumprindo à rica as espectativas do seu curso.
> 
> Ao se formar, ou antes
> disso, percebeu que isto não era suficiente para o tornar um
> profissional.
> Estudou sozinho sem ajuda da instituição, com seus proprios recursos,
> e foi acumulando conhecimento prático gradativamente. No ponto em que
> estava preparado para tornar-se útil à sociedade e vender seus
> serviços,
> percebeu que muitos faziam o que ele fazia, as vezes melhor do ele e
> sem ter passado pelo o que ele passou na academia.
> 
> Inicialmente achou injustiça, já que não tinham sofrido e se dedicado
> como
> ele. Achando inclusive que deveriam ser proibidos de fazer o que fazem.
> Como isso não foi possível, ele teve que se juntar a eles, ou a outros
> profissionais
> de outas áreas, e aprender as profissões deles, e então ajudá-los a
> tornar
> suas vidas mais simples. Através desse convivio multi-disciplinar ele
> descobriu a beleza de deixar as pessoas livres para competir com o
> próprio
> conhecimento, e não com base em troféis.
> 
> Percebeu o quão petulante havia sido, e o quanto o seu próprio esforço
> e cabacidade de escolher caminhos havia sido fundamental para o seu
> sucesso. E que era sim possível chegar ao nivel que chegou sem ter
> passado pela academia, e que havia feito julgamento precipitado de
> dos profissionais sem diploma, ou formados em outras áreas.
> 
> Acho que isto está longe de dizer que TODO MUNDO QUE É FORMADO NA
> ÁREA DA INFORMÁTICA NÃO SABE NADA.
> 
> Ao invés disso eu afirmei, e afirmo de novo que SER FORMADO NA ÀREA
NÃO
> É REQUISITO/CAUSA para um bom profissional. Isto não é ideia minha, o
> próprio
> mercado e o seu próprio depoimento podem ser usados para chegar a essa
> conclusão.
> 
> Sendo essa a realidade do mundo, acho descabida uma regulamentação que
> proíba
> as pessoas de usarem seu conhecimento de forma benígna, baseando-se em
> títulos
> que não titulam nada, e em provas que não provam nada.
> 
> Espero ter desfeito esta confusão. Posso garantir e voltar a explicar
> tudo que escrevi,
> sobre o que eu não escrevi posso dizer se concordo ou discordo, e
> porquê.
> 
>

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