Zandre Bran escreveu:
[...]
  Não penso que todo motirista deva ser mecanico. Quem não atua na
área de info, não quer saber qual é o sistema de arquivos do seu HD,
ou se seu sistema é C, Java ou Python, querem que lhe atenda.

Oi, Zandre.

Acho que vai uma longa distância entre digirir um automóvel e usar um computador. Não temos carros programáveis pelos usuários. Carros têm uma finalidade específica (além de regras e padrões que devem respeitar para serem autorizados a rodar por aí.)

Acho que para os adultos de hoje, saber se o sistema é feito em C, Java ou Python não interessa, basta que funcione. Mas será que devemos educar as crianças na base do ``basta que funcione para mim'' (``querem que lhe atenda'')? Penso ser isso extremamente perigoso.

Windows XP tem pelo menos 16 portas dos fundos, que espionam os usuários; Windows MediaPlayer envia pela internet informações sobre todos os arquivos de multimídia existentes no computador; Skype envia todos os dados do BIOS pela internet; WGA ``telefona pra casa'' diariamente; CDs da Sony instalam malware difícil de remover; máquinas de votar (``urnas eletrônicas'') inauditáveis -- e com defeitos -- são usadas para decisões importantes; software secreto e fora de nosso controle lida com nossas senhas bancárias e ``nos identificam''... e pessoas não querem saber, pois é mais cômodo dizer ``O que me importa? essas tecnologias facilitam a vida. O resto é coisa pra técnicos.''

Todos aqui concordam que as pessoas deveriam ter o direito e condições para aprender a programar a saber mais sobre TICs. Mas pergunto: será que esses conhecimentos são tão ``opcionais'' assim? Será que o mesmo critério que ``dispensa'' as pessoas de entender como um computador/programa funciona não nos faria concluir que conteúdos escolares como funções logarítmicas e quadráticas, análise sintática da língua, ou fundamentos de zoologia deveriam ser ``opcionais'' exceto para quem queira ser matemático, lingüista ou zoólogo, respectivamente?

Se for, então -- ironizando ;-) -- podemos nos contentar com a 5a. série do primeiro grau como pré-requisito para cursos profissionalizantes. O resto já seriam ``especialidades''... :-P


   Para formamos opnião, termos ensaios em nossa lingua, uma boa
coisa seria, lá na escolinha do meu sobrinho de 9 anos, Editor de
texto, Planilha, Navegador, Leitor de e-mail, Sistema operacional.

  Creio que é sobre isto que estamos falando? Livre na escola,
fundamental talvez? Sobre superiores a coisa muda.

Esse é um dos pontos.

Nas escolas o que mais me incomoda é a hipocrisia com que é tratada a questão do licenciamento. Professores freqüentemente assumem que os alunos devem instalar software ilegal em seus computadores, ``pois todo mundo usa assim''. É uma ética perversa, totalmente inadequada ao contexto educacional. Se fosse defesa de desobediência civil (p.ex. anti-copyright), com alguma justificativa explícita, ainda sim estaria errado, pois a sala de aula não é o lugar apropriado para realizar e propagar desobediência civil, embora seja um local bastante apropriado para *se discutir* o assunto.

Outro ponto é que considero incorreto induzir estudantes a instalar software proprietário em casa para realizar suas atividades escolares (mesmo que seja software gratuito). Acho isso extremamente desrespeitoso. Exigir trabalhos formatados em computador também acho incorreto, com a exclusão digital nos níveis atuais.

Talvez nosso debate possa se aprofundar explorando o conceito de ``cultura livre'', na direção apontada pela Ana Maria.

Até mais,
Hudson

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